O Sada Cruzeiro contou com uma boa dose de sorte na hora de buscar o substituto do central cubano Simon. Sem contrato com qualquer clube, o francês Le Roux, de 29 anos e 2,09 m, estava livre no mercado e veio suprir uma imprevista carência de última hora.
Com pouco mais de uma semana em Belo Horizonte, ele já se mostra ambientado com o novo grupo e mostrou eficiência auxiliando a equipe na conquista de mais um caneco do Estadual. Se falta entrosamento, o francês fã de rap mostrou já ter caído nas graças da torcida.
Você chegou a fazer uma pesquisa antes de acertar com o Sada Cruzeiro para conhecer melhor o clube, os companheiros, a cidade, etc?
Sim, claro que sim. Pude perceber que se trata de um clube grande, com muitos títulos e pretensões. Pude saber quem eram os jogadores que aqui estavam e um pouco da trajetória do time.
Como foi a recepção dos novos companheiros de grupo e da comissão técnica?
Foi excelente. Todos foram muito atenciosos e legais comigo, sempre me dando as boas vindas e se mostrando à disposição para ajudar na minha adaptação. Posso dizer que me sinto em casa desde a hora que cheguei, os sentimentos iniciais por aqui são os melhores possíveis.
Algum jogador mais próximo de você, neste primeiro momento, para ajudar nessa adaptação?
O ponta Filipe e o líbero Serginho falaram comigo antes mesmo do meu desembarque. Nas conversas, eles me deram as boas vindas e os parabéns pela contratação. Tento me comunicar com todos, até mesmo com os que não falam inglês muito bem. É sempre bom ter esse contato para me sentir parte do grupo o quanto antes.
Você já conhecia o técnico Marcelo Mendez?
Para ser bem honesto, não conhecia, não. O que eu pude saber dele, já nos primeiros dias, é que se trata de um treinador que gosta muito de trabalhar. Isso para mim não é problema algum, já trabalhei com outros treinadores com esse tipo de perfil. Será algo parecido, e espero dar meu melhor nos treinamentos e nos jogos.
Já percebeu alguma diferença entre os treinos daqui e os da Europa?
Já senti um pouco. Aqui temos treinos duas vezes por dia e, na Europa, costuma ser apenas um, no período da tarde, e algumas folgas na semana. Em muitos momentos, por lá, acontecia de termos apenas uma folga pela manhã na semana, algo que acontece por aqui também. Para mim, é tranquilo acordar cedo e ir treinar todos os dias. Não tem problema algum.
Já consegue arranhar alguma palavra no português?
Ainda não. Sei falar algumas coisas, como “bom dia”, mas falo mais nada além disso. Acho que vou precisar de algumas aulas...
Imagino que a internet vá lhe ajudar bastante nesses primeiros momentos?
Com certeza. Em restaurantes, por exemplo, eu sempre recorro ao tradutor para ter certeza de que farei o pedido certo. É primordial, na verdade.
O que dizer da chance que vai aparecer, pela primeira vez na sua carreira, de disputar um Campeonato Mundial?
Estou muito feliz, é um dos maiores torneios do mundo, uma chance grande para todos. Nunca estive nesse campeonato, e vamos ver como será nossa participação quando o final de novembro chegar.
Como deve ser a postura de um time em um Mundial de tiro curto?
Cada jogo é uma final, precisamos jogar nosso máximo em todas as partidas. É um torneio que exige muito da parte mental e física, será preciso estarmos bem preparados para irmos bem, sem muita chance de recuperarmos possíveis erros.
Este será o Mundial de Clubes mais complicado de todos os tempos?
Não sei dizer, pode ser que sim. Todos os anos, na verdade, são complicados. Há um ou dois anos, o nível foi altíssimos, e assim seguirá sendo.
Já está recuperado da lesão na coxa, sofrida no começo do Mundial?
Sim. Cheguei a atuar pela França nas últimas partidas do torneio, já estou bem, recuperado e sem sentir dor.
Quais foram suas impressões no seu primeiro jogo relacionado, contra o Lavras, no ginásio do Riacho?
Foi além do que eu esperava. Meus companheiros foram bem, não cheguei a jogar porque desembarquei um pouco fora de ritmo. Será preciso continuar com o bom desempenho. Já escutei que se joga muito por aqui, e teremos muitas partidas pela frente. (O Sada Cruzeiro vai participar de um total de sete competições nesta temporada)
Você gosta muito de rap, certo?
Sim, adoro hip hop! Dance hall também.
Acha que os companheiros de time vão deixar você colocar sua playlist na academia?
Já deixaram! Alguns falaram comigo que gostaram. Não sei se todos aprovaram, mas alguns vieram falar comigo que curtiram bastante.
Passava pela sua cabeça jogar no Brasil algum dia?
Na verdade, não. Foi algo inesperado, que simplesmente aconteceu. Recebi contato do meu agente falando do interesse de um time do Brasil. Perguntei para mim mesmo: “por que não?”. Sabia que podia ser uma experiência rica, diferente e válida. O Brasil é o país do vôlei, acho que será uma oportunidade muito legal de estar aqui e conhecer tudo que vocês têm para oferecer.
O que você pode dizer sobre o fato de jogar em um time que tem uma torcida que vem dos estádios de futebol?
Acho ótimo e vivenciei algo parecido na Rússia, quando defendi o Dínamo Moscou. É sempre interessante ter fãs diferentes, que se comportam com mais energia e costumam lotar os ginásios. Muitas vezes, é justamente desse tipo de torcida que precisamos.