No país do futebol, o vôlei vem forte como o segundo esporte mais popular. A Superliga, o nosso campeonato nacional, é considerada uma das competições mais respeitadas ao redor do mundo, e a seleção brasileira, que sempre figura nas primeiras colocações do ranking, acumula medalhas em Sul-Americanos, Jogos Olímpicos e Mundiais.
Nacionalmente, a paixão vem crescendo, mas já pensou em pessoas que nasceram bem longe do Brasil e levam o voleibol brasileiro no coração? Pelo mundo, apaixonadas pelo esporte usam da internet, especialmente as redes sociais, para se manterem atualizadas e até cometem loucuras pelos times e atletas do coração.
Kristine Ilano é uma delas. Nascida nas Filipinas, mora na Austrália há 10 anos e não perde uma partida do Dentil Praia Clube, time de Uberlândia. Aos 30 anos, Kristine garante que se apaixonou pelo vôlei quando tinha apenas 10, e todo o amor é devido a atletas como Érika Coimbra, Fofão, Virna e Walewska, além da seleção brasileira que jogou no país asiático há mais de duas décadas.
A paixão pelo Praia Clube veio um pouco depois, na campanha do título nacional em 17/18, que quebrou 15 anos de sequência de Osasco ou Rio no lugar mais alto do pódio.
“Comecei a acompanhar o vôlei brasileiro quando conquistaram o título da Superliga. Isso me fez realmente admirá-los porque, apesar de serem ‘a zebra’ jogando contra o campeão Sesc Rio naquela época, elas foram capazes de vencer em grande estilo e provar que, por mais difíceis que sejam as circunstâncias, quando você coloca seu coração e alma nisso, você será capaz de conquistar e alcançar seus objetivos. Foi isso que me tornou uma grande fã do Praia. O fato de minha heroína, meu ídolo e minha inspiração, Carol, se juntar a eles na temporada 18/19 me fez apaixonar mais”, relatou a torcedora.
E o que são 15 mil quilômetros quando o assunto é paixão? Na fase final da Superliga 21/22, Kristine fez as malas e embarcou em uma aventura que mudou sua vida. Saindo da Austrália, desembarcou em Uberlândia para assistir as partidas do time do coração e, ainda por cima, pôde conhecer pessoalmente algumas de suas heroínas.
“Foi um encontro espetacular. Não consigo explicar meus sentimentos de quando finalmente vi a Carol na minha frente. Tentei manter a calma, mas no fundo haviam muitas lágrimas de alegria em meu coração, porque finalmente conheci minha heroína. Também conheci Walewska, uma de minhas eternas ídolos, antes de se aposentar do vôlei profissional”, contou a super-fã Kristine.
Para fazer a experiência ser ainda mais marcante, Kristine saiu do Triângulo Mineiro com as malas ainda mais recheadas. Tocadas pela história, as estrelas do Praia presentearam a torcedora com memorabílias inestimáveis, como camisas de jogo e até um troféu Viva Vôlei autografado.
“Walewska me deu sua camisa de despedida, mas o presente mais especial que recebi foram as camisas da Carol e da Anne em que todo o elenco do Praia, incluindo o Paulo Coco, autografou. Um muito especial também foi um troféu Viva Vôlei que Carol e Anne assinaram. Eu chorei no hotel depois que vi o recado que deixaram nele para mim”, contou a torcedora, emocionada.
Sheilla, um ícone que marcou gerações
Um pouco mais a norte, uma chinesa pode ser considerada uma das maiores fãs de Sheilla do mundo. Moradora de Xiamen, na província de Fuijan, Kelly KE - seu nome ocidental - é uma designer e ilustradora de 27 anos que leva o amor pela bicampeã olímpica na pele. Literalmente.
Tudo começou em 2007, quando Kelly assistiu, por acaso, um jogo de vôlei da seleção brasileira na televisão, O amor foi imediato.
“Sheilla é uma jogadora de destaque no mundo. Ela não é apenas uma boa jogadora, mas também uma boa companheira de equipe, uma boa mãe… Ela é gentil e bonita, ama seus fãs e é muito acessível. Ela é uma lenda no mundo do vôlei e tem um coração tão lindo quanto ela. Vale a pena considerá-la um ídolo na minha vida”, contou a torcedora
Acompanhando grande parte da carreira da oposta bicampeã olímpica, Kelly cita os jogos olímpicos de 2008, em Pequim, e 2012, em Londres, como momentos marcantes na carreira da mineira de Belo Horizonte, que é considerada uma das maiores jogadoras da história do voleibol mundial.
“Sheilla é bicampeã olímpica e, para mim, é a melhor jogadora em sua posição na história. A seleção brasileira é cheia de paixão e amor. Elas são muito unidas e é, realmente, um ‘time dos sonhos’! Não importa se é a antiga ou a nova geração, não consigo deixar de amá-las”, declarou Kelly.
A paixão é tanta, que fica estampada na pele. Kelly tem uma tatuagem que preenche quase toda a parte inferior das costas, em que a imagem da oposta mineira é desenhada quatro vezes. Em cima e embaixo do desenho, o nome de Sheilla, sua assinatura e o número 13, o qual a atleta usou nas camisas tanto dos clubes quanto da seleção durante sua carreira.
“Eu só tenho duas tatuagens. Uma é sobre minha mãe e outra é para a Sheilla. Não sou uma pessoa que faz muitas tatuagens, a menos que sejam significativas e especiais para mim. Sheilla é meu único ídolo, mas nunca a conheci pessoalmente. Minhas tatuagens são especiais porque todas foram desenhadas por mim, e representam as duas mulheres especiais da minha vida”, revelou Kelly.
A artista ainda esbanja talento nos desenhos. Além de ter feito o design da própria tatuagem, ainda mostra uma coleção de artes realistas de Sheilla, mostrando a campeã desde a época do MRV Minas até os tempos de ouro da seleção brasileira.
Mesmo com tanto amor, a torcedora lamenta que ainda não pôde ver Sheilla e a seleção brasileira de perto. Para acompanhar o vôlei brasileiro, Kelly depende do computador, mas ainda sonha em poder ver a multicampeã de perto um dia.
"Meu maior sonho não é ser rica e famosa, meu maior sonho é conhecer a Sheilla um dia”, concluiu a torcedora.