Os destinos da Argentina estão lotados de turistas nesta primavera. O governo promoveu a terceira edição de um programa com descontos até 70% para impulsionar o turismo doméstico no pós-pandemia. Mas não só os nativos têm esse privilégio. Os visitantes de outros países, principalmente os do Brasil e dos EUA, atualmente os principais emissores de turistas para o destino latino-americano, beneficiam-se do câmbio: a Argentina é o país mais barato das Américas – 1 peso argentino equivale a cerca de R$ 29,24 no câmbio oficial (24/10), 56,3% a mais do que no começo deste ano –, além de ter flexibilizado as exigências para a entrada de estrangeiros.
O ministro do Turismo argentino, Matías Lammens, afirma que o governo está investindo em dois anos mais do que nos últimos quatro anos para manter a indústria do turismo ativa. “Crescemos 100% nos últimos meses, se compararmos com o mesmo período do ano passado”, destaca. Uma das ações é promover os destinos argentinos nos países limítrofes, como Brasil, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Atualmente, a Aerolíneas Argentinas mantém 67 voos ligando Buenos Aires, Bariloche, Mendoza, Rosario, Córdoba, El Calafate, Salta e Tucuman às cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Salvador e Florianópolis. Em 18 de dezembro, a rota Florianópolis-Mendoza passa de duas para quatro frequências semanais.
O agravamento da situação econômica no país trouxe vantagens e fez disparar a procura por viagens. Para tentar frear o câmbio no mercado paralelo, o governo instituiu o “dólar blue”, no qual o turista pode trocar dólares por câmbio melhor do que o oficial – US$ 1 equivale a 154,66 pesos argentinos. Os brasileiros estão retornando com força e, claro, trazendo dólares. Em 2019, a Argentina recebeu cerca de 1,5 milhão de brasileiros; neste primeiro semestre já somam 530 mil. O gasto médio acompanhou esse crescimento: US$ 600 por pessoa nas entradas por via terrestre e US$ 1.200 por via áerea.
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Na reabertura das fronteiras, em outubro do ano passado, o Ministério do Turismo argentino lançou o programa La Ruta Natural, com 17 roteiros e 25 experiências em atrativos naturais. A proposta é consolidar a Argentina como referência em ecoturismo. Um mês antes tinha sido a vez de repaginar o site argentina.travel, traduzido em três idiomas, inclusive o português, e com facilidades e novas ferramentas para os turistas organizarem sua viagem. O foco é a “naturaleza” e o turismo de experiência. Um desses destinos naturais, que tem atraído cada vez mais brasileiros, é Ushuaia, na província da Terra do Fogo.
Em Ushuaia é frio, mas não é um destino de uma só estação. A alta temporada não é o inverno (de junho a agosto) e suas temperatura abaixo de 0ºC, mas o verão (de novembro a março), quando os termômetros marcam em torno de 15ºC. Você provavelmente não verá neve, mas este é o melhor momento para passeios que não precisam de roupa até o último fio de cabelo. Uma observação: faz muito frio, claro, e, embora a província esteja a apenas 1.000 km da Antártida, o destino se beneficia do “frio seco”, um fenômeno menos intenso que o “frio úmido”. O inconveniente é se há muito vento, o que obriga o uso de casaco corta-vento.
Agora na primavera argentina, época da minha viagem, a temperatura oscila por volta dos 4ºC, o que, para um mineiro, é muito frio. No verão, a cidade propagada como a mais austral do planeta – o slogan “fim do mundo” está por todo canto, mas na verdade o núcleo urbano mais ao sul do mapa-múndi é Puerto Williams, no Chile – recebe quase dois terços de visitantes a mais do que no inverno. É na primavera e no verão que pode se usufruir do destino integralmente, em caminhadas pelo parque Nacional, em passeios de barco pelo canal Beagle ou de carro pela Rota 3, estrada que liga Buenos Aires a Ushuaia.
Parada obrigatória de cruzeiros marítimos que navegam os oceanos Atlântico e Pacífico – são pelo menos 340 nesta temporada –, Ushuaia é daqueles destinos para produzir um “uauuu” a cada paisagem: a água tem um azul muito intenso; as florestas ganham tons muito verdes; os cumes das montanhas são eternamente brancos em qualquer época do ano; as ilhas vivem povoadas de leões-marinhos e cormorões, uma ave que imita o pinguim. Você pode aproveitar tudo isso em um hotel muito confortável, com vista panorâmica da região, desfrutando de uma gastronomia deliciosa e acompanhada de bons vinhos.
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Em Ushuaia, a hotelaria é pura excelência, tanto no atendimento quanto na infraestrutura. Uma dica preciosa é se hospedar na parte mais alta, para usufruir de uma vista panorâmica da cidade. Nossa hospedagem foi no Arakur Ushuaia Resort & Spa, a apenas dez minutos do centro, próximo à Reserva Natural de Cerro Alarkén. Típico hotel de montanha, ele é todo revestido de madeira e com proposta sustentável – os destaques são os janelões panorâmicos, o quarto confortável com funções automatizadas, a gastronomia fueguina do restaurante La Cravia, as salas com lareira nas áreas comuns e as piscinas projetadas para enfatizar vistas.
Viaje com seguro
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Serviço
Como chegar
Receptivo
Onde se hospedar
Onde comer
Ushuaia
Restaurant La Cravia: Arakur Resort. Par aproveitar os sabores fueguinos. Experimente o polvo, o carpaccio de lagostins ou a empanada de carne como entrada. Qualquer dos peixes ou frutos do mar, ou ainda o cordeiro e a merluza negra, são maravilhosos como prato principal e podem ser acompanhados de um bom vinho argentino. O preço é justo pela qualidade da comida, o atendimento primosoro e do requinte do espaço.
Restaurant Reinamora: Les Cauquenes Resort. Tudo é requintado e preparado com esmero. Desde o serviço à apresentação e sabor dos pratos. Há um bartender para fazer drinks de acordo com sua preferência. Deguste a burrata de pernil de cordeiro, folhas verdes, azeitonas pretas, tomates assados e vinagrete balsámico caseiro (entrada), o pastel do canal Beagle (prato principal) e o flan argentino (sobremesa). O custo é em torno de R$ 240. Instagram / @loscauquenes.
Hard Rock Cafe: av. General San Martins, 594. Os tradicionais sanduíches da franquia a preços acessíveis e com a irresistível corte de carne argentino. Refrigerantes a partir de 350 pesos (R$ 11,97 / cotação em 24/10), coquetéis a partir de 1.150 pesoas (R$ 39,33 / cotação em 24/10) e sanduíches a partir de 2.500 pesos (R$ 85,50 / cotação em 24/10). Instagram / @hardrockushuaia
Puerto Almanza
Onas Restaurant: Experimente a centolla em seus diversos preparos como a gratinada (5.000 pesos ou R$ 171,50 / cotação em 24/10). Se não gosta da carne de caranquejo, outras opções são o salmão a la prancha, a merluza austral (3.500 pesos ou R$ 120 / cotação em 24/10) ou a cazuela de marisco (2.800 pesos ou R$ 96 / cotação em 24/10). Facebook / Restaurant Onas
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