Ygor Coelho, aos 27 anos, é um dos maiores destaques do badminton brasileiro. Primeiro colocado no ranking nacional, o atleta vai para terceira participação nos Jogos Olímpicos. Natural da comunidade da Chacrinha, no Rio de Janeiro, Ygor já está na França para realizar os últimos treinos antes da estreia na fase de grupos no megaevento esportivo de 2024. Um momento que para ele representa a realização de um sonho de infância e um marco significativo em sua carreira esportiva.

A fase de grupos do badminton nos Jogos Olímpicos de Paris, que terá início em 27 de julho de 2024, será um desafio crucial para Ygor Coelho, que projeta avançar para as fases finais e lutar por uma medalha histórica para o Brasil. “Minha meta em Tóquio, foi atrapalhada por causa da cirurgia, por causa da pandemia. Agora, meu objetivo é o mesmo, sair da fase de grupos, ser o primeiro atleta do Brasil a tentar uma medalha olímpica pelo badminton, mas isso só é possível se a gente passar da fase de grupos. Eu quero fazer isso. E se eu conseguir fazer isso, aí eu tenho a chance de tentar uma medalha Olímpica”, projeta.

Desde os 3 anos, Ygor começou a jogar badminton no quintal de casa, apoiado pelo projeto social fundado por seu pai, Sebastião Oliveira. A Associação Miratus de Badminton, idealizada com esforço e dedicação, foi o ponto de partida para o desenvolvimento das habilidades do jovem atleta. Pelas redes sociais, viralizou um vídeo que mostra o brasileiro com apenas 11 anos de idade contando seu sonho de conhecer o mundo pelo badminton e disputar uma Olímpiada em Paris. “Eu gostaria de agradecer esse menino, porque se não fosse esse menino sonhador, não seria possível viver tudo isso e jogar uma Olimpíada, quem dirá três”, expressa Ygor.

Mas seguir esse sonho teve um preço na sua carreira. “Já vi um comercial que para você ser atleta de seleção brasileira, leva 10 mil horas de treinamento. Eu já acredito que já passei de 10 mil horas, porque é sobre sacrifício, é sobre escolher todos os dias isso. E esse é o preço. Quando você não pode, você tem que poder. O esporte te ensina. Se você não treina, outro treina. Quando você não está bem, você tem que fazer mesmo assim”, afirma. Ele destaca as renúncias pessoais, como festas familiares e compromissos acadêmicos, que foram necessárias para alcançar seus objetivos como atleta. “Eu me perguntei como é que eu faço para chegar lá. E eu fiz de tudo para poder chegar lá. E hoje eu não me arrependo, eu consegui. Hoje eu estou casado, moro com a minha esposa na Dinamarca. Tenho empresas que me apoiam, graças a empresas como a Petrobras, Bolsa Atleta, Bolsa do Estado do Rio de Janeiro. Eu consegui ser mais do que só ir a um Jogos Olímpicos. Eu represento marcas, sou exemplo. Isso é uma coisa especial, uma coisa única.”

Durante a entrevista para  O TEMPO SPORTS, Ygor recebeu sua raqueteira olímpica personalizada, um símbolo de sua jornada e dos apoios que recebeu ao longo dos anos. “Tô muito feliz. Essa raqueteira histórica, personalizada… Só eu tenho essa raqueteira, não tem mais ninguém que tenha”, diz com um sorriso de satisfação.

À medida que Paris 2024 se aproxima, Ygor revisita sua trajetória e os desafios que enfrentou para chegar ao maior torneio internacional. “Bem, para mim, Paris não foi tão logo ali, não. A nova geração tá vindo mais forte, então eu tive que competir com a nova geração, me provar pra ver se eu sou realmente bom. Mas eu passei no teste, então. Agora sim, posso dizer. Paris é logo ali! Fui treinar na Malásia, fui competir na Austrália, nos Estados Unidos, competi bem, então tô me sentindo pronto”, conclui, com a confiança de um atleta que se preparou para o maior palco do esporte.

Ygor Coelho estreia nos Jogos Olímpicos de Paris no dia 27 de julho | Foto: Reprodução/Instagram


Ygor Coelho também reflete sobre o que traz consigo dos tempos de Miratus e sua experiência na Dinamarca e no Botafogo. “Com certeza na Europa o badminton é mais competitivo e por ser competitivo o nível aumenta. No Brasil eu fui uma promessa muito rápida. Eu ganhei o nacional com 15 anos. Eu fui seis vezes campeão pan-americano e na Europa eu acho que eu igualei o nível e até algumas das vezes os meus adversários estavam sempre em cima, então foi uma ótima oportunidade de aprender, de puxar nível de conhecimento, de força, de técnica, de jogo. Eu moro na Europa há quase oito anos, são seis na Dinamarca, morei dois anos na França. Hoje eu consigo competir de igual para igual com os asiáticos. Coisa que no Brasil, há uns tempos atrás, não era possível”, reflete Ygor.

Ele também compara o desenvolvimento do badminton na Europa com o cenário no Brasil. “A diferença entre o Brasil, o meu pai, e na Europa é a cultura. É a cultura do esporte. Na Europa o badminton é muito mais difundido, tem ligas. No Brasil a gente tá engatinhando, vamos dizer assim. Não existe muita coisa ainda, a gente tá bem melhor, mas ainda falta muito pra gente chegar no mesmo patamar”, diz Ygor.

No que diz respeito a suas referências esportivas, Ygor menciona o brasileiro Hugo Calderano, atleta do tênis de mesa, como uma grande inspiração. “O Calderano é uma inspiração, porque ele tem a minha idade, ele tem quase a mesma carreira do que eu, quer dizer, ele é bem melhor, quatro melhor do mundo, por isso mesmo que eu o admiro, porque ele tem essa mentalidade, é uma coisa que eu me espelho nele, inclusive”, comenta Ygor.

Entre os atletas internacionais, Ygor cita LeBron James e Stephen Curry como exemplos de foco e dedicação. “Nas Olimpíadas, eu acho que o LeBron James, se ele não for, o Stephen Curry, do basquete, são pessoas que são também extremamente focadas, extremamente dedicadas, e isso faz com que eles sejam as pessoas que são”, destaca.

Inspiração no Badminton em quadra e online


Com um pouco mais de 61 mil seguidores em todas suas redes sociais, Ygor Coelho usa a sua influência online para compartilhar um pouco da rotina e inspirar novas gerações de atletas. “Hoje em dia, as redes sociais me ajudam a mostrar a minha jornada e a inspirar as próximas gerações. Eu fui a lugares que eu nunca imaginei conhecer e quero que isso motive os jovens a sonhar grande”, explica. Ele observa que a internet transformou o acesso ao badminton e facilitou a disseminação de técnicas e informações que antes eram inacessíveis.

A visão de Ygor sobre o esporte como agente de transformação social é profunda e reveladora. “Eu fico orgulhoso deles. Eu quero que eles sejam campeões, mas não campeões só no esporte. Campeões da vida, porque eu fui um exemplo, eu saí de lá, cresci, hoje eu falo inglês, eu falo espanhol, estou aprendendo dinamarquês, falo um pouco de francês, o esporte mudou minha vida, e eu quero que mude a deles também”, reflete.

O atleta brasileiro acredita que o badminton pode ser uma ferramenta de mudança, oferecendo aos jovens oportunidades para superar dificuldades e alcançar seus próprios sonhos. “Na favela, a gente vê muitas pessoas armadas, tiroteio, e sonhar com outras coisas é importante. Eu fico orgulhoso de poder estar sonhando com isso, porque já é um caminho para o sucesso. Quando eles chegarem lá, eu só espero que eles devolvam conselhos para que outras crianças sonhem em ser iguais a eles”, enfatiza.

 

Conheça o Badminton e suas Regras:

O badminton é um esporte originário da Índia e popularizado pelos britânicos, e é praticado com uma raquete e um volante (também chamado de peteca) em uma quadra dividida por uma rede.

O principal objetivo da modalidade é acertar o volante sobre a rede para que ele toque o chão na quadra adversária, marcando pontos. Os jogos podem ser disputados em simples (um contra um) ou em duplas (dois contra dois).


Estrutura da Partida

  • Pontuação: Cada partida é disputada em melhor de três sets, com cada set indo até 21 pontos. Para vencer um set, é necessário ter uma vantagem de pelo menos dois pontos.
  • Saque: O saque é realizado na diagonal e alterna entre os jogadores. No início do set e quando o placar é par, o saque é feito do lado direito da quadra. Quando o placar é ímpar, o saque é feito do lado esquerdo.
  • Troca de Lado: Os jogadores trocam de lado ao final de cada set e no meio do terceiro set quando um dos jogadores atinge 11 pontos.


Movimentação e Faltas

  • Movimentação: O volante deve passar por cima da rede e cair dentro da área de jogo adversária.
  • Faltas: É considerado falta se o volante cair fora da área de jogo, se não passar por cima da rede, ou se o jogador tocar na rede com a raquete ou o corpo.