A construção de um condomínio residencial no Bairro Villa Real em Sabará, na região Metropolitana de Belo Horizonte, mudou a rotina dos moradores e tem gerado muitas reclamações. Alguns integrantes da Associação do Bairro Villa Real, entraram em contato com Super Notícia para denunciar o que eles chamam de descaso da empresa responsável pela construção do condomínio de prédios. O empreendimento “Mirante Sabará I e II”, está sendo erguido na Rua Tupy, nº 20, e terá mais de 20 edifícios com 400 apartamentos de 2 quartos no total.

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As obras começaram no final de 2024, mas os problemas nas casas começaram a surgir a partir de janeiro, quando começou o trânsito intenso de caminhões e escavadeiras. O flagrante de movimentação de veículos pesados é constante. Moradores já filmaram tratores tendo que empurrar e puxar caminhões carregados de tijolo pelas ruas íngremes do bairro. Circulando pelas ruas, é flagrante o grande número de buracos, o calçamento de pedra com marcas de valas por onde passam os veículos e sinais de movimentação de solo. 

Adriana Azevedo, dona de casa, mora na Rua Cônego Roussin, nº 480, esquina com Elias Pinto. Ela disse que os caminhões começam a transitar pelas ruas do bairro logo no começo da manhã e não tem hora para parar. "Com a intensa movimentação na frente da minha casa e o peso dos veículos, meu terreno começou a ceder. Não tenho mais quintal", reclamou. Adriana fez uma festa de aniversário para o filho em janeiro quando o problema ainda não havia surgido e enfatizou que nem com as chuvas intensas em outros anos o problema havia aparecido. "No finalzinho de janeiro, comecei a perceber que os blocos do piso começaram a ficar desalinhados. Passados alguns meses, hoje meu muro está completamente torto e o piso revirado", concluiu. A moradora ainda apresentou à reportagem um laudo feito pela Defesa Civil do Município onde os agentes identificaram deslocamento de terra logo abaixo do piso do quintal. 

Éder Pereira Lima, servidor federal, se mudou para o bairro há cerca de 10 meses, ele mora na Rua Professor Caetano Azeredo Coutinho, nº 331, ao lado da obra e disse que a poeira constante tem prejudicado a saúde dos dois filhos que tem asma. "Já os levei ao médico várias vezes, a minha casa fica fechada o tempo todo, mas não adianta, a poeira fina tem afetado a saúde dos meus filhos. Eles até passam um caminhão pipa de vez em quando, mas não adianta", lamentou. O servidor também mostrou uma rachadura no muro que começou a aparecer em janeiro com o início da circulação constante dos caminhões, e foi aumentando ao longo dos meses. "A trinca está de fora a fora na base do meu muro, estou com medo dele cair daqui a pouco", reclamou.

A Associação que representa cerca de 300 moradores do bairro Vila Real já teve duas reuniões com representantes da prefeitura de Sabará. Eles elaboraram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) direcionado para que a construtora amenize os danos causados no cotidiano dos moradores. No termo há o pedido de que haja um limite de horário de circulação de máquinas pesadas e que essa circulação seja feita por ruas menos íngremes, além da necessidade de que o caminhão pipa molhe as ruas mais vezes para amenizar a poeira. 

Além da TAC a Associação também está reunindo moradores interessados em mover uma ação indenizatória coletiva contra os responsáveis pelo empreendimento “Mirante Sabará I e II”. O argumento dos moradores é de que o fluxo intenso de caminhões e máquinas pesadas tem danificado ruas, causado rachaduras e outros problemas em imóveis, além de provocar desvalorização patrimonial e comprometer a tranquilidade e até a saúde dos moradores.

O Super Notícia entrou em contato pelos números de telefone e e-mail disponíveis na página oficial do empreendimento, mas até a publicação dessa reportagem a Construtora ERGLARES não havia respondido. O espaço continua aberto para que a empresa se pronuncie.