Em entrevista ao Super.FC, Kris Brettas, superintendente jurídico do Cruzeiro, deu um panorama sobre as pendências judiciais do clube na FIFA e a situação de imprevisibilidade por causa da pandemia do coronavírus. Kris reconheceu, no entanto, que dois clubes ainda não aceitaram o condomínio de credores proposto pela Raposa. São eles o Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos; e o Zorya, da Ucrânia. As negociações envolveram as vindas do volante Denilson e do atacante Willian Bigode.
A negativa preocupa o conselho gestor, uma vez que os processos não possuem mais recursos. Resta ao clube apenas o pagamento. O caso imediato é o do Al Wahda, que vence no fim do mês de maio. Um não pagamento dessas dívidas na FIFA pode render ao Cruzeiro perda de pontos.
“O caso da Fifa é hoje uma grande preocupação do Cruzeiro porque é um caso extremamente grave, sério, porque envolve inclusive punição desportiva. O clube pode perder pontos, são seis pontos a cada processo, e inclusive pode ser rebaixado”, disse Kris Brettas ao Super.Fc.
“É uma situação grave, delicada e que não cabe mais recurso. Os processos chegaram ao fim no ano passado, os dirigentes antigos do Cruzeiro, de forma irresponsável, deixaram que isso acontecesse, deixaram que os processos chegassem ao fim e sem qualquer tipo de negociação com os clubes. Não existe mais qualquer espécie de recurso neste caso, e nós estamos tentando fazer uma tentativa de negociação com todos esses clubes credores do Cruzeiro. Nós criamos um condomínio de credores, apresentamos a todos esses clubes, mas eu diria que o Al Wahda e o Zorya, da Ucrânia, não aceitaram ainda essa proposta, então estamos fazendo outras alternativas e várias propostas de acordo. Estamos tentando uma negociação que envolve o jurídico e vários departamentos do clube porque recurso financeiro para pagar neste momento o clube não dispõe”, acrescentou Kris Brettas.
O imbróglio mais imediato envolve uma ação do Al-Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, pela vinda do volante Denílson ao clube celeste em 2016. Existe uma ordem de pagamento de R$ 4,2 milhões já encaminhada ao Cruzeiro que necessita ser paga até o fim de maio.
“Estamos tentando encontrar mecanismos para fazer isso sem que o clube receba qualquer tipo de punição. Mas eu diria que isso é muito sério. Está sendo levado de forma muito diligente por todo o conselho gestor e reforçando essa preocupação o tempo todo e que a gente quer encontrar uma solução com esses clubes para isso. Mas não é fácil porque chegamos a um momento que não cabe mais nenhum tipo de adiamento jurídico no caso”, explica Kris Brettas.
A maioria das dívidas contraídas pelo Cruzeiro junto à Fifa são frutos da administração Gilvan de Pinho Tavares. Apenas uma, a de Pedro Rocha, é herança da gestão Wagner Pires de Sá. O cronograma de pagamentos do clube estipula os seguintes prazos: R$ 2,5 milhões até março de 2020; R$ 22,5 milhões até 1º de abril de 2020; R$ 18,8 milhões até setembro de 2020, e outros R$ 4,5 milhões até janeiro de 2022.
Abaixo estão a lista dos débitos já conhecidos em valores arredondados:
Denilson - Al Wahda - EAU - R$ 4,2 milhões -
Luis Caicedo - Independiente del Valle-EQU - Processo desmembrado - dois valores - R$ 2,7 milhões / R$ 5,4 milhões
Ramón Ábila - Instituto-ARG - R$ 600 mil
Rafael Sobis - Tigres-MEX - Processo desmembrado - dois valores - R$ 4,4 milhões / R$ 4,3 milhões
Duvier Riascos - Monarcas Morelia-MEX - R$ 5 milhões
Arrascaeta - Defensor Sporting Club-URU - R$ 5,6 milhões
Willian - Club FC Zorya-UCR - Processo desmembrado - dois valores - R$ 2,5 milhões / R$ 4,8 milhões
Fifa - diretamente à entidade / sem especificação - R$ 4,3 milhões
Paulo Bento e comissão técnica - R$ 1 milhão
Pedro Rocha - Spartak Moscou-RUS - R$ 3,5 milhões
Ricardo Goulart - Taubaté - R$ 65 mil