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O Espinhaço é aquilo que define bem Minas Gerais: um mar de montanhas. Esse conjunto de montanhas forma, na verdade, uma cordilheira. No caso do Espinhaço, são 1.200 quilômetros de extensão, começando no município de Ouro Branco, no "Quadrilátero Ferrífero", e alcançando Xique-Xique, no sertão da Bahia. O perímetro atravessa três biomas: Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, o que garantiu ao Espinhaço o título de Reserva Mundial da Biosfera pela Unesco, colocando seu ecossistema no mesmo status da Amazônia e do Pantanal pelo fato da extrema riqueza de sua biodiversidade.
Na semana passada, órgãos públicos e entidades privadas se uniram no projeto "Cordilheira do Espinhaço". A proposta é explorar turisticamente a região compreendida entre Grão-Mogol e Turmalina, concentrando-se ainda em outros três municípios — Botumirim, Cristália e Itacambira. Promoção, capacitação e estruturação dos destinos são as principais ações nesta primeira fase, envolvendo inclusive Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta) e o Comitê Gestor da Reserva da Biosfera Unesco. O destino Cordilheira do Espinhaço deve ganhar inclusive marca própria.
Essa região única é perfeita para ecoturismo e turismo de aventura por reunir cânions, lagos, rios, cachoeiras e paisagens únicas. Próximo a Grão-Mogol está o Parque Estadual de Grão Mogol; em Botumirim, há uma área de preservação onde foi avistada a rolinha-do-planalto, uma das aves mais raras do mundo. Turistas de mais de 30 países costumam desembarcar no destino para a prática do birdwatching (observação de aves). Além dessas cidades, outras 174 estão conectados à formação geológica. “Isso significa que o projeto tem muito a crescer”, pontua o secretário de Turismo de Grão Mogol, Ítalo Mendes.
Nesta matéria do Turismo, revelamos os principais atrativos de cada cidade do projeto "Cordilheira do Espinhaço" para que você possa conhecê-la a partir de Belo Horizonte. A maneira mais rápida de desembarcar nesses destinos mineiros é pegando um voo da Azul até Montes Claros. As cidades ficam a uma distância uma da outra que não ultrapassa 100 km.
Botumirim
Uma ave endêmica do Cerrado, a rolinha-do-planalto, com plumagem formada por nuances marrons e brancas e olhos de coloração azul-cobalto, mudou definitivamente o turismo no município de Botumirim (@prefeituradebotumirim). Descoberta em 2015, a espécie atraiu a atenção de "birdwatchers" (observadores de aves) e pesquisadores do mundo inteiro, a ponto da Save Brasil, uma organização com foco em aves ameaçadas de extinção, adquitir uma propriedade de 600 hectares e criar a Reserva Natural da Rolinha-do-planalto em 2017, colocando Botumirim no mapa dos melhores destinos de turismo de observação de aves no mundo.
Além da ave rara, o destino tem o Parque Estadual de Botumirim, administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), muitas cachoeiras, entre elas a Bananal, com 200 m de altura, e programas imperdíveis como atravessar o maior platô do Espinhaço, Campina, contemplar as veredas da Estiva e Zé Félix e aproveitar as prainhas de areia branca e águas refrescantes cor de coca-cola do ribeirão da Onça e do rio do Peixe.
Segundo Geisy Faria, secretária Municipal de Turismo e Cultura, o indicado é contratar um dos muitos guias de turismo cadastrados no Cadastur. Para conhecer o município em época de festa, recomenda-se visitá-lo nos meses de junho (Forró do Assis), agosto (Festa de Agosto) e outubro (Quermesse de São Francisco de Assis). A cidade de 196 leitos tem diárias a partir de R$ 120 (Pousada do Vale, com ou sem pensão completa) e entre R$ 65 e R$ 225 (Pousada Campina da Serra, com café da manhã, Facebook / Pousada Campina da Serra/ Botumirim MG).
Cristália
O destino oferece praias de rio, passeios de barco no lago Irapé, muito procurado para pesca esportiva, e trilhas como a do Garimpeiro e uma outra que leva ao alto do Morro do Chapéu, a 1.300 m de altitude. Segundo Robervaldo Medeiros Colares, secretário Municipal de Cultura e Turismo, um plano turístico está em andamento e consiste em sinalizar e estruturar alguns atrativos, como a praia do Vau, entre a cidade e Grão-Mogol, às margens do rio Itacambiraçú.
