Eleição

Cruzeiro: urna decisiva para eleito do Conselho tinha conselheiros excluídos

De acordo com os três candidatos derrotados por Paulo Pedrosa, eleito, não haverá contestação; presidente da comissão eleitoral detalhou cenário

Por Isabelly Morais
Publicado em 21 de maio de 2020 | 21:07
 
 
 
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A disputa para a mesa diretora do Conselho Deliberativo do Cruzeiro foi bastante apertada, nesta quinta (21). Cerca de uma hora após o término da apuração, torcedores na porta do clube do Barro Preto relataram que um dos candidatos derrotados do Conselho teria afirmado que contestaria a vitória de Paulo Pedrosa, definida pelos votos dos conselheiros excluídos que conseguiram liminar na justiça para votar.

Minutos depois, o presidente da comissão eleitoral, Gilvan de Pinho Tavares, deixou o clube em direção ao seu carro e, ao ser abordado pela reportagem, confirmou que os votos dos conselheiros reintegrados estiveram na quinta e decisiva urna. Giovanni Baroni liderava até a quarta, mas Pedrosa virou a chave na última.

A reportagem procurou os três candidatos derrotados para avaliar a procedência do que disseram os torcedores. Giovanni Baroni, que ficou apenas dez pontos atrás do eleito Pedrosa, disse que não vai contestar a eleição do candidato mais votado.

"Cruzeiro não aguenta isso. Muita coisa para fu*** o Cruzeiro. Cruzeiro não aguenta mais judicializacão. Não vou prejudicar o Cruzeiro. Como conseguir dinheiro para pagar as dívidas com eleições judicializadas? Cruzeiro é minha vida, e se ele acabar?", colocou Baroni, que levou 102 votos, contra 112 de Pedrosa.

Paulo Sifuentes, terceiro na disputa, teve 99 votos. Ele também descartou entrar na justiça. "Fui terceiro colocado e não tenho nenhuma inclinação para impugnação nenhuma. Reconheço o resultado das urnas. Se não foi possível ganhar, não tenho nenhuma vontade. Da minha parte, não vou judiciar. Foi muito equilibrado, voto a voto", pontuou.

Já Luiz Carlos Rodrigues, que teve 35 votos e ficou em quarto, chegou a dizer que lamenta "tudo isto", mas descartou a contestação da eleição de Pedrosa. "Não será minha iniciativa. Respeito democraticamente, as urnas. Mas lamento tudo isto. Lamento de onde surgiu esta insinuação. Lamento os remunerados excluídos terem sido o fiel da balança na eleição. Lamento ver perdido o trabalho de moralização feito pelo Conselho Gestor", disse Luiz.

Evolução das urnas

Giovanni Baroni liderou as quatro primeiras urnas, com Paulo César Pedrosa e Paulo Sifuentes alternando na segunda posição nessas parciais. Dos 30 conselheiros excluídos em abril, 29 conseguiram liminar na justiça para participar das eleições. Oficialmente, ainda não se sabe se todos eles compareceram. 

Veja a evolução dos votos de acordo com cada urna

Primeira urna
Paulo Pedrosa: 23
Giovanni Baroni: 31
Paulo Sifuentes: 19
Luis Carlos Rodrigues: 5

Segunda urna
Paulo Pedrosa: 24 (soma: 47)
Giovanni Baroni: 20 (soma: 51)
Paulo Sifuentes: 22 (soma: 41)
Luiz Carlos Rodrigues: 8 (13)

Terceira urna
Paulo Pedrosa: 22 (soma: 69)
Giovanni Baroni: 21 (soma: 72)
Paulo Sifuentes: 30 (71)
Luiz Carlos Rodrigues: 9 (22)

Quarta urna
Paulo Pedrosa: 18 (soma: 87) 
Giovanni Baroni: 25 (soma: 97) 
Paulo Sifuentes: 19 (soma: 90) 
Luiz Carlos Rodrigues: 13 (soma: 35) 

Quinta urna
Paulo Pedrosa: 25 votos (final: 112)
Giovanni Baroni: 5 votos (final: 102)
Paulo Sifuentes: 9 votos (final: 99)
Luiz Carlos Rodrigues: 4 votos (final: 35)

É possível contestar?

De acordo com Gilvan de Pinho Tavares, dificilmente uma decisão como a desta quinta terá fundamentos para ser contestada.

"Todos assinaram concordando que os votos desses conselheiros [excluídos] seriam contabilizados. Acredito que não vai haver recurso porque eles não teriam base para recorrer", pontuou o presidente da comissão eleitoral.

Na semana passada, uma reunião da comissão com todas as chapas definiu um termo de conduta. Nesta quinta, um termo aditivo foi assinado por todos, em que estava esclarecido o parecer da justiça favorável aos 29 conselheiros.

"Antes mesmo da eleição, nós chamamos os membros das chapas e assinamos um aditivo ao termo de conduta, explicando para eles que chegou pro presidente da comissão um mandado judicial do Tribunal de Justiça mandando reintegrar todos os conselheiros que conseguiram na justiça. Nesse mesmo processo, veio uma decisão do mesmo desembargador negando o recurso do Cruzeiro. Não tinha como a gente deixar de obedecer a decisão da justiça", explicou Gilvan.

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