A direção do Ceresp Gameleira vai investigar a morte do detento Otto Luiz Soares, de 42 anos, ocorrida na última terça-feira (12/8). Ele foi espancado um dia após ser transferido para o centro de remanejamento.
De acordo com a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), o detento foi levado ao Hospital Odilon Behrens após se envolver em uma briga com outros presos da cela. Apesar do atendimento no hospital, ele morreu.
Soares chegou à unidade prisional na segunda-feira, após ser preso por incêndio e ameaça no contexto de violência doméstica contra a própria mãe, de 67 anos. Enquanto estava hospitalizado após a agressão, recebeu alvará de soltura por decisão do juiz Leonardo Damasceno, da Central de Audiências de Custódia (CEAC).
Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Penal, o detento foi espancado. Na cela, estavam outros 13 presos, mas nenhum assumiu a autoria das agressões, e todos afirmaram que ele havia caído da rede em que dormia. A direção do Ceresp Gameleira instaurou procedimento interno para apurar as circunstâncias da morte e vai ouvir todos os presos que estavam na cela com a vítima. A investigação criminal está sob responsabilidade da Polícia Civil.
Audiência de Custódia
A audiência de custódia foi realizada enquanto Otto Soares ainda estava no hospital. O juiz informou que não recebeu informações sobre uma possível alta médica. A pedido do Ministério Público, a Justiça determinou a soltura, sem fiança, com algumas condições: manter distância mínima de 200 metros da mãe, ser acompanhado por equipe médica e psicológica, e manter o endereço atualizado.
Prisão
Otto Soares foi preso na tarde de domingo (10/8), suspeito de colocar fogo no lote onde vivia e de ameaçar a mãe. Ele era irmão de um policial militar. A Polícia Militar foi acionada por vizinhos que relataram o incêndio, mas a idosa não estava no local, e o suspeito havia fugido.
No boletim de ocorrência feito pela Polícia Militar, a mãe relatou que foi xingada e ameaçada pelo filho, que era usuário de drogas e apresentava transtorno de esquizofrenia. Segundo ela, o filho exigia dinheiro para comprar entorpecentes e demonstrava comportamento agitado e agressivo.
Ao imaginar que os policiais já tinham deixado o local, Otto retornou à residência, sendo então preso. A mãe afirmou viver sob tensão constante e disse que precisa acionar o Samu ou a polícia semanalmente para conter o filho.
Durante a audiência de custódia, entretanto, a mãe declarou que, na data dos fatos, não foi xingada nem ameaçada por Otto. Disse que ele, por vezes, exige dinheiro para comprar drogas, mas que, ao ser recusado, vende pertences próprios, como rádio ou boné. Ela não manifestou interesse em representar criminalmente contra o filho nem em solicitar medidas protetivas de urgência. Informou ainda que pretende continuar buscando a internação involuntária do filho, por meio de sua advogada, por considerá-lo uma pessoa que necessita de tratamento de saúde.