A Amazon está prestes a ter mais robôs que funcionários humanos em seus armazéns ao redor do mundo. A empresa já implementou mais de 1 milhão de máquinas em suas instalações, enquanto mantém cerca de 1,56 milhão de pessoas em seu quadro de funcionários, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (2).

Liderada por Andy Jassy, a companhia intensificou investimentos em automação para otimizar operações logísticas. Dados do Wall Street Journal mostram que três quartos das entregas globais da Amazon recebem, atualmente, algum tipo de assistência robótica.

"Eles estão um passo mais perto da realização da integração total da robótica", afirmou Rueben Scriven, gerente de pesquisa da empresa de consultoria em robótica Interact Analysis, em declaração ao jornal.

Em uma instalação de 3 milhões de pés quadrados em Shreveport, Louisiana, mais de 72 braços robóticos classificam e empilham milhões de produtos. Os itens passam por esse armazém 25% mais rápido do que em outras unidades.

O número médio de funcionários por instalação caiu para aproximadamente 670 no ano passado, o menor nível dos últimos 16 anos, conforme análise do Journal. A produtividade aumentou significativamente, com o número de pacotes enviados por funcionário chegou a 3.870, em comparação a 175 há dez anos.

Um porta-voz da empresa destacou que a introdução de robôs não reduziu o quadro geral de funcionários. "Desde a introdução de robôs nas operações da Amazon, continuamos a contratar centenas de milhares de funcionários para trabalhar em nossas instalações e criamos muitas novas categorias de empregos em todo o mundo. Isso inclui posições como especialistas em controle de fluxo, monitores de piso e engenheiros de manutenção de confiabilidade", disse.

Jassy reconheceu em entrevista recente à CNBC que a força de trabalho corporativa da empresa deve diminuir nos próximos anos com o avanço da inteligência artificial. "Como em toda transformação técnica, haverá menos pessoas fazendo alguns dos trabalhos que a tecnologia começa a automatizar. Mas haverá outros empregos", declarou o CEO.

A trajetória de Neisha Cruz exemplifica as novas oportunidades criadas pela automação. Após cinco anos selecionando itens em uma instalação em Windsor, Connecticut, Cruz agora trabalha em um escritório no Arizona. "Eu pensei que estaria fazendo trabalho pesado, pensei que estaria andando como louca", afirmou ela ao Journal.

Em sua nova função, Cruz supervisiona robôs móveis em diversas instalações, garantindo seu funcionamento adequado. Seu salário atual é aproximadamente 2,5 vezes maior do que quando ingressou na empresa. A Amazon informou que treinou mais de 700.000 trabalhadores globais para empregos melhor remunerados, incluindo posições relacionadas à robótica.

"Você tem empregos completamente novos sendo criados", disse Yesh Dattatreya, cientista aplicado sênior na Amazon Robotics. Dattatreya lidera uma equipe responsável por implementar inteligência artificial na robótica da empresa, com o objetivo de desenvolver máquinas capazes de responder a comandos verbais.

A Amazon iniciou sua jornada na robótica em 2012, quando investiu US$ 775 milhões na aquisição da Kiva Systems, fabricante de robôs especializados em movimentar prateleiras de produtos. Atualmente, a empresa está em fase inicial de testes de um robô humanoide equipado com pernas, braços e cabeça, projetado para executar tarefas em armazéns.