Mais uma vez, um jogo de futebol em Belo Horizonte tem casos de importunação sexual contra mulheres. As últimas ocorrências foram registradas na partida do Atlético contra o Santos, na noite do último sábado (11), no Mineirão; em uma delas, um homem chegou a ser preso.

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Neste, duas promotoras de evento, uma de 22 e outra de 24 anos, denunciaram um indivíduo de 51 anos. De acordo com o relato de ambas à polícia, elas estavam trabalhando no hall de entrada dos camarotes quando o homem chegou, encostou na cintura de uma delas e a chamou de "feia". Em relação à outra, ele passou a mão em seus cabelos.

Os fatos foram presenciados por testemunhas, que confirmaram a versão. Segundo o registro policial, o suspeito foi preso em flagrante.

Arquibancada

O outro fato aconteceu na arquibancada do estádio. Conforme a vítima, uma mulher de 36 anos, ela estava no setor Amarelo Inferior com o seu noivo, de 61 anos. Em um dado momento, sentou ao seu lado um homem desconhecido, de 40 anos, que colocou por três vezes a mão nela.

A mulher pedia para parar, mas não era atendida. Então, ela trocou de lugar com o seu companheiro – nesse momento, o suspeito deu um tapa nesse noivo, que revidou a agressão. Depois disso, o abusador, que estava com um amigo, saiu do local, mas eles foram perseguidos pelas vítimas.

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De acordo com uma testemunha que presenciou os fatos, os suspeitos xingavam a mulher de várias formas, chamando-a de "vaca", "piranha", "vagabunda" e outras palavras. Eles também diziam que eram militares, por isso, os seguranças não poderiam encostar neles.

Neste momento, percebendo a confusão, outros torcedores se mobilizaram para impedir que os homens fugissem. A Polícia Militar chegou e conduziu os envolvidos à delegacia do estádio.

Outra versão

Conforme o suspeito, de 40 anos, ele estava assistindo ao jogo do Galo e começou a xingar o time, pois o mesmo estava jogando mal. Com isso, diversos outros torcedores quiserem brigar com ele, e uma mulher teria inventado que ele a importunou sexualmente.

Seu amigo, que estava com ele no estádio, afirmou à polícia que desconhece qualquer confusão. Não há registro de prisões.

Posicionamento

Em nota, o Mineirão informou que lamenta e repudia qualquer tipo de ocorrido dessa natureza e que realiza campanhas educativas para prevenir e incentivar os torcedores a denunciarem esse tipo de fato. O estádio também afirmou que intensificou o trabalho de atendimento, acolhimento, encaminhamento e acompanhamento de vítimas, o que ocorreu no jogo entre Atlético e Santos.

Confira a nota na íntegra:

"O Mineirão lamenta e repudia qualquer caso de importunação sexual que aconteça dentro de seus limites. O Gigante lembra que realiza campanhas educativas e, com a retomada dos jogos com público, no segundo semestre do ano passado, intensificou o trabalho de atendimento, acolhimento, encaminhamento e acompanhamento de vítimas. Tais procedimentos foram feitos nos casos ocorridos na partida entre Atlético e Santos, no último sábado (11), pelo Campeonato Brasileiro.

O Mineirão lembra que a campanha "Todos contra a Importunação Sexual" tem o apoio dos clubes e de órgão públicos municipais e estaduais (listadas abaixo). Os vigilantes recebem constantemente instruções sobre como agir para casos de importunação sexual ou de qualquer tipo de discriminação. O Mineirão tem um canal de denúncias por WhatsApp, com cartazes de QR Codes espalhados pelo estádio, com o intuito de agilizar o atendimento e colaborar com a apuração dos fatos junto aos órgãos de segurança.

O Mineirão ressalta ainda que é importante que denúncias aconteçam para que os responsáveis sejam punidos. A Rádio Esplanada, o telão e as TVs dos corredores também exibem, durante a realização dos jogos, mensagens para que tais práticas sejam denunciadas. O estádio tem câmeras de vigilância e está à disposição das autoridades para o auxílio em qualquer investigação.

*Clubes, instituições e órgãos públicos que fazem parte da campanha "Todos contra a Importunação Sexual":  Cruzeiro, Atlético, América, Federação Mineira de Futebol (FMF), Polícia Civil, Polícia Militar, Guarda Municipal, Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG), Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Secretarias de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) e de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) e Instituto Galo."