Quem viu a imagem da lesão da levantadora Macrís nos Jogos Olímpicos de Tóquio, imaginou que ali seria o fim da linha para a atleta. O Brasil vencia o Japão, por 2 sets a 0, ainda na fase de grupos, e caminhava para uma vitória tranquila, quando a jogadora do Minas Tênis Clube subiu e, ao cair, desabou em prantos de choro. Após deixar a quadra carregada, o jogo seguiu e 3 a 0 Brasil.

Ao fim da partida, Macrís deixou o ginásio em uma cadeira de rodas, mas com o pensamento forte e positivo: “eu nunca pensei que tinha acabado para mim”.

Veja o vídeo do lance e relembre como foi

 

O tratamento com gelo começou ali mesmo, à beira da quadra. Depois do jogo, durante a madrugada em Tóquio, Macrís passou horas e horas em tratamento com o departamento médico da seleção.

“Na hora do lance, eu só conseguia sentir dor. Chorava e chorava muito. Eu não conseguia mexer o pé. Sentir todos ali, à minha volta, me dando as mãos e me acolhendo, querendo me ajudar, me deu muita força. Depois, com o calor do jogo e a adrenalina abaixando, entreguei a Deus os caminhos porque eu confio muito que Ele sabe as melhores coisas, sabe os caminhos que tem que ser seguidos e tudo no tempo Dele. Então, eu realmente quis confiar. Por isso, em nenhum momento eu pensei que acabou para mim. Nunca pensei isso. Eu não sabia a gravidade, se recuperaria a tempo, mas desistir não passou pela minha cabeça”, disse Macrís ao Super FC.

 

Macrís saiu de quadra em cadeira de rodas (AFP)

 

Mesmo sem a levantadora titular, a seleção brasileira venceu o Japão, por 3 a 0. Com a classificação garantida, Macrís ficou fora dos jogos contra Sérvia e Quênia, ambas vencidas pelo Brasil, por 3 a 1 e 3 a 0, respectivamente.

A volta da jogadora do Minas parecia incerta. Poucos imaginavam que seria tão rápido, mas no jogo contra a Rússia, já pelas quartas de final, lá estava a 'fada vegana', como ficou conhecida no mundo do vôlei, pela sua opção alimentar.

Macrís começou no banco de reservas mas, ainda no primeiro set, entrou em quadra.

“A minha volta foi emocionante. O lance da minha lesão foi forte, assustador. Eu não sabia o que me esperava naquele momento, foi a única lesão da minha carreira. Eu não tinha noção de como seria a minha volta, não sabia se daria tempo para me recuperar, mas preferi pensar positivo e no presente, dia a dia. Foram horas e horas de tratamento com o Fernandinho (Fernando Fernandes, fisioterapeuta da seleção). Também recebi muita força da torcida brasileira. Tudo isso me deixou melhor para voltar. A volta à quadra foi o momento de maior superação na minha carreira”.

Macrís e Carol Gattaz desembarcaram em Belo Horizonte na manhã desta terça-feira (10). Elas foram homenageadas por dirigentes por de torcedores do clube. 

Ao ser perguntada sobre férias, Macrís brincou e disse que está pronta para voltar ao trabalho, mesmo após 15 dias no Japão e as mais de 36 horas de viagem entre Tóquio a Belo Horizonte.

“Férias? Existe? Amanhã estou de volta ao Minas. Vou iniciar o tratamento para me recuperar logo, olha como está o meu pé (apontando para o tornozelo, ainda inchado e roxo). Daqui a alguns dias, volto à seleção e depois, quero ganhar mais títulos aqui no Minas”, finalizou a levantadora.

Macrís e Carol Gattaz terão 10 dias livres antes de se apresentarem à seleção brasileira para a disputa do Campeonato Sul-americano de seleções, previsto para ser disputado entre os dias 15 e 19 de setembro, em Barrancabermeja, na Colômbia.