Cem por cento dos resorts brasileiros associados à Resorts Brasil - entidade que reúne 56 dos principais complexos hoteleiros do país - devem suspender as operações até o final desta semana por conta da pandemia de coronavírus. Até o fim deste mês, os prejuízos do setor hoteleiro estão estimados em R$ 3,5 bilhões . "Se a pandemia se prolongar até junho/julho, pode multiplicar esse número por três ou quatro vezes", afirma Sérgio Souza, presidente do conselho curador da associação.
Souza é diretor comercial do Casa Grande Hotel, Resort & Spa, de Guarujá (SP), que suspendeu hoje as operações em função de decretos de nove prefeitos da Baixada Santista. Entre as medidas, estão restrições para o funcionamento de estabelecimentos comerciais, entre eles hotéis e pousadas. "Esse é um setor que tem a característica de grande empregador. Estamos falando em 1,350 milhão de empregos diretos e indiretos em risco", alardeia Souza.
Por videoconferência no último dia 17, entidades ligadas ao setor entregaram ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, as demandas para conter a crise, entre as principais, segundo Souza, a suspensão dos contratos de trabalho, com ativação do seguro-desemprego e liberação Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), uma forma de não perder a mão-de-obra "extremamente qualificada". "Não nos interessa demissão em grande escala desses colaboradores", enfatiza Souza.
A segunda medida, segundo o executivo, é a liberação de linhas de crédito especiais para a manutenção do fluxo de caixas das empresas como ocorreu na semana passada com o setor aéreo, quando o governo federal anunciou um pacote de medidas de socorro. "Esperamos nesta semana ter uma sinalização positiva", afirma Souza. Ele atenta para que "não se perca o 'time' dessa ajuda, que tem de ocorrer entre o final de março e o começo de abril", caso o contrário "a situação ficará insustentável."