O empresário Aquiles Leonardo Diniz, um dos acionistas do Banco Inter, escreveu um artigo sobre o modelo de clube-empresa. Conselheiro nato do Cruzeiro, ele aponta que essa é a grande saída para a recuperação dos clubes brasileiros. "Confiante na aprovação da lei do clube-empresa e antecipando-me ao processo que se dará após a transição para Sociedade Anônima Futebol (SAF), aposto na criação de fundos de investimentos (FIP’s)  como alternativa viável e imediata para dar visibilidade e viabilidade financeira aos clubes, que vão se reestruturar economicamente, voltando a ser competitivos, além de gerar renda a futuros investidores", diz trecho do artigo.

Na conclusão do artigo, Aquiles Diniz destaca: "Ao investidor interessa a confiabilidade da empresa e a capacidade dos gestores em gerar rentabilidade, dentro de um projeto organizado e competente. Aos torcedores interessa o resultado final que potencialize o objetivo inato dos clubes: conquistar títulos e glórias eternas."

 

Confira a íntegra do artigo

Futebol S/A: a solução

O cenário recorrente de endividamentos sem precedentes e péssimas administrações dos clubes de futebol brasileiros, onde a paixão prevalece sobre a razão, não apresenta outra alternativa que a migração para o modelo de clube-empresa. É questão de pura sobrevivência ou risco iminente de desaparecer do cenário esportivo brasileiro. Podemos afirmar, sem medo de errar, que este é o caminho sem volta para todos os clubes. Entender essa nova dinâmica que se apresenta é o desafio que cada diretoria terá que assumir, tendo a certeza de que poderá contar com o apoio irrestrito dos verdadeiros torcedores.

A aprovação do projeto de lei que cria o clube-empresa, em tramitação no Congresso Nacional, possibilitará aos clubes a transferência do modelo atual de associação civil sem fins lucrativos para empresas lucrativas, a partir da estruturação e organização de sociedades anônimas do futebol, desde que constem no estatuto de cada clube, aprovados pelos seus respectivos conselhos.

O padrão clube-empresa não é novidade fora do Brasil, sendo amplamente difundido em vários países da Europa e nos Estados Unidos. Alguns deles já se constituem como empresas, desde o início do século passado.

Só vejo benefícios na proposta que tem como objetivo principal viabilizar financeiramente os clubes, gerando rentabilidade e lucros para todos.

Conhecendo de perto a realidade do futebol, a possibilidade de transformar diretorias esportivas amadoras em gestões empresariais competentes não há precedente na história do país. Profissionais experientes irão administrar e criar condições adequadas para que esse sistema funcione de fato, fornecendo acesso a investimentos altamente rentáveis.

Além de permitir a administração das altas dívidas, reduzindo e escalonando os débitos, a adesão ao novo modelo clube-empresa possibilitará a gestão profissional que irá atrair mais investimentos nas atividades esportivas dos clubes.

O caminho a seguir é o mesmo do regime empresarial, regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários ( CVM ), com governança corporativa transparente e divulgação de dados financeiros.

Como em todas sociedades civis, os administradores serão bem definidos respondendo com seus próprios bens e os dirigentes responsabilizados pelos seus atos; isso muda tudo.

Com a mudança, os clubes terão a possibilidade de levantar recursos por meio da emissão de debêntures, de ações negociadas em bolsa ou de investidores.

Confiante na aprovação da lei do clube-empresa e antecipando-me ao processo que se dará após a transição para Sociedade Anônima Futebol (SAF), aposto na criação de fundos de investimentos (FIP’s)  como alternativa viável e imediata para dar visibilidade e viabilidade financeira aos clubes, que vão se reestruturar economicamente, voltando a ser competitivos, além de gerar renda a futuros investidores.

A frase “pecunia non olet “ - o dinheiro não tem cheiro, princípio do direito tributário, adaptada livremente à realidade futebolística, aqui entre nós, “o dinheiro não tem cor”, o investimento pode ser preto e branco, azul ou verde, não importa.

Ao investidor interessa a confiabilidade da empresa e a capacidade dos gestores em gerar rentabilidade, dentro de um projeto organizado e competente.

Aos torcedores interessa o resultado final que potencialize o objetivo inato dos clubes: conquistar títulos e glórias eternas.

Aquiles Leonardo Diniz

Conselheiro nato do Cruzeiro Esporte Clube