Para reabrir o Aeroporto Internacional Grantley Adams aos turistas a partir do próximo dia 30, Barbados vai exigir dos que entrarem na ilha caribenha quarentena de 14 dias, período considerado suficiente por infectologistas para o surgimento dos primeiros sintomas de infecção pelo coronavírus. A mesma exigência fazem Bielorrússia, Eslovênia, Estônia, França, Irlanda, Jamaica, Malta, Polônia, Reino Unido e Rússia.
Destinos, como Ilhas Maldivas, Islândia e Sri Lanka, antigo Ceilão, exigem do visitante teste negativo para Covid-19 emitido até 72 horas antes do embarque. Sri Lanka foi mais além: além do teste, o turista precisa passar por exames de checagem na chegada, se hospedar somente em hotéis designados pelo governo e está proibido de utilizar o transporte público.
Com a reabertura das fronteiras, turistas que entrarem na Islândia não precisarão cumprir os 14 dias de isolamento, desde que aceitem fazer o exame para Covid-19 no aeroporto. O resultado do teste, por enquanto gratuito,sai no mesmo dia. A quarentena só será necessária se o teste der positivo. O país também decidiu cobrar US$ 112 (R$ 576,80 pelo câmbio de hoje) pelo teste a partir de 1º de julho.
Muitos países, no entanto, têm preferido abrir as fronteiras apenas para os vizinhos que tenham controlado a propagação do vírus. Os critérios são baixa notificação de novos casos no último mês, baixa ocupação de leitos de UTI, número de óbitos reduzido e alta testagem de seus cidadãos. Esse é o caso dos 26 países europeus que integram o Tratado de Schengen, acordo de livre circulação implementado em 1985.
Segundo a médica Tânia Chaves, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e da Sociedade Latinoamericana de Medicina el Viajero, essas medidas não são eficazes na prática. Hoje existem, segundo ela, muitos testes para detectar a Covid-19, mas apenas o de biologia molecular é considerado eficaz."Testes rápidos são de primeira geração e com resultados controversos, até porque podem dar falso positivo ou falso negativo", alerta.
O teste de biologia molecular custa entre R$ 350 e R$ 400, mas não é 100% eficaz. A porcentagem de erro é de 30%. "A sensibilidade varia de 62% a 68%, e o resultado sai entre 24 e 48 horas", explica a infectologia. Como é um teste caro, Tânia coloca em dúvida a possibilidade de países de realizá-lo em grande escala. Recentemente, a companhia aérea Emirates, dos Emirados Árabes, anunciou testes sorológicos (sanguíneos) para diagnosticar o coronavírus.
Em relação à quarentena, os custos recairiam sobre os próprios turistas, que perderiam, pelo menos, parte da viagem. "Nesse momento, a melhor medida é que as viagens não-essenciais sejam evitadas", afirma a infectologista. Tânia também é crítica quanto à aferição de temperatura corporal, iniciativa já incorporada à rotina do comércio e aeroportos. "Na prática, existe uma janela, um período de incubação, em que a pessoa não apresenta sintoma. A aferição só dá visibilidade de controle, de vigilância, mas deixa passar muita gente que contraiu o vírus", explica.