Joinville, no Nordeste de Santa Catarina, tem muitos atributos: é conhecida como “Cidade da Dança”, “Cidade das Flores” e “Cidade dos Príncipes”. Há quem ainda a compare a Manchester, o destino britânico, devido ao seu parque industrial e à herança alemã. A origem do nome, no entanto, não é uma homenagem a um alemão, mas a um francês, o oficial naval e terceiro filho do rei Luís Felipe I, François-Ferdinand-Philippe-Louis-Marie d’Orléans, o “príncipe de Joinville”. O título vem de um principado próximo à cidade de Paris, Joinville-le-Pont, hoje cidade-irmã do município.
O príncipe nunca chegou a morar lá. Joinville fazia parte do dote que François recebeu, em 1843, por casar-se com a irmã de dom Pedro I e quarta filha de dom Pedro I, Francisca de Bragança. Quando foi fundada, há 174 anos, a cidade catarinense ganhou nome de “Colônia Dona Francisca” e, posteriormente, Joinville, que na tradução para o português significa “cidade feliz”. Do título nobre só há um vestígio: o Palácio dos Príncipes, hoje Museu da Imigração e da Colonização (foto abaixo) que sediou neste fim de semana festival dedicado à imigração, reunindo cultura e gastronomia de diversos países.
O museu revela a imigração alemã na região. Está ao lado do Museu Arqueológico do Sambaqui e Museu Casa Fritz Alt, como um dos atrativos mais importantes da cidade. O museu Sambaqui registra uma história de 4.700 anos antes da chegada dos imigrantes na região, guardando mais de 100 mil peças de 41 sítios arqueológicos, como fragmentos de ossos, utensílios e itens esculpidos na pedra, exibidos em exposições como “Coisas a Olhar” e “Sambaquis, Montes de Conchas, Montes de História”, permitindo conexão por QR code com imagens dos sítios.
Fritz Alt é outra história: o artista plástico veio para Joinville em 1922 e permaneceu até sua morte, em 1968. Na cidade, estão espalhadas algumas de suas esculturas, como a do Monumento ao Imigrante e o busto de Dona Francisca, além de mosaicos nos prédios do Sesi e da Biblioteca Pública.
Mas foi outra arte, a dança, que proporcionou a Joinville ser conhecida no mundo todo. A Escola do Teatro Bolshoi do Brasil, (@escola_bolshoi, toto acima) o balé mais famoso do mundo, tem uma filial na cidade desde 2000. O Festival de Dança (@festivaldedancaoficial) já entrou para o “Guinness Book” como o maior do mundo, com participação de mais de 4.000 bailarinos de 140 países. Neste ano, a 42ª edição começa no próximo dia 21 deste mês e se estende até 2 de agosto, no Centreventos Cau Hansen. Do balé clássico ao jazz e ao sapateado, o evento abarca categorias e subgêneros. A programação está no site Festival de Dança de Joinville.
A filial do Bolshoi tem um foco educativo. As crianças que se interessam em seguir carreira na dança passam por um processo seletivo na escola do Bolshoi, onde são consideradas habilidades artísticas e físicas. A formação técnica em dança clássica dura oito anos. Todos os alunos recebem bolsa 100% gratuita, além de uniformes, transporte, alimentação, assistência médica de urgência e outros benefícios. Para visitação, é necessário fazer agendamento pelo link Enjoy Ticket. A visita acontece de segunda a sexta-feira em dois horários pré-determinados, às 10h e às 14h30.
- Além do festival de dança, outros eventos mobilizam o turismo da cidade, entre eles a Festa do Colono (17/7 a 20/7), a Festa dos Girassóis (18/7 a 10/8), a Feira do Príncipe (10/8), a Festa das Tradições (10/10 a 12/10) e a Festa das Flores (18/11 a 23/11).
O turismo cultural é muito forte: além do Bolshoi, o roteiro pela cidade deve incluir uma visita ao Instituto Internacional Juarez Machado (@institutojuarezmachado, foto acima), espaço com bela arquitetura e vasto acervo do multiartista Juarez Machado, natural da cidade. É dele o irreverente portal “O Grande Circo” no Centreventos Cau Hansen – o mural é composto por 963 peças pintadas a mão.
Já o projeto Musicarium (@musicariumoficial, foto acima) está focado na iniciação musical de jovens e crianças para integrar a Academia Filarmônica Brasileira. “A escola surgiu em 2017, e o projeto deu tão certo que, no processo seletivo do primeiro ano, cem vagas foram oferecidas. Quando se abriu o processo seletivo, 700 crianças haviam se candidatado para as vagas, das quais 85% eram da rede pública de ensino de Joinville e região”, conta Sérgio Ogawa, diretor-presidente e maestro há mais de 35 anos.
