Na bronca

Cruzeiro x Atlético: bastidores quentes unem rivais em 2019

Ano dos clubes mineiros é marcado por um cenário complicado fora dos gramados

Por Rodrigo Rodrigues
Publicado em 09 de novembro de 2019 | 08:00
 
 
 
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Dirigente não marca gol, não pega pênalti. Aliás, torna-se desnecessário se debruçar e discorrer sobre flagrante obviedade. No entanto, não há como desprezar que a eventual bola fora de quem atua nos bastidores tem impacto direto em tudo o que ocorre dentro de campo. Se pairar alguma dúvida quanto a isso, basta conectar a situação complicada vivida por Cruzeiro e Atlético nesta temporada, com as ações e os atos perpetrados por ambas as gestões ao longo de 2019. 

Envoltos por esse cenário, Raposa e Galo se enfrentarão amanhã, às 16h, no Mineirão, em busca do triunfo que lhes restabeleça, pelo menos por enquanto, a calmaria.

O ano dos rivais mineiros foi marcado por atraso de salários, troca de treinadores, eliminações em torneios importantes, mudanças no comando do futebol, elevação de dívidas já astronômicas e outros fartos exemplos de má gestão. O resultado é o risco que os times ainda correm de rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Sobretudo o Cruzeiro, na 16ª colocação, com 34 pontos. Um pouco mais aliviado, mas não menos preocupado, vem o Atlético, em 11º, com 39.

Próximos na pontuação na tabela, os rivais empatam na rotatividade no banco de reservas. Na Toca da Raposa, o técnico Mano Menezes cedeu lugar a Rogério Ceni que, após 46 dias de trabalho, foi preterido por Abel Braga. Na Cidade do Galo não foi diferente. O ano começou com Levir Culpi, passou por Rodrigo Santana e vai terminar com Vagner Mancini.

Invasão  

A crise institucional que se abateu sob a sede do Barro Preto abalou as estruturas do clube, conduzindo-o das páginas de esporte aos cadernos policiais. Wágner Pires de Sá, Sérgio Nonato e Itair Machado (os dois últimos já deixaram o clube) se viram em apuros, com os agentes da lei batendo à porta. Quando a entrada não foi civilizadamente franqueada, vândalos travestidos de torcedores recorreram à invasão, como a ocorrida na Toca II, em 1º de outubro.

Em Lourdes, a tensão não atingiu níveis tão elevados. Porém, a insatisfação externada rotineiramente contra Sergio Sette Câmara e cia. é indício de que torcida e dirigentes caminham em lados opostos.

A volta de Perrella 

Para tentar salvar o ano, o Cruzeiro demitiu Itair Machado da vice-presidência de futebol. Em seu lugar, assumiu Zezé Perrella, atual comandante do conselho deliberativo e presidente de 1995 a 2002 e de 2009 a 2011. O último ato de Perrella em 2011 foi o histórico 6 a 1. Na ocasião, a Raposa se safou da queda, mas o dirigente deixou a Arena do Jacaré muito hostilizado.

“Fiquei decepcionado porque não houve reconhecimento do meu passado como presidente. Foi difícil superar. Retornei porque sentia que minha presença era necessária. Não admito ver o Cruzeiro na Série B”, disse ele. 

Sette Câmara diz que trabalha pelo futuro 

Se Perrella argumenta que volta para apagar o incêndio, no Atlético, Sergio Sette Câmara assegura que está trabalhando para garantir o futuro. Mesmo que, para isso, o time sofra em campo, passe o ano sem conquistas e seja alvo da ira da torcida.

“Estão me culpando por tudo de errado. Não é assim, tem coisa boa também”, reclamou, em outubro. Embora não goze da simpatia de parte dos atleticanos, Sette Câmara diz trabalhar para que esse sentimento negativo se transforme em motivo de orgulho.

“Estamos construindo um Atlético que será um dos clubes protagonistas”, completou. 

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