“Quem era poderoso, rico ou famoso mudava-se para Petrópolis, a cidade imperial de paisagem europeia, clima ameno e agradável, plantada nas encostas da serra fluminense. A vida social em Petrópolis se dividia entre as mansões da nobreza, os hotéis de luxo e os passeios de carro, a cavalo ou a pé pelas ruas bem arborizadas”.
No livro “1889”, o jornalista e escritor Laurentino Gomes registra a atmosfera sofisticada de Petrópolis nos tempos do Império. De lá para cá, muita água passou debaixo da ponte, como assinala a expressão popular, mas a Cidade Imperial, como é conhecida, mantém a mesma elegância e imponência de outrora.
Nos finais de semana, principalmente os prolongados, quando se enforca o trabalho na sexta ou segunda-feira, o carioca costuma dizer que “vai subir a serra” para desfrutar de uma paisagem que leva a marca da preservação ecológica e da teimosia histórica. Em Petrópolis, o turismo se sustenta em três pilares: história, natureza e gastronomia.
Serra dos Órgãos
Pode-se ainda combinar a cidade com as comprinhas e a badalação noturna no distrito vizinho de Itaipava ou aproveitar a tarde para uma caminhada pelas trilhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, atrativo reaberto no mês passado e que oferece mirantes de tirar o fôlego. A visita, no entanto, deve ser agendada com antecedência mínima de 48 horas pelo site usopublico.parnaso@icmbio.gov.br.
Subir a BR–495, a denominada Estrada das Hortências, que liga o Rio de Janeiro a Petrópolis, Teresópolis - é o início de sua jornada turística pela serra – esse é um caso raro em que o caminho é tão bonito quanto o destino. As surpresas se revelam a cada curva – e olha que não são poucas –, como a imagem icônica do principal cartão-postal da região, os contornos do Dedo de Deus emergindo da floresta.
Reabertura
Desde o dia 8/10 – embora a cidade nunca tenha sido fechada oficialmente durante a pandemia, esclarece Samir El Ghaoui, presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau –, a administração municipal flexibilizou a barreira sanitária na entrada e liberou o funcionamento de museus e pontos turísticos. Porém, o atrativo mais visitado permanece de portões fechados, porque depende de autorização Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
O Museu Imperial, que recebeu no ano passado o recorde de 446.932 visitantes, foi a antiga residência de verão de dom Pedro II. Para fugir do clima abrasador do Rio, o imperador ordenou erguer na serra uma “ilha de sofisticação europeia”, segundo Laurentino Gomes, uma clara homenagem a si mesmo – Petrópolis é a junção da palavra latina “Petrus” com a grega “polis” (cidade), a Cidade de Pedro.
Catedral de São Pedro de Alcântara. Na igreja gótica estão os restos mortais de dom Pedro II, da imperatriz Teresa Cristina, da princesa Isabel e do conde d’Eu. Acesse o site catedraldepetropolis.org.br
Museus. Petrópolis tem 26 instituições museológicas, entre eles o Palácio Rio Negro, a Casa de Santos Dumont, o Museu de Cera e a Casa de Stefan Zweig. Confira horário e preço no site dos atrativos.
Museu da Cerveja Bohemia. Na mais antiga fábrica de cerveja do Brasil (fundada em 1853), um tour cervejeiro interativo pela evolução da bebida custa R$ 39 (inteira). Para saber mais, acesse bohemia.com.br
Serviço
Casa de Santos Dumont. petropolis.rj.gov.br/turispetro
Casa Stefan Zweig. casastefanzweig.org.br
La Grande Vallée. lagrandevallee.com/
Museu de Cera. museudeceradepetropolis.com
Palácio Rio Negro. museusdorio.com.br
Vale do Amor. Instagram/santuariovaledoamor
Palácio de Cristal. petropolis.rj.gov.br/turispetro
Feirinha de Itaipava. feirinhadeitaipava.com
Atrações com limitação de capacidade
Segundo Samir El Ghaoui, Petrópolis adotou o selo Turismo Consciente, criado pelo governo do Estado, que permite ao turista verificar quais serviços e atrativos estão cumprindo os protocolos que minimizam o contágio pela Covid-19.
“Cada segmento adota protocolo de acordo com seu grau de risco”, afirma. Por estar no caminho de grandes centros urbanos, como Rio, São Paulo e Belo Horizonte, a cidade adequou a reabertura à taxa de ocupação dos leitos de UTI, hoje em torno de 30%.
Museus e restaurantes devem limitar a capacidade de público em 50%. O acesso de turistas está liberado para quem tem reserva em hotéis ou voucher para comprar na rua Teresa (a mais comercial da cidade) e na Feirinha de Itaipava.
Gastronomia é chamariz a partir deste mês
A descoberta do fogo foi (e ainda é) um fato histórico importante na história da civilização, do período paleolítico até hoje. Ele também será o elemento inspirador do Petrópolis Gourmet, o primeiro grande evento da cidade no período de reabertura.
De 30 de outubro a 15 de novembro, o fogo será o elemento inspirador do Petrópolis Gourmet, o primeiro grande evento da cidade no período de reabertura. É o fogo que guiará as receitas preparadas por chefs de 28 restaurantes da cidade.
No site do petropolisgourmet.com.br, os chefs exibem suas receitas inéditas. É o caso Caio Fontenelle com seu polvo à lagareiro com batatas ao murro. Os preços variam entre R$ 59,90 e R$ 211 e incluem entrada, prato principal e sobremesa.
“O Petrópolis Gourmet acaba envolvendo toda a cidade porque movimenta a rede hoteleira e o comércio”, afirma Samir El Ghaoui, presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau, organizador do festival.