Para assistir às apresentações da orquestra, o interessado deve acompanhar a programação pelo site oficial do projeto Musicarium ou o Visite Joinville, órgão oficial de promoção da cidade catarinense
Alguns parques da cidade têm a vantagem de ficar perto do Centro, como o Zoobotânico, com lago, parquinho, trilhas e o Mirante Boa Vista, a 250 m de altitude. Apreciar a paisagem do alto revela, num giro de 360°, um cenário espetacular, em que se veem a Baía da Babitonga, que separa Joinville da açoriana São Francisco, e a Serra Dona Francisca. Um passeio no Barco Príncipe (foto acima), um restaurante flutuante de três andares, leva o turista pelas ilhas da baía, com parada no centro histórico de São Francisco do Sul – onde o destaque é o Museu Nacional do Mar –, com almoço incluso ao custo de R$ 170 por pessoa.
Nos arredores da cidade, o turismo rural vem crescendo, com destaque para a Estrada Bonita, no distrito de Pirabeiraba, fundada em 1885 por imigrantes alemães. O percurso de 5 km asfaltados começa no KM 20 da BR-101 e mistura belezas naturais, propriedades rurais e gastronomia típica – entre eles, o bistrô Casa da Doce Bruxinha, o café Alles Blau Cuca e Café, o Recanto do Diamante e o Recanto Gerhrmann. Perto dali, a propriedade da família Kersten revela-se um museu rural.
A estrela da Rota Caminhos do Piraí é o Rancho Alegre (@ranchoalegre.tur), dos proprietários Tarcísio e Juliana (foto acima), onde a proposta é conectar as crianças com o mundo rural, por meio passeio a cavalo e interação com animais. Há espaço infantil com tirolesa, parquinho e casa na árvore, e é possível fazer piquenique em várias mesinhas espalhadas na propriedade. O agendamento pode ser realizado pelo site Rancho Alegretur.
Também localizado às margens da BR-101, a Casa Krüger (foto acima), patrimônio histórico e cultural do município, é o início da Rota Caminhos de Dona Francisca, percurso onde se pode visitar a pastelaria e cachaçaria Max Moppi,, a cachoeira Rio da Prata e a ponte coberta Friederich Piske. A casa é utilizada como centro de atendimento ao turista e oferece aos visitantes exposições sobre a cultura e história locais, servindo também de apoio aos cicloturistas que exploram a região.
Entre um passeio e outras, aproveite da culinária de Joinville, que é muito diversificada, em restaurantes como O Guará, Vostro, Combray e General Küster (foto abaixo). A cidade também é famosa pelas suas cachaçarias e cervejarias artesanais, como Zeit, MilleBier, Gut Brau e Opa Bier,
Joinville é conhecida como a “Cidade das Flores” por causa dos imigrantes alemães, suíços e noruegueses que tinham a tradição de cultivar flores em seus jardins de casa. Dois espaços, em especial, merecem visita: o Agrícola da Ilha (@agricoladaolha) que revela a beleza da Hemerocallis, popularmente conhecida como “lírio-de-um-dia”, que desabrocha pela manhã e murcha à tarde – e, em outubro, é celebrada no Festival Brasileiro de Hemerocallis –; e a Hemero Jardins como Arte (@visitehermero), a 15 minutos do Centro, com suas floradas de girassóis no Jardim do Sul, o Gramado dos Sentidos, e sua produção de Hemerocallis e peixes ornamentais.
Joinville é uma cidade localizada às margens da Baía da Babitonga e tem três principais comunidades à beira da baía: a Ilha dos Espinheiros, o Morro do Amaral e a Vigorelli – sendo a última a única considerada uma praia, devido à existência uma pequena faixa de areia. Um dos programas mais tradicionais na Vigorelli é saborear peixes e frutos do mar em um dos restaurantes da região e contemplar revoadas dos guarás.
Passando por Joinville, o visitante não terá como fugir de uma visita ao Pórtico, localizado ao lado de um moinho e hoje cartão-postal do município ((foto acima, crédito: Brastock Images / iStock / Divulgação); ao Mercado Municipal, em arquitetura enxaimel – construção baseada na montagem de paredes com hastes de madeira encaixadas entre si –; à rua das Palmeiras, plantadas na entrada do Palácio dos Príncipes; à curiosa Catedral e, por fim, à antiga estação ferroviária restaurada, datada de 1906.
Fotos: Edy Fernandes / Divulgação
Serviço:
Como chegar: Joinville tem voos da Azul, Gol e Latam diretos dos aeroportos de Campinas, Congonhas e Guarulhos.
Informações: Acesse o Visite Joinville e escolha onde se hospedar e onde comer. O site oferece várias informações para os turistas, inclusive onde contratar city tour e passeios.