Um dos grandes questionamentos da torcida do Cruzeiro sobre a transferência de Pedro Rocha ao clube no ano passado era a participação do banco Digimais na transação, anunciada à época por Itair Machado como parceiro no pagamento do jogador, que veio por empréstimo junto ao Spartak Moscou. A negociação, no entanto, virou uma bola de neve, com o desfecho da história se concretizando nessa quinta-feira, com o pagamento de R$ 2,4 milhões ao clube russo após ordem de pagamento em ação impetrada na Fifa.
O Cruzeiro poderia ser punido com o impedimento do registro de atletas em caso de não pagamento. Sérgio Santos Rodrigues, presidente celeste atual, foi questionado por um torcedor durante live sobre a participação do Digimais na operação por Pedro Rocha e o motivo da instituição supostamente não ter pago o valor. O dirigente destacou que apurou o fato junto ao banco, e a resposta da insituição foi que a antiga gestão solicitou o adiantamento do patrocínio e o valor foi pago, porém não destinado à finalidade principal que era quitar a pendência por Pedro Rocha.
"Na verdade foi um mal entendido. A gente procurou apurar isso junto ao banco o que ocorreu e o que eles relataram é que os dirigentes que, se Deus quiser, nós vamos expulsar para sempre aqui do clube, que estavam aqui à época, eles pediram o valor adiantado de patrocínio para o banco, o Digimais adiantou esse valor e eles não pagaram a contratação que eles fizeram. Então, como costumeiramente eles relatam, como fizeram com dinheiro de imposto e outros valores, a gente não sabe para onde foi, acho que a Polícia vai mostrar isso para nós. Mas, enfim, infelizmente a culpa não foi do parceiro, pelo contrário. Para variar, o dinheiro foi mal gasto", disse Sérgio Santos Rodrigues.
Itair diz que valores foram gastos em dívida por Latorre
O Super.FC entrou em contato com Itair Machado para saber o que de fato aconteceu no ano passado. O ex-vice de futebol rebateu a fala de Sérgio Santos Rodrigues e apontou que os valores tiveram outras destinações, mas todas dentro do futebol do Cruzeiro.
"O dinheiro foi usado para pagar a dívida do Latorre, que com os impostos deu mais de R$ 20 milhões. E a primeira parcela do Pedro Rocha foi paga sim", rebateu Itair.
Em 8 de maio do ano passado, o Cruzeiro anunciou o pagamento de aproximadamente R$ 18,5 milhões ao Atenas, do Uruguai, pela contratação do atacante Gonzalo Latorre, efetuada em janeiro de 2015. O clube celeste tinha até o dia 15 de maio para quitar a dívida e evitar possíveis sanções da Fifa. Com as custas processuais, a operação teria superado os R$ 20 milhões, segundo Itair.
Pedro Rocha foi anunciado pelo Cruzeiro no mês anterior, no dia 2 de abril. O empréstimo de Pedro Rocha custou 750 mil euros (R$ 3,2 milhões à época). E, no processo movido pelo Spartak, coube ao Cruzeiro o pagamento de 395.619 mil euros (cerca de R$ 2.472.178 milhões na cotação atual).
Quando do anúncio da Digimais, o Cruzeiro tinha o objetivo junto à instituição financeira da criação de 1,2 milhão a 1,5 milhão de novas contas. Os lucros proporcionados por novas adesões gerariam receitas à Raposa, que também receberia do banco um valor fixo anual superior aos R$ 10 milhões pagos pela Caixa Econômica Federal em 2018. No fim do ano passado, Zezé Perrella anunciou a sequência da parceria com o Digimais, mas a instituição passaria a ocupar outro lugar no uniforme e o Supermercados BH passaria a ser o patrocinador máster.
Itair ainda apontou que essa questão financeira não estava ao seu alcance no período. "Isso é com o ex-presidente e o ex-diretor financeiro. Dinheiro não era comigo", reforçou à reportagem.
O Super.FC buscou contato com Wagner Pires de Sá e também com Flávio Pena, os nomes referidos por Itair Machado, mas não obteve retorno para comentar as declarações relacionadas ao uso do dinheiro solicitado junto ao banco Digimais.