Lucas Barbosa (28) e Rebeca Silva (23) são parceiros na ginástica aeróbica esportiva (GAE) desde 2016. Como modalidade, a GAE exige precisão na execução dos movimentos e, na categoria de duplas, sincronia que chegue perto da perfeição.
Dividindo os treinos - e os sonhos - nos últimos seis anos, Lucas e Rebeca entendem muito disso, porém, chamam a atenção por terem personalidades tão distintas. Mas a mistura dá certo. No Mundial da modalidade, ficaram com a medalha de prata, um feito extraordinário para a ginástica aeróbica brasileira.
“Nós somos totalmente diferentes em tudo. Eu sou 800 e ela é 8. Não vou nem dizer 80, porque acho que sou muito mais que isso (risos). Acho que é isso que faz essa parceria dar certo. Ela me controla e eu dou uma impulsionada nela. Conseguimos muito bem achar esse meio-termo”, contou Lucas.
Quando formaram a dupla, essa diferença era motivo de preocupação, já que os dois são diferentes não só em personalidades, mas, também, em como executam os movimentos e como gostam de treinar.
“Tínhamos receio de sermos tão diferentes, principalmente no nosso estilo de ginástica. Ela sempre foi muito graciosa e eu muito explosivo como atletas, mas quando fizemos nossa primeira dupla ficamos impressionados, porque realmente ficou muito bonito”, comentou o medalhista.
A treinadora, que conhece a dupla desde que eram adolescentes, faz coro com o ginasta, e ainda acrescenta que a diferença entre os dois é o que faz o trabalho ter tanto sucesso.
“O encaixe deles é perfeito. Talvez, se eles fossem iguais, não desse tão certo. Eles são muito amigos, e eles precisam ser amigos e quererem as mesmas coisas, sem que uma personalidade ofusque a outra”, contou Kátia Lemos.
Contando históricas com os corpos
Na ginástica aeróbica esportiva, a narrativa da história contada por meio dos movimentos, em conjunto com a música, é um fator importante para a pontuação, e a química entre os atletas é um fator importante. Na campanha do mundial, que apresenta uma rotina ao som da música Spirit, de Beyoncé, mixada com sons do filme Rei Leão, plateia e jurados se emocionaram, como conta a técnica.
“O código pede que as duplas contem uma história. Quando escolhemos esse tema do Rei Leão, foi porque é uma história de amor. Amor familiar. A nossa coreógrafa Carolina Reis, o tempo inteiro, sabia que precisávamos contar um romance. O olho no olho é muito importante. Isso transpareceu para quem assistiu. O ginásio estava em êxtase, gritando ‘Brasil, Brasil, Brasil! Isso é muito emocionante, mesmo para mim, que vejo todos os dias. Eles conseguiram fazer isso”, relatou a professora.