O sistema de suspensão automotiva exerce duas importantes funções no veículo. Uma delas é estabilizá-lo quando estiver em movimento, garantindo a segurança do motorista e dos passageiros. Já a outra é mantê-lo na altura adequada, alinhado com as vias, para assegurar o conforto, evitando que as irregularidades da pista, buracos e lombadas sejam sentidas pelos ocupantes.
Composto principalmente por amortecedores e molas, o conjunto pode passar aos condutores a impressão de que não possui mais peças.
No entanto, não é assim, pelo contrário. Componentes como braço oscilante, pivô de suspensão, barra estabilizadora, coxins e rolamentos fazem parte do agrupamento.
E é importante que o proprietário do veículo saiba como preservar os apetrechos. Segundo Juliano Caretta, supervisor de treinamento técnico da Monroe, o principal cuidado que se deve tomar é fazer a revisão periódica do equipamento.
Conforme ele explica, a quilometragem média recomendada para a troca dos amortecedores é de 40 mil km. Porém, não é aconselhável alcançar esse limite para se realizar a manutenção.
“O tempo de vida útil do componente varia conforme as condições de uso do veículo. Consideramos que o desgaste será maior em carros que rodam sempre por vias malpavimentadas ou em condições severas de uso, como táxis”, diz ele. O profissional recomenda que a revisão seja feita, no máximo, a cada 10 mil km.
Outro ponto importante para se ter atenção é a troca dos amortecedores. Caretta esclarece que o procedimento correto é substituir os pares desses itens em cada um dos eixos do automóvel.
“Caso o proprietário opte por utilizar uma peça nova e outra usada no mesmo eixo, poderá acarretar um desequilíbrio capaz de prejudicar a dirigibilidade do veículo, perdendo a eficiência do sistema”, afirma ele.
Atenção. O especialista alerta que os sinais mais comuns de que está na hora de revisar o sistema de suspensão ocorrem quando “há problemas de dirigibilidade, ruído, solavanco, balanços e trepidações excessivas”, afirma.
Para evitar problemas, de acordo com Caretta, medidas como conduzir o veículo cuidadosamente por vias esburacadas, além de não modificar as características originais do carro, auxiliam na preservação das peças.
Outra forma de conservar todos os equipamentos é reduzir a velocidade do automóvel ao passar, em linha reta, por lombadas e valetas. “Caso o condutor faça o deslocamento na diagonal, gerará forças laterais na movimentação dos componentes, podendo acarretar folgas excessivas, barulhos, empenamentos e, em situações mais graves, o travamento total das peças”, frisa Caretta.
Estar atento ao limite de carga do automóvel também é um fator importante a ser observado. Isso porque, ao se extrapolar a demarcação descrita no manual da montadora, pode-se comprometer a dirigibilidade e o conforto, colocando todos os ocupantes em perigo.
“Portanto, é importante ter cuidado ao se distribuir o peso de forma igual no porta-malas, evitando diferenças de altura entre os lados da suspensão”, aponta Caretta.
É bom ficar ligado
- Estudo. Testes realizados pela Monroe apontam que um equipamento com 50% de deterioração eleva em 26% o cansaço do motorista, o que pode causar acidentes graves.
- Impurezas. A poeira e o barro podem comprometer a eficiência dos amortecedores. Por isso, é fundamental lavar o veículo, incluindo a parte inferior, sempre que rodar por estradas de terra ou enlameadas.
- Em componentes articulados, como pivôs e terminais, a sujeira e os detritos limitam a movimentação deles e provocam desgastes excessivos.
Cuidados para não desgastar as peças
Para o mecânico e proprietário da Fabinho Suspensões, Fábio Moreira, manter o carro alinhado com pneus conservados também ajuda a evitar o consumo prematuro do conjunto, uma vez que o condutor não precisará corrigir a todo momento a trajetória do veículo.
Ainda segundo Moreira, amortecedores e molas desgastados aumentam a deterioração de todos os componentes da suspensão, podendo ocasionar o estouro das buchas, folgas nos pivôs, articulação do setor de direção e rolamento de roda.
Ele aponta também que os freios podem ser impactados devido ao dano do sistema. “O perigo maior é no aumento da distância de frenagem. Ou seja, o carro demora mais para conseguir parar, além de fazer com que o condutor coloque mais pressão no pedal, reduzindo a vida útil desse componente”, diz.
Em relação às peças recondicionadas, Moreira não aconselha o uso “por não saber a real procedência dos itens e por apresentarem uma eficiência menor quando comparadas às novas”.