A historiadora e pesquisadora em folclore Deolinda Alice dos Santos esteve nesta semana em Belo Horizonte para participar de uma série de palestras em associações de bairros da capital mineira para promover seu novo livro "Festejos da Fé: Do Interior de Minas a Belo Horizonte", que será lançado em junho pela Editora Lucca em formato digital.
Na verdade, explica Silvana Terenzi Neuenschwander, diretora da Editora Lucca, o novo livro será um capítulo de "Festejos Tradicionais Mineiros", obra lançada em 2011, e que passa por atualização. Como os recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura não cobrem os custos da publicação, a editora fez a opção pelo lançamento digital.
No novo livro, mês a mês, Deolinda registra e comenta os principais festejos em Belo Horizonte como forma de contribuir para a preservação e cpnservação da memória. A publicação não só contempla folias de reis e festas religiosas tradicionais, mas prestigia eventos populares, como as festas juninas, e profanos, como o Carnaval.
Festas tradicionais
Muitos dos pontos turísticos da capital mineira, como a a lagoa e a igrejinha da Pampulha, a igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, a Basílica de Nossa senhora de Lourdes e a igreja de São José estão no caminho dessas festas populares. Entre as mais antigas está a festa da padroeira Nossa Senhora da Conceição, em 8 de dezembro, datada de 1728.
Dentre as festas religiosas, Deolinda menciona algumas que fazem há décadas parte da devoção dos belo-horizontinos, como a de São Sebastião em janeiro, a de São José, em março, a de São Jorge, em abril, a de São Cristovão em julho, padroeiro dos motoristas, cuja imagem é transportada em uma procissão no veículo mais antigo do Corpo de Bombeiros, a de Santa Efigênia, em agosto, padroeira dos militares, e de São Judas em outubro.
Folias e congados
Mas nada encanta mais Deolinda dos Santos do que a tradição das folias de reis e dos congados. Na capital mineira, os cortejos são marcados por música, dança, fantasias e adereços com motivos religiosos, enfatiza ela. A historiadora também lembra que as famílias mantêm a tradição de montar um presépio para receber as folias.
Atualmente, segundo Deolinda, existem mais de 30 grupos de folias de reis e 106 de congados na cidade. A festa popular já é inclusive reconhecida como Patrimônio Cultural de Minas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG). Ela lembra que os encontros das guardas ocorrrem todos os meses, "cada um mais bonito do que a outro".
Pretos Velhos
Recentemente, ela participou do Dia dos Pretos Velhos, na praça 13 de maio, no bairro da Graça. Realizada desde 1982, o festejo organizado pelos terreiros de umbanda e candomblé da cidade comemora a libertação dos escravos. O livro ainda menciona Iemanjá, homenageada em 15 de agosto pelos terreiros em frente ao monumento à beira da lagoa.
Em "Festejos da Fé", Padre Eustáquio e Irma Benigna são reverenciados, assim como as tradições de encenação da Paixão de Cristo por um grupo teatrai no Salgado Filho, o Corphus Christi na igreja da Boa Viagem, as benção das chaves na igreja de São Pedro, no bairro Floresta, e a distribuição de pãezinhos nas paróquias de São Antônio.
Olhar sobre a cultura popular
Se na primeira edição do livro "Festejos Tradicionais Mineiros", Deolinda lançou um olhar inédito sobre o cenário e as manifestações culturais de sete regiões Minas Gerais, no novo capítulo revela toda a diversidade das festas populares e religiosas da capital mineira. O livro digital estará em breve disponível no site da editora
Lucca Cultura.
Admiradora confessa das crenças e sabedorias populares de Minas, Deolinda faz uma última palestra no próximo domingo (22/5), às 16h, no Centro Cultural São Geraldo (avenida Silva Alvarenga, 548, bairro São Geraldo). No bate-papo descontraído, a pedagoga e historiadora mostra a habilidade em contar causos e encantar os participantes.