Na sede do Cruzeiro, enquanto mais uma reunião importante se desenrolava para escolher André Argolo como diretor executivo do clube, uma das figuras que representam a fase tempestuosas da Raposa nos últimos anos marcava presença: Gonzalo Latorre.
O jogador uruguaio, contratado a contrapeso da vinda de Arrascaeta para o clube, discutia o término de seu contrato e tentava dar baixa na carteira de trabalho. Logo após a solução da pendência, ele conversou com a reportagem sobre a passagem 'aloprada' na Toca da Raposa II. O jogador jamais entrou em campo no time profissional. Foram quatro anos e meio vinculado ao Cruzeiro.
Na sede do Cruzeiro no aguardo do término da reunião do Núcleo Dirigente Transitório, encontrei aqui com Gonzalo Latorre, que veio resolver sua situação documental com o clube. Taxado como uma das piores contratações da Raposa, ele deu sua versão sobre o que aconteceu #cruzeiro pic.twitter.com/cniim90ino
— Josias Pereira (@josiaspereira) January 6, 2020
Nem mesmo Latorre consegue explicar o que deu errado em Belo Horizonte. Para muitos, ele foi considerado a pior contratação do Cruzeiro em todos os tempos. "Essa é uma pergunta que realmente não depende de mim. Eu treinava, me apresentava, isso não é uma pergunta que eu possa responder. Eu acho que fiz de tudo para ser aproveitado, eu treinava, nunca tive uma falta justificativa, mas não é uma pergunta que eu posso responder", disse Latorre.
O jogador negou que tenha feito qualquer tipo de pressão para não deixar BH mesmo quando especulações dava conta de possibilidades de transferência para outros times do Brasil. Latorre afirmou que o grande problema foi a forma diferente com que a diretoria do Cruzeiro o tratava.
Latorre disse à reportagem que existem pendências financeiras do Cruzeiro em relação ao seu contrato. Terminou dizendo sobre uma certa mágoa e que o torcedor celeste verá que ele poderia ter sido útil ao clube. Ele vai defender o Cerro Largo, do Uruguai #cruzeiro pic.twitter.com/8A4HkP9Gpm
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"Eu trouxe milhões de situações para poder ser emprestado, mas eu sempre senti que o tratamento de como se fazia o empréstimo para mim era diferente do que era praticado para outros atletas. Então isso me proíbia, por diferenças econômicas, de sair do clube. Logicamente que são decisões dos atletas, tem vezes que qualquer outro atleta tinha que abrir mão de algumas coisas, mas eu achava que com outros jogadores era completamente diferente do que era comigo", reforçou o jogador.
De acordo com Latorre, o Cruzeiro ainda o deve. Mas ele confia que a situação financeira do clube vai se resolvar, não existindo impedimentos para sua transferência ao Cerro Largo, do Uruguiai.
"A situação dos atletas eu acho que é a mesma para todos. O clube está devendo o mesmo para todo mundo (quatro meses). Sim, tem pendências, agora mesmo eu estava falando com os recursos humanos, e eu acho que vão conseguir minha situação. Eles têm tempo até o dia 10 de janeiro. Foi o que comunicaram. Acho que vai darr tudo certo. Não conheço pessoalmente quem está dirigindo o clube, mas são pessoas séries, exitosas em suas empresas, e que sabem gerir bem situações assim. Acho que não vai ter nenhum tipo de problema para fechar esse contrato comigo", apontou o ex-jogador do Cruzeiro.
Em sua última fala na porta da sede administrativa do Cruzeiro, Latorre expressou sua mágoa em relação a forma que foi tratado e destacou que agora, no Cerro Largo, clube que defenderá no Uruguai e que vai disputar a Pré-Libertadores, o torcedor pooderá ver o que ele não pode demonstrar em Belo Horizonte.
"Uma mágoa, sim, porque realmente eu achava que tinha possibilidade de jogar aqui, vim aqui pensando que ia jogar aqui, poder ter minutos, demonstrar o que demonstrei no Uruguai em seleções de base, tinha outras situações para sair do Peñarol quando chegou o interesse do Cruzeiro, mas decidimos, juntamente com o meu ex-empresário (Daniel Fonseca) vir para aqui. Acho que agora tem meu recomeço de carreira e eu acho que o torcedor cruzeirense vai poder ver o que eu posso dar dentro do campo e vai perceber algumas coisas", concluiu Latorre.
No ano passado, o Cruzeiro teve que pagar R$ 18,5 milhões ao Atenas, do Uruguai, pela negociação envolvendo Latorre. O jogador foi revelado pelo Peñarol, mas vinha atuando pelo Atenas quando da negociação com a Raposa. O pagamento foi efetuado porque a Raposa poderia sofrer sanções da Fifa, como perda de pontos no Campeonato Brasileiro, por conta do não pagamento da transferência do atleta.