Em tempo real (Parte II)

Rota das Emoções: no meio do percurso há o delta do Parnaíba e Barra Grande

Tutóia, Parnaíba e Luis Correia ainda são destinos pouco explorados. Acompanhe mais um trecho de nossa viagem

Por Paulo Campos
Publicado em 03 de dezembro de 2021 | 19:00
 
 
 
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Como a palma de uma mão, o rio Parnaíba forma cinco braços de rios antes de desaguar no oceano Atlântico, criando um mosaico de ilhas dos mais variados tamanhos. Estamos no delta do Parnaíba, o terceiro maior do mundo, com suas dunas douradas, igarapés, mangues, florestas e lagoas. Os pontos de partida para explorar esse labirinto verde é Parnaíba, no Piauí, ou Tutóia, no Maranhão.

Nossa escolha é Tutóia, cidade com cerca de 60 mil habitantes localizada próximo de outra joia da natureza, os Pequenos Lençóis, uma versão em miniatura dos Lençóis Maranhenses, fora dos limites do parque nacional. Margeando o atrativo estão seis praias – Andreza, da Barra, dos Félix, da Moita Verde, do Arpoador e do Amor, que podem ser exploradas em um passeio de bugue.

“Desde 2018, o turismo cresceu mais de 60%”, afirma Patrick Araújo, secretário de Turismo de Tutóia. São 600 leitos para hospedar os turistas, número que ele espera triplicar no próximo ano. Araújo também é proprietário da pousada e receptivo Baluarte Turismo, que oferece passeios pelos Pequenos Lençóis, pelas praias citadas e pelo delta, este último para explorar os manguezais, a revoada dos guarás e as carcaças de naufrágios.

O receptivo MB Turismo faz a travessia do delta em lanchas para até quatro pessoas até o porto dos Tatus, em Parnaíba, com parada na ilha do Caju, que tem cinco vezes o tamanho do arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco, para subir dunas de areia e tomar banhos no rio. No entardecer, dois espetáculos em um só – a revoada dos guarás e o pôr do sol – contemplados dos barcos estrategicamente posicionados em frente a uma ilha.

Todos os dias, como em um ritual, os guarás, pássaros de coloração avermelhada, recolhem-se, por volta das 17h, nas copas das árvores. Silenciosas, eles chegam solitários ou em bandos. As aves se alimentam de uma espécie de caranguejo que confere coloração à plumagem. Segundo Manoel Messias, 45, que iniciou a profissão aos 13 anos como condutor, o delta é uma paisagem única e até hoje ainda o surpreende.

Na travessia, que dura cerca de uma hora e meia, enquanto contemplamos a paisagem, Messias enumera a revoada dos guarás, as ilhas dos Poldros e das Canárias, onde o Parnaíba desemboca no mar, como os pontos altos de um passeio ao delta. E chama a atenção para a fauna do lugar, formada por macacos-prego, bugio, jacarés, tartarugas marinhas, capivaras, jiboias e sucuris, além de 140 espécies de aves.

Serviço:

Receptivo MB Turismo: Travessia do delta do Parnaíba a R$ 1.200 para quatro pessoas sem bagagem. Acesse aqui ou Instagram / @mbturismophb

Baluarte Turismo: Peasseio aos pequenos Lençóis e praias da região: R$ 100 cada por pessoa. Clique aqui. Instagram / @baluartepousadaeecoturismo

Pousada Baluarte: Diárias a partir de R$ 300 o casal. Clique aqui. Instagram / @baluartepousadaeecoturismo

Restaurante Baluarte: Experimente o camarão no abacaxi a R$ 105 para duas pessoas. Clique aqui. Instagram / @baluartepousadaeecoturismo

Parnaíba

Nossa chegada ao porto dos Tatus, em Ilha Grande, é ao anoitecer. Dez minutos depois estamos em Parnaíba. Em Parnaíba, casarões dos séculos XVIII e XIX revelam que a segunda maior cidade do Piauí já teve seus tempos áureos. A hospedagem é na Casa Santo Antônio Hotel Boutique, um prédio tombado do início do século XX que preserva a parte histórica – escadaria, balaústres, molduras e mobiliário, imprimindo charme e requinte à estadia. Tudo é muito equilibrado entre o passado e a contemporaneidade.

Construído por uma família francesa da Alsácia-Lorena fugida da guerra no início dos anos 1900, o imponente casarão enche os olhos e revela que, na Rota das Emoções, há também uma hotelaria que oferece muito requinte. São 22 suítes diferenciadas por categorias, com destaque para a Pedro I, a Princesa Isabel e a Santo Antônio, além de uma charmosa área de jardins e piscina.

Boa parte da arquitetura histórica da cidade está preservada no porto da