Michael Staribacher nasceu a quase 10 mil quilômetros do Brasil, mas é um torcedor apaixonado pelas seleções brasileiras de vôlei. E por mais de 20 anos, Staribacher, o DJ Stari, vem fazendo parte de momentos importantes do voleibol brasileiro - e mundial - bem de perto.

Viajando por ginásios e areias de todo o mundo, DJ Stari tem o trabalho de unir o mundo da música e do voleibol. E faz isso muito bem. O austríaco de Viena é DJ em partidas esportivas e já tocou, inclusive, na final olímpica masculina da Rio 2016, em que, na final, o Brasil subiu ao lugar mais alto do pódio. Como bom fã de vôlei, foi impossível para Stari não se apegar à história dourada brasileira, e hoje, chama atenção nas redes sociais por ser um torcedor apaixonado pela ‘Amarelinha’ e por levar às arenas do mundo sucessos, passados e atuais, da música brasileira.

Na última edição da Liga das Nações, realizada em Rimini, e nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Stari chamou atenção nas transmissões. Como os torneios foram realizados de portões fechados, a tarefa de criar uma atmosfera eletrizante, sem torcedores, foi desafiadora. Em casa, brasileiros repararam que, durante os jogos de vôlei, tocavam músicas de artistas que vão de Gal Costa a Pabllo Vittar ou que, a cada ponto de Gabi, ponteira brasileira, a música tema da novela de mesmo nome ecoava no ginásio. Rapidamente, o DJ se tornou ‘ícone’ para fãs de vôlei nas redes sociais.

Em seus perfis, destacam-se fotos com atletas brasileiros, além de homenagens a jogadoras em momentos importantes, como na aposentadoria da capitã Natália e após título de MVP da Champions League da mineira Gabi. 

Em entrevista a O TEMPO, DJ Stari falou sobre a paixão pelo vôlei brasileiro, sua relação próxima com atletas do Brasil e sobre como se mantém atualizado dos maiores hits da nossa música. Além disso, ainda adiantou que virá, novamente, ao Brasil no final do ano.

1 - Você parece ter uma boa relação com atletas de vôlei do Brasil. Como isso começou?

Com certeza. Minha relação com os jogadores e, principalmente, com os torcedores brasileiros do vôlei é muito especial. Faço este trabalho há 20 anos. Comecei no Circuito Mundial de Vôlei de Praia e depois fui para as quadras. Viajo pelo mundo com todos esses jogadores e, é claro, passei a conhecer muitos deles. Eu também converso com times e torcedores com frequência sobre suas músicas preferidas. Acredito que a música se tornou um elemento cada vez mais importante nos últimos anos e, agora, faz parte do nosso esporte. Esse era o meu grande objetivo.

Durante a temporada passada minha amizade com alguns jogadores definitivamente cresceu. Não se esqueça que estivemos em uma ‘bolha’ na VNL do ano passado, em Rimini, e nas Olimpíadas de Tóquio. Foi uma época louca. Arenas vazias, mas milhões em casa assistindo pela TV. O mais bonito foi ver tantas reações dos torcedores pelas redes sociais.

2 - Você está sempre por dentro da música brasileira. Como você se mantém atualizado sobre o que está fazendo sucesso e o que tocar nas partidas?

Na verdade, isso não é tão difícil hoje em dia. O Spotify é definitivamente minha fonte principal de pesquisa. Às vezes é simplesmente impossível não reconhecer uma tendência. Lembro-me, por exemplo, que “Coração Cachorro“ aparecia em todos os lugares da minha timeline e nos stories que eu assistia. De repente, todo o Brasil estava uivando (risos). O mesmo acontece agora com “Desenrola, Bate…”

3 - Alguns torcedores brasileiros te consideram como um ‘amuleto da sorte’ para as nossas seleções. O que você acha de ser este ícone para os fãs de vôlei?

Se eu sou um “ícone“ ou não, só pode ser respondido pelos fãs. Eu sou muito grato que os torcedores brasileiros de vôlei sempre me apoiam - gosto muito de entrar em contato com tantas pessoas fantásticas. Espero que possamos manter isso nos próximos anos. O vôlei não vai parar, e eu também não vou parar de fazer o que eu faço.

Mas sobre ser um amuleto, o que muitos atletas me disseram no passado é que a música certa no momento certo pode ajudá-los um pouco a se concentrar, se motivar, acabar com o nervosismo ou apenas se sentir confortável. Você sabe que eu sempre tento cuidar disso e fazer com que a escolha das músicas se encaixe perfeitamente à situação no jogo. Então, talvez, às vezes, se os jogadores estiverem em 99%, a trilha sonora pode dar a eles aquele 1% que falta. E isso é algo que eu amo no meu trabalho.

4 - Você tem alguma memória especial com as nossas seleções de vôlei?

Há muitos! Claro que a campanha da medalha de ouro da equipe masculina no Rio 2016 foi incrível. Jamais esquecerei a atmosfera do Maracanãzinho. Também, a campanha da equipe feminina na VNL e nas Olimpíadas do ano passado foi muito especial. Nos velhos tempos, foi uma honra estar tocando em Atenas 2004, quando Emanuel e Ricardo ganharam o ouro e Adriana e Shelda a prata. Uma curiosidade: Adriana Behar foi a primeira jogadora de vôlei com quem conversei. No meu primeiro torneio de vôlei de praia, em Klagenfurt, ela veio até mim e me perguntou qual o nome de uma música que eu estava tocando.

5 - A pergunta que não quer calar. Você estará nas fases finais da Liga das Nações?

Sim, estarei nas duas fases finais! Em Ancara no feminino, e em Bolonha para o masculino. Também posso anunciar que irei ao Brasil! Trabalharei no “King Of The Court”, em um empolgante novo formato de vôlei de praia que estará pela primeira vez no Brasil, provavelmente em Itapema, em novembro. Meu plano é ficar um pouco mais tempo no Brasil e, talvez, também colaborar com alguns clubes da Superliga,