A Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) foi criada há quanto tempo e conta hoje com quantos associados?

A Abeifa foi fundada em 15 de março de 1991, inicialmente como Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva). Mais tarde, acrescentou-se “Fabricantes” porque algumas de suas associadas passaram a produzir automóveis no país. Hoje, a entidade de classe representa 15 marcas internacionais.

Qual o principal objetivo da Abeifa? Qual a principal conquista que você destacaria como a mais relevante para o setor neste período?

O principal objetivo da Abeifa é defender os interesses empresariais do setor de veículos importados e montadoras. Nesses 28 anos, a principal conquista da entidade foi (e está sendo) o reconhecimento do consumidor brasileiro por trazer ou desenvolver em produtos de alta tecnologia e, design e, especialmente, pelo fato de nosso setor conseguir mostrar balizamento de preços e qualidade veicular.

Na sua opinião, efetivamente, o que o Programa Rota 2030 pode trazer de contribuição para o setor dos importados?

O Programa Rota 2030 vai trazer benefícios, sobretudo, para as indústrias de autopeças e as montadoras aqui instaladas por meio dos PPPs (Projetos e Programas Prioritários) que preveem investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Com isso, os produtos brasileiros poderão ganhar mais competitividade e almejar novos mercados internacionais. O setor de veículos importados poderá ser contemplado à medida que o Brasil abrir o seu mercado interno, por meio dos acordos de livre comércio, bilaterais ou multilaterais. É importante frisar que o Rota 2030 será fundamental no marco regulatório de eficiência energética veicular e segurança veicular, capítulos que vão beneficiar os consumidores brasileiros, pois o Brasil terá mais produtos de qualidade, impedindo a entrada de produtos que não atendam às legislações brasileiras.

Em um balanço sobre o Inovar-Auto, qual o legado que ficou?

Para o setor de veículos importados, o Inovar-Auto foi um desastre. Clara e equivocadamente, o programa surgiu para beneficiar somente as montadoras locais e impedir o avanço das importadoras. Esse argumento fica ainda mais cristalino quando se observa que a indústria brasileira de autopeças nem sequer foi lembrada no Inovar-Auto. Hoje, o governo federal reconhece essa injustiça.

 

 

Ainda sobre o assunto, os automóveis importados sempre foram referência tecnológica no mercado. Como o senhor enxerga a iminente entrada dos elétricos e, no futuro, dos autônomos?

Serão sempre bem-vindos. Mas, exatamente por falta de infraestrutura de eletropostos e de telecomunicações/conectividade, os elétricos e os autônomos vão demorar a ser uma realidade no Brasil. Nós, importadores, já temos veículos elétricos lá fora. Mas, para o mercado nacional, esses produtos ficam inviáveis por falta de infraestrutura e preço. Neste momento, os elétricos ainda são inviáveis. Quanto aos autônomos, estamos ainda mais distantes.

O que é preciso para que o setor dos importados volte a conviver com números próximos do recorde de 2011?

A alíquota do imposto de importação precisa ser reduzida aos patamares do acordo do Mercosul, de 20%. E o dólar deve se posicionar em patamares mais aceitáveis. Nesses últimos anos, os dois fatores se posicionaram em alta, o que dificulta a competitividade com os carros nacionais, hoje com qualidade muito plausível.

 

Qual a previsão de fechamento dos números em 2019? Está dentro do programado no começo do ano?

No início do ano, fizemos a estimativa para 50 mil unidades. Em julho, reduzimos nossa expectativa para 40 mil unidades. Devemos fechar o ano com 35 mil unidades. 

Praticamente dez meses após a posse do presidente, Jair Bolsonaro, como o senhor avalia a atual conjectura econômica no país?

Depois da aprovação da nova Previdência e com a iminência de a reforma tributária ser aprovada, acreditamos que o Brasil retomará o caminho do crescimento.

A palavra é sua. Fique à vontade para deixar uma mensagem aos nossos leitores.

Não basta ao Brasil ter apenas uma agricultura forte e ser exportador de commodities. Precisa agregar valor em toda a produção brasileira, vislumbrando a exportação. Nesse cenário, os importados podem ajudar, e muito, porque servem de parametrização no mercado interno.