Um mês e meio depois de Daniela Antonini, de 42 anos, a filha Giovana Antonini, de um ano e sete meses, e Cristina Antonini, de 68 anos, serem encontradas mortas dentro de um apartamento no bairro Barro Preto, na região Centro-Sul, de Belo Horizonte, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) conseguiu esclarecer o que teria acontecido no último dia 6 de maio.

De acordo com os indícios apontados pelas investigações da PCMG, Daniela Antonini apresentava um quadro severo de depressão e resolveu tirar a própria vida, a da mãe e também a da filha. A mulher de 42 anos fez uso de carvão e as três morreram em decorrência da ingestão de monóxido de carbono enquanto dormiam. Quatro cachorros também foram encontrados mortos no mesmo cômodo.

A Polícia Civil chegou à essa conclusão após conversas com familiares, amigos e até mesmo vizinhos da família. Além disso, foi encontrada uma carta no quarto onde as três morreram. No conteúdo, que foi divulgado pela PCMG, Daniela disse que "já tinha tentado sair do fundo do poço há mais de dois anos, mas que não estava conseguindo, e que levaria as pessoas que dependiam dela diretamente". Clique aqui e veja trechos.

"Não quero nada agora, só oração, pra, se realmente for pecado, que Deus me perdoe", escreveu Daniela.

Trecho da carta escrita por Daniela
Parte da carta escrita por Daniela (Créditos: Divulgação / Polícia Civil)
Parte da carta escrita por Daniela
Parte da carta escrita por Daniela (Créditos: Divulgação / Polícia Civil)

“A Daniela era uma pessoa que já tinha depressão desde jovem. Ela chegou a começar uma faculdade de direito, mas não concluiu. Também não queria ter filhos, mas acabou engravidando da Giovana, que nasceu com uma condição especial de saúde, na qual não tinha ligação do esôfago com o estômago, então precisava de sonda, um cuidado especial quase que 24h por dia. Por precisar ter essa atenção com a filha todo dia, vê-la sem aproveitar como outras crianças, não poder trabalhar, isso foi pesando para a Daniela. Ela tinha transtorno bipolar também. Tudo isso foi contribuindo para um pessimismo em relação à vida e também ao cuidado com as filhas. Entendemos que foi essa soma de fatores que a levaram a fazer o que fez”, explicou a delegada Iara França, responsável pelas investigações do caso no Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa.

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Durante a entrevista na manhã desta quinta-feira (26), quando a Polícia Civil divulgou as conclusões da investigação, a delegada informou também que Daniela chegou a ficar noiva de um homem entre 2008 e 2013, mas que o relacionamento foi rompido. Em 2023, ela se relacionou com um amigo em comum com o ex, com quem acabou engravidando de Giovana.

“Foi um relacionamento rápido, mas chegaram a morar juntos em Ipatinga. Houve um episódio em que tiveram uma confusão e ela pediu medida protetiva. A Daniela blindava muito a filha, dificultava muito o contato da família paterna com ela. Apesar disso, o pai cumpria com todas as obrigações e tentava ter mais contato, até mesmo com a ajuda de familiares. Mas elas eram muito reclusas, se isolavam, não recebiam visitas. Ela escreveu que não queria viver de doações. Esse isolamento, junto com os problemas de saúde da família e condições financeiras, agravou o quadro da Daniela, até chegar no ponto de atentar contra a própria vida”, afirmou Iara.

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A reportagem do Super Notícia procurou o pai da criança, mas ele não quis falar sobre o assunto.

O que aconteceu?

A Polícia Militar foi acionada após a síndica do prédio sentir um “odor forte” vindo de um dos apartamentos, que fica no 13º andar. Com apoio de um chaveiro, os militares arrombaram a porta do imóvel, que estava trancada por dentro, e encontraram os corpos das vítimas em um dos quartos. 

No cômodo, também foram localizadas duas bandejas e uma pequena churrasqueira com carvão queimado, elementos analisados pela perícia.

Quem são as vítimas?

As vítimas foram identificadas como Daniela Antonini, de 42 anos; sua filha Giovana Antonini, de um ano e sete meses; e a mãe dela, Cristina Antonini, de 68 anos. Os quatro cachorros da família também foram encontrados mortos no mesmo cômodo. Segundo informações da síndica, Raquel Perpétuo Moreira, a família era inquilina do imóvel e morava no prédio há bastante tempo, embora ela pessoalmente não a conhecesse.

O que levou à descoberta dos corpos?

A Polícia Militar chegou ao local após a avó paterna da criança, preocupada com o sumiço das três desde o último domingo (4), procurar a síndica do prédio. Na quinta-feira (8), ela tentou obter informações com os porteiros, sem sucesso. Na manhã de sexta (9), ela conseguiu falar com a síndica, que decidiu ir até o apartamento.

Ao chegar ao andar, Raquel sentiu um cheiro forte e foi alertada por uma vizinha sobre a possibilidade de vazamento de gás. A partir disso, ela acionou a polícia. Os militares entraram no imóvel e encontraram a cena.