Um dos principais líderes do tráfico de drogas em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi preso nesta quinta-feira (7/8) durante a operação “Domínio Quebrado”, da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). A ação teve como foco desmantelar uma facção criminosa que atua com violência nos bairros Palmital e São Benedito, onde o crime organizado impôs seu domínio nos últimos anos.

Segundo a corporação, entre janeiro e julho deste ano, apenas no Palmital, foram registradas 471 ocorrências de tráfico de drogas, 184 de homicídio tentado ou consumado e 22 de porte ilegal de arma de fogo.

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A operação, coordenada pelo Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc), cumpriu seis mandados de busca e apreensão contra três dos principais chefes do grupo. Entre eles, um homem de 35 anos, apontado como responsável pela logística do tráfico, promoção de festas para o crime e aliciamento de jovens.

“É uma facção criminosa que está estendendo seu domínio territorial, inclusive na região de Santa Luzia, nos bairros Palmital e adjacentes”, afirmou o delegado Davi Moraes. “Eles promovem o tráfico de drogas à luz do dia e vêm travando guerras com gangues rivais, com várias tentativas de homicídio”, disse.

Entre os crimes atribuídos à organização está a execução de um jovem ocorrida em 1º de junho, em plena luz do dia, numa praça da região conhecida como Savassi, no Palmital. “Foi num domingo. O rapaz foi executado na frente de todos. Esse é só um exemplo da brutalidade com que atuam”, disse o delegado.

Moraes explicou que, mais do que buscar flagrantes, o objetivo da operação foi atingir o núcleo financeiro e logístico da facção. “A prisão em flagrante de líderes é muito difícil. Não é isso que procurávamos. Dificilmente um traficante desse nível está com droga ou arma em casa”, explicou.

“Nosso foco é sufocar financeiramente o grupo. Estamos cruzando dados bancários, fiscais, de comportamento, de bens em nome de terceiros. Queremos descobrir quem financia esses criminosos e como funciona o fluxo de dinheiro”, afirmou Moraes.

Bailes funks

Segundo ele, a facção também utilizava bailes funks como estratégia de lavagem de dinheiro e captação de novos membros. “São festas privadas financiadas pelo tráfico, onde circulam armas, drogas e vídeos de ostentação. É assustador: jovens de 16 anos com carregadores estendidos e armas importadas”, completou.

“A população de bem tem colaborado com denúncias. Em certas ruas do Palmital, a qualquer hora do dia, é possível ver a venda de drogas acontecendo”, disse o delegado. “Mas é um tráfico pulverizado, jovens com pouca droga na mão. Você prende um hoje e amanhã outro toma o lugar. Não há mudança real sem sufocar os líderes”, disse.

A operação Domínio Quebrado marca uma nova fase da investigação, que pretende agora identificar os conectores do grupo com outros estados e descobrir o esquema completo de lavagem de dinheiro.

“Esse trabalho precisa ser aprofundado. Só prender o jovem da ponta não resolve. Estamos atacando o núcleo principal da facção para alcançar um avanço social real na comunidade”, concluiu o delegado.

Novas fases da operação devem ocorrer nas próximas semanas, e o material apreendido nesta quinta (7/8) será analisado para subsidiar novas medidas judiciais.