Um bom período para visitar a região é durante a Festa de Setembro. Este ano, a principal atração do evento será o cantor Eduardo Costa e a cavalgada da Comitiva Cê Cum Nós, que reúne aproximadamente mil cavalos. A cidade costuma receber cerca de 1.200 turistas por ano. A infraestrutura ainda é pequena: são apenas 80 leitos. Uma diária na Pousada Cardoso (R$ 50 e R$ 70, 38/99977-5860).
Grão Mogol
O centro da cidade é tombado como patrimônio histórico estadual. A igreja Matriz Santo Antônio é uma das mais bonitas do Estado, sendo construída em pedra e madeira. Ainda na área urbana, o município tem o maior presépio natural a céu aberto do mundo, o Mãos de Deus.
Grão Mogol está também na rota do enoturismo. A Vinícola Vale do Gongo produz vinhos com a uva merlot e oferece visitas guiadas para conhecer a produção. Há, ainda, a Trilha do Barão, uma caminhada de 12 km quase todo em calçamento em pedra construído no período da escravização.
A infraestrutura turística é uma das melhores dessa região do Espinhaço,com hotéis para todos os bolsos e públicos, Balneário do Córrego, Hotel Paraíso das Águas (@paraisodasaguas.hotel), Hotel e Rstaurante Beira Rio, Pousada Do Eti (Facebook / Pousada Do Eti) e Pousada Central (38/9990-6141).
Itacambira
Com pouco mais de 5.000 habitantes, Itacambira ainda não tem estrutura de turismo para "abraçar" o visitante. A principal pousada da cidade, a Sempre Viva (Facebook / Pousada Sempre Viva), tem apenas 29 quartos e diária em torno de R$ 70 com café da manhã. No centro histórico, a matriz de Santo Antônio, com cerca de 300 anos, foi o primeiro templo católico da região. Descer as montanhas de Itacambira é descobrir atrações, como o Poço Encantado, na Serra Resplandecente, e cachoeiras, como a Curiango.
O município, segundo José Maria Barbosa, representante da administração municipal no projeto Cordilheira do Espinhaço, recebe, em média, 600 turistas por ano. Dois bons momentos para visitar a cidade é durante a Festa da Garoa, assim batizada no ano passado, no dia 13 de janeiro, dia de Santo Antônio, e entre 24 de dezembro e 6 de janeiro, quando acontecem as folias de reis. A cidade tem tradição na produção do doce de marmelo e do requeijão, considerado um dos melhores de Minas.
Turmalina (Caçaratiba)
Na cidade do Alto Jequitinhonha, a 192 km de Diamantina, pode-se conhecer o artesanato (em cerâmica, bordado em cruz, crochê e feito em madeira, bambu e folha de bananeira — a cidade tem cerca e 300 artesãos e quatro associações), a vila turística de Caçaratiba (às margens do rio Jequitinhonha, com suas praias de águas cristalinas e a Lapa do Veado, uma região de cânions e pinturas rupestres) e muitas cachoeiras (entre as principais a Três Irmãos, Barra do Caiçara e das Andorinhas). A região guarda curiosidades como a comunidade de Peixe Cru, toda transferida para o alto de um cânion depois da construção do lago de Irapê.
De acordo com a secretária de Cultura e Turismo, Neliane Francisco, o município já tem um Plano Municipal de Turismo, com foco principalmente no projeto "Cordilheira do Espinhaço" e no turismo rural e de base comunitária. As três melhores épocas para o turista visitar o município são durante as festas do Divino (22 a 24/7) e do Rosário (em outubro) e o Festival da Canção (Festur, de 7 a 10/9). A infraestrutura turística conta com cerca de 250 a 300 leitos. Uma diária está entre R$ 105 e 170 para hospedagem nos hotéis Cristal ou Ônix & Agatha (R$ 70 e R$ 90) com café da manhã. Mais informações, acesse o Guia Digital.
Serviço
Como chegar: A Azul tem quatro voos diários diretos do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte às 8h15, e com chegada a Montes Claros às 9h30; decolando do terminal em Confins às 12h45 e aterrissando na cidade ao Norte de Minas às 14h. Há, ainda, voos no período da tarde, de segunda a sábado, inclusive domingo, partindo da capital mineira às 17h25 e descendo em Montes Claros às 18h40 e decolando às 22h50 de BH e aterrissando na metrópole do Norte às 00h50. Acesse Voe Azul.
