Após receber um seguro de vida de R$ 2 milhões pela suposta morte do marido, Júnior Gago, apontado pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) como um dos líderes do Comando Vermelho (CV), a mulher de 38 anos, conhecida como "Dama do Crime" e presa nesta terça-feira (15/7) no bairro Buritis, em Belo Horizonte, passou a levar uma vida de luxo e ascendeu ainda mais dentro da facção criminosa.

A Polícia Civil, no entanto, investiga se a morte do homem pode ter sido "forjada" para liberar o valor e tirar o nome do traficante dos holofotes. As autoridades brasileiras ainda não confirmaram o óbito dele, que só foi reconhecido pela polícia boliviana.

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Presa preventivamente em Belo Horizonte, a Dama do Crime passou por uma cirurgia plástica há cerca de dez dias, conforme as investigações da Polícia Civil. A prisão da mulher, apontada como figura estratégica na cúpula do Comando Vermelho, revelou que, para auxiliar a facção criminosa, ela usava como 'disfarce' a vida de empresária do ramo de estética.

A suspeita se declarava CEO e fundadora de um estúdio de beleza nas redes sociais. Suas fotos continham imagens de eventos, demonstrando uma vida social comum, que deixava poucas suspeitas.

Há pouco mais de um mês, ela chegou a publicar um texto em comemoração ao aniversário do filho, e fez alusão à falta que sentia do marido. "Seu papai não está aqui fisicamente, mas ele vive em você, no seu sorriso, no seu jeitinho, no brilho dos seus olhos. Ele te amava infinitamente, e eu carrego esse amor por nós dois", escreveu na postagem.

Investigação

“A polícia boliviana confirmou a morte (de Gago), mas a polícia brasileira ainda não, pois o corpo foi carbonizado”, afirmou o delegado Anderson Kopke, da 3ª Delegacia Especializada em Investigação de Fraudes da Polícia Civil de Minas Gerais.

A Dama do Crime foi presa no bairro Buritis, na região Oeste da capital mineira, após 14 dias de buscas. Segundo Kopke, ela foi alvo de mandado de prisão preventiva como parte da operação Reversus, que investiga lavagem de dinheiro e fraudes bancárias praticadas pela organização criminosa com atuação nacional.

Prisão anterior 

“A investigada já tinha sido presa em 2022, também por crimes relacionados a lavagem de dinheiro. Agora, foi presa porque estava lavando dinheiro utilizando diversas contas. Ela exerce uma função importante como interlocutora entre os diversos estados com os quais o Comando Vermelho tem relação”, explicou o delegado.

A prisão integra uma ação conjunta das polícias Civis de Minas Gerais, Mato Grosso e Rio de Janeiro, com apoio da Agência Central de Inteligência da Secretaria de Estado e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG). Foram expedidos 26 mandados de prisão e 50 de busca e apreensão nos três estados.

A mulher era considerada uma das mulheres de confiança da facção. Segundo a polícia, sua atuação criminosa se intensificou justamente após a suposta morte do marido. “Ela é muito esperta. Mesmo sabendo que faria uma cirurgia plástica em BH, foi difícil localizá-la. Mas ela reagiu tranquilamente e disse não saber do mandado”, relatou Kopke.

O esquema de lavagem de dinheiro funcionava em circuito: os valores saíam do Mato Grosso, passavam por contas no Rio de Janeiro e retornavam ao estado de origem com aparência de legalidade, daí o nome da operação, Reversus.

Defesa diz que prisão foi "absurda"

Procurado pela reportagem, o advogado Marco Antônio de Assis Neves, que representa a defesa da mulher de 38 anos, informou que teve acesso à decisão judicial que decretou a prisão preventiva e manifesta, com veemência, que se trata de uma medida absurda e desprovida dos requisitos legais autorizadores.

"Nossa cliente não possui qualquer envolvimento com os fatos noticiados e não conhece nenhum dos demais investigados. Trata-se, portanto, de uma prisão injusta, que será devidamente enfrentada nos termos da lei. Neste primeiro momento, a prioridade será buscar a imediata liberdade dela, bem como iniciar investigação defensiva com o objetivo de comprovar sua inocência e demonstrar que ela é vítima de perseguição ilegal e arbitrária", afirmou em nota.

A defesa da "Dama do Crime" ainda reafirmou a confiança na Justiça e no restabelecimento da verdade, "acreditando que os abusos cometidos serão corrigidos pelas instâncias competentes".