Com a saída de Sylvinho, que assumiu o comando técnico do Lyon, o filho de Tite, Matheus Bachi, de 30 anos, subiu na hierarquia da seleção brasileira e agora só está abaixo do próprio pai e de Cléber Xavier, auxiliar do treinador. Tite decidiu optar pela não contratação de outro profissional para a vaga e promoveu seu filho. No empate sem gols da seleção brasileira com a Venezuela, em partida realizada na noite dessa terça-feira, na Arena Fonte Nova, em Salvador, Matheus era figurinha recorrente na beira do campo orientando os atletas quando das substituições.
Ele aparecia com o tablet em mãos e mostrando o posicionamento que o jogador deveria exercer em campo. A mudança de patamar do filho de Tite na seleção brasileira não passaria impune na coletiva pós-jogo. O comandante da seleção brasileira foi questionado acerca do privilégio concedido a Matheus e se isso conflitaria com o contexto histórico do país, sempre ligado às capitanias hereditárias e à prática do nepotismo. Não apenas a isso, mas também se tal medida não conflituava com a ética sempre pregada por Tite.
"Eu tenho muito orgulho da capacidade que o Matheus tem, e ele está apto às posições que ele realmente tem condição para tal. Essa é a minha avaliação. Sobre a outra situação de comparar isso tudo (com a situação histórica do país), eu não tenho o devido conhecimento. A expressão e a afirmação ela é tua (jornalista). Eu não estou falando em relação à Bahia e a todas as pessoas que fazem parte disso politicamente. Eu estou falando do Matheus e da minha exigência e da minha relação", pontuou Tite.
O questionamento foi proposto pelo jornalista Breiller Pires, do "El País", que já havia feito uma coluna sobre a situação 'peculiar' do filho de Tite na seleção brasileira. Matheus está na comissão técnica do pai desde 2016. O ano de sucesso com o Corinthians antes da chegada do comandante à seleção trouxe poucos questionamentos sobre o fato.
Mas, por si só, a decisão era polêmica, já que a CBF precisou passar por cima de seu código de conduta, que veta a contratação de parentes de funcionários, para ter o filho de Tite na comissão. Antigamente, Matheus limitava-se apenas a questões de preparação dos treinos. Hoje ele tem voz ativa nos encontros técnicos do time e, como o próprio pai salientou em entrevista quando da saída de Sylvinho, está abaixo só de Cléber Xavier.