Com o livro “Um Ano na Provence”, o escritor Peter Mayle colocou, há 30 anos, essa região francesa, chamada no Brasil também de Provença, na lista de desejos de quem ainda não a conhecia.

O filme “Um Bom Ano”, estrelado por Russell Crowe, escancarou as paisagens idílicas e a simplicidade requintada da região, que costumo descrever como “a roça mais chique do mundo”.

Uma das grandes novidades dos últimos anos para quem visita a região, o Château La Coste, tem uma história que remete ao enredo do filme. Há 15 anos, um empresário irlandês resolveu se aventurar na produção de vinhos e comprou a propriedade de 200 hectares, entre Aix-en-Provence e o Luberon – o vale onde se concentra a maior parte dos charmosos vilarejos medievais incrustados no alto de colinas, um dos cartões-postais da região. 

Poderia ser apenas mais um bom produtor de vinhos da região, mas McKillen, esse senhor irlandês, resolveu ousar e trazer para aquele pedaço de terra a sua paixão por arte e arquitetura contemporânea. 

Projeto

Para o projeto das adegas, chamou o célebre arquiteto Jean Nouvel. O anfiteatro ficou a cargo de Frank Gehry, a sala de exposições é de Renzo Piano. O japonês Tadao Ando é o grande destaque, com o projeto de vários dos pavilhões e restaurantes. 

Entre uma construção moderna e outra, um antigo casarão provençal, com paredes de pedra rústica e janelas lilás, faz questão de lembrar que estamos no Sul da França. 

As similaridades continuam com as obras de grandes artistas contemporâneos espalhadas pelos vinhedos. Há obras de Alexander Calder, Louise Bourgeois, Ai Weiwei e até mesmo do brasileiro Tunga, entre vários outros.

O Brasil vai ter ainda mais destaque quando for inaugurado, no ano que vem, o novo auditório, um dos últimos projetos deixados por Oscar Niemeyer.

O espaço conta ainda com restaurantes de alta gastronomia, adegas para venda e degustação de vinhos e um hotel com 28 suítes impressionantes, em uma das melhores localizações para fazer de base e explorar os diversos cantos da Provença em passeios de um dia.

Cânion

Continuando com atrações pouco exploradas pelos turistas na região, a Gorges du Verdon é um dos cânions mais bonitos do mundo.

No fundo dos desfiladeiros, que chegam a 700 m de altura, corre o rio Verdon, com suas águas verde-turquesa, até se abrir no lago de Sainte-Croix, onde se podem alugar caiaques para se aventurar pelo cânion.

A Route des Crêtes, uma estradinha de quase 30 km beirando o precipício, oferece vistas estonteantes. Bem perto dali, Moustiers-Sainte-Marie faz parte da lista dos mais belos vilarejos da França, mas fica fora das rotas turísticas principais. 

O lugar é tão paradisíaco que Alain Ducasse, um dos mais famosos chefs de cozinha do mundo, comprou ali uma típica casa provençal, cercada de muito verde e hortas que produzem ingredientes superfrescos. Ele transformou o espaço na Bastide de Moustiers, uma pousada de charme, com apenas 13 quartos, e um restaurante gastronômico focado em produtos locais. 

Como chegar

A principal porta de acesso para a região é o aeroporto de Marselha, a maior cidade da Provença, que tem voos diretos para várias cidades da Europa. Outra boa opção é pegar um trem rápido para Avignon ou Aix-en-Provence.

O TGV leva apenas três horas para percorrer os quase 800 km que separam a capital da França de uma das regiões mais charmosas do país. Rafael Romeiro é expert em turismo de luxo e diretor da FVO Travel.