A expulsão da nadadora Ana Carolina Vieira da delegação brasileira nas Olimpíadas de Paris continua gerando polêmicas. Sentindo-se injustiçada, a atleta contratou dois advogados para se defender e esclarecer os acontecimentos.
De acordo com uma nota assinada pelos advogados Octavio Rolim e Patricia Cristina divulgada nas redes sociais, na terça-feira, 6 de agosto, Ana Carolina "cumpriu com todas as suas obrigações profissionais" e está em "período de restabelecimento psicológico com acompanhamento profissional" após ter sido abandonada pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) durante os Jogos Olímpicos.
Conforme o documento, Ana Carolina questiona as informações divulgadas sobre sua expulsão da delegação brasileira de natação, e nega que o motivo tenha sido uma visita à Torre Eiffel com seu namorado, Gabriel da Silva Santos. Ela afirma que a verdadeira razão foi uma discussão com a comissão técnica da equipe de natação, foi conduzida de maneira que "jamais poderia ser confundida com agressividade ou desrespeito".
"Os danos do desligamento são irreparáveis do ponto de vista psicológico e profissional, uma vez que o fato repercutiu mundialmente de forma distorcida e à margem da verdade", diz a nota, confirmando que medidas legais serão tomadas para que os órgãos competentes possam investigar o ocorrido.
Relembre o caso
Ana Carolina foi expulsa da delegação do Brasil nas Olimpíadas de Paris no dia 27 de julho. Segundo o COB, a atleta deixou a Vila Olímpica na noite da última sexta-feira (26/7) sem autorização. Além disso, ela teria discutido com a delegação de natação contra a decisão de retirar a nadadora Mafê Costa de uma prova de revezamento.
Em nota divulgada anteriormente, o COB informou que prestou apoio à atleta e negou as acusações que ela fez após o caso.
“Ao longo de todo o processo, Ana Carolina Vieira esteve acompanhada da Oficial de Salvaguarda e líder do Esporte Seguro da Missão brasileira em Paris, que lhe prestou apoio. A atleta falou com a mãe, com o psicólogo da delegação, arrumou suas malas e teve acesso irrestrito a alimentação e hidratação antes de se dirigir ao aeroporto,” alega o comitê
Ana Carolina Vieira tem 22 anos e faz parte do Esporte Clube Pinheiros. A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) diz que a atleta já conquistou 147 ouros, 97 pratas e 48 bronzes em sua carreira.
Leia o comunicado de Ana Carolina Vieira na íntegra:
"ANA CAROLINA VIEIRA, nadadora profissional de 22 anos, integrou o Time Brasil em sua modalidade nas Olimpíadas de Tóquio (2020) e Paris (2024), neste ato representado por seus advogados, informa que irá se manifestar publicamente em momento oportuno, pois encontra-se em período de restabelecimento psicológico com acompanhamento profissional em virtude de todo ocorrido envolvendo o seu nome como profissional e, sobretudo, sua dignidade como mulher.
No entanto, desde já afirma que em sua passagem nas Olimpíadas de Paris cumpriu com todas as suas obrigações profissionais, defendendo orgulhosamente sua equipe e, acima de tudo, o Brasil.
Diferentemente do que foi veiculado, no último dia 25, no período da tarde, em período de folga, a atleta e seu companheiro, também nadador, GABRIEL DA SILVA SANTOS (juntos há mais de 4 anos) se dirigiram à Torre Eiffel a fim de registrarem o momento que estavam vivendo em suas carreiras, ato realizado por incontáveis atletas das mais diversas modalidades.
A ida ao ponto turístico durou aproximadamente 1h e 15min e o traslado foi realizado com veículos oficiais disponibilizados aos competidores.
Em data de 26.07.2024 as atletas que realizaram a prova de 4x100 livre no dia seguinte (27.07.24), através de uma deliberação injustificada da Comissão Técnica, foram informadas que uma das nadadoras que compunham o revezamento seria substituída. Movida por um senso de patriotismo, sabendo que a decisão influencia diretamente no desempenho da equipe, ANA CAROLINA, em nome da equipe, se insurgiu, o que jamais poderá se confundir com agressividade ou desrespeito.
No entanto, ANA CAROLINA, em 28.07.2024, foi comunicada de seu desligamento, ocorrido de forma completamente arbitrária e sem qualquer possibilidade de defesa. Desolada e sem entender o efetivo motivo da medida, ANA CAROLINA se viu em completo desamparo por parte dos responsáveis pela missão.
Os danos do desligamento são irreparáveis do ponto de vista psicológico e profissional, uma vez que o fato repercutiu mundialmente de forma distorcida e à margem da verdade.
No mais, informamos que as medidas necessárias serão tomadas para que os fatos sejam efetivamente apurados perante os órgãos competentes.