Samara, Rússia. Nem todo brasileiro irá torcer nesta segunda-feira (2) por uma vitória da seleção brasileira diante do México, às 11h, em busca de uma vaga nas quartas de final da Copa do Mundo. Seja por não concordar com os rumos do país, com a corrupção que levou à prisão de vários dirigentes da CBF ou ainda com a apropriação da camisa oficial verde-amarela em protestos recentes, tem muita gente que prefere virar o nariz para o time.
Mas, nem por isso, seremos menos de 200 milhões. O grupo daqueles que abraçam a única pentacampeã mundial conta com o reforço de torcedores de diversos países, muitos devidamente uniformizados, que adotaram a nossa seleção como se fosse o seu país.
A lista de nacionalidades de torcedores que declaram seu amor e apoio à seleção é enorme. Tem gente da África do Sul, Jamaica, Hong Kong, Taiwan, China, Guatemala, Israel, Geórgia, EUA, Índia, Finlândia, entre outros. Como suas equipes nacionais não estão participando desta edição da Copa, eles já sabem para quem vão torcer.
O que faz com que eles tenham tanto carinho pelo time brasileiro? A maioria é unânime em dizer: tradição, craques históricos e recentes, um futebol capaz de encantar o mundo inteiro, jogadores que fazem a diferença nas principais equipes internacionais. Para eles, isso é motivo suficiente para vestir a camisa amarela como se fosse um manto. “Amo o futebol brasileiro pelos grandes jogadores que sempre marcaram gerações”, diz o chinês Guo Qing, apoiado pelo amigo Chu Chi. “Aprendi a admirar o Brasil por conta dos jogadores. Meu favorito é o Ronaldo”, diz.
Um país que revelou ao mundo Pelé, Romário, Bebeto e Ronaldo consegue adesão de torcedores de várias origens e sotaques. “Quando eu tinha 10 anos, eu fiquei completamente encantada pelo Ronaldo. Virou meu jogador favorito e eu passei a acompanhar a seleção por conta dele. A paixão pelo Fenômeno está até aqui na minha camisa. O futebol brasileiro, para mim, está representado nele”, diz Hanna Harju, da Finlândia.
Há aqueles que escolhem a seleção de Tite por gostarem do povo brasileiro, se identificarem com o país e com o nosso jeito. “Jamaicanos e brasileiros são bastante similares. São povos felizes, festivos, que sempre gostam de receber as pessoas bem. Quando chega a Copa, não tem jeito. Minha torcida é toda pelo Brasil”, garante o jamaicano Daine Thomas, 57. “Fomos ao Brasil em 2014 para acompanhar a Copa e ficamos encantados com o país, com o povo e toda a receptividade. Sempre vamos levar boas lembranças do país e estamos na torcida”, justifica o casal australiano, Luke e Summa Wilby.
E a cultura brasileira, que espalhou para o mundo a beleza da Bossa Nova e a ousadia da Tropicália? Motivo suficiente para ter fascínio pelo país verde-amarelo para a georgiana Sophia Khubutiya. “Desde pequena sou apaixonada pela cultura brasileira, principalmente pela música. Escuto Tom Jobim, Gal Costa, Caetano Veloso, artistas que me fizeram ter esse amor pelo Brasil”, confirmou.
Festa no Mineirão. O torcedor que quiser assistir à partida no Mineirão deve ficar atento. Por causa da confusão no último jogo, haverá cobrança de ingressos. Os bilhetes custam R$ 10 e serão vendidos a partir de 8h na bilheteria norte até que a carga total de 30 mil ingressos se esgote. Após o confronto haverá show da banda Cheiro de Amor. Além da música, o espaço terá outras atrações como telões, quiosques de comida e bebida.
Estratégia especial para driblar o calor que deve chegar a 35°C
Samara, Rússia. O Brasil não terá apenas o México como adversário, nesta segunda-feira, em Samara, pelas oitavas de final da Copa do Mundo da Rússia. A temperatura, que deve chegar à casa dos 35°C no horário do jogo, preocupa, e muito, a comissão técnica da seleção brasileira. Tudo bem que o calor é ruim para os dois lados e, por isso, um bom trabalho de prevenção contra a desidratação pode ter efeito direto no resultado da partida.
E olha que o duelo, caso termine empatado no tempo normal, pode chegar a 120 minutos de prática esportiva em alta performance ao fim da prorrogação. A partida começa às 18h no horário local, o pico de temperatura do dia no verão europeu. No domingo (1) mesmo, em treinamento no estádio, já foi possível sentir os efeitos da temperatura elevada.
A umidade relativa do ar também estará baixa, próxima a 33%. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice mínimo recomendado é 60%. Diante da situação, o preparador físico Fábio Mahseredjian traçou algumas estratégias. “A desidratação virá, não tem como evitar. Existem estratégias de uma pré-hidratação e isso nós temos como objetivo. Tentar com que o atleta se hidrate bem antes de iniciar a partida é um dos objetivos, administrando soluções isotônicas para que ele não sinta tanto os efeitos dessa desidratação”, explicou Mahseredjian. “Quanto mais o atleta desidrata, a queda de performance é proporcional. Isso será para as duas equipes”, completou.
Essa questão do desgaste provocado pelo calor, aliás, foi um dos motivos para a não escalação do lateral-esquerdo Marcelo, que teve um espasmo na coluna no último jogo, contra a Sérvia, treinou pouco e não suportaria um jogo tão intenso, na avaliação da comissão técnica. (Thiago Nogueira)
Thiago Silva será o capitão
O técnico Tite confirmou o lateral-esquerdo Filipe Luís como titular nesta segunda-feira contra o México, Fagner na outra ponta e o zagueiro Thiago Silva como capitão. Marcelo, que começou os primeiros jogos, ainda se recupera de uma dor nas costas que o tirou do duelo contra a Sérvia. Em entrevista coletiva no domingo, o treinador também adiantou a efetivação de Fagner no time titular no lugar de Danilo, que era o dono da posição na estreia contra a Suíça. Ele sofreu uma contusão, mas já está liberado. Porém, Tite preferiu continuar com Fagner, que atuou nas duas últimas partidas. “Falei com o Danilo antes do treino o critério para a escolha. Ele vinha jogando bem, ficou dois jogos fora, o Fagner entrou muito bem e permanece. Permanece pelo desempenho nos dois jogos, desempenho de alto nível em dois jogos decisivos que tivemos”, justificou o treinador. Sobre Marcelo, Tite explicou que numa situação normal ele jogaria, mas preferia não colocá-lo em campo em um jogo tão importante para não correr o risco de perdê-lo para outros duelos. O restante da equipe não terá modificações para o confronto dessa segunda-feira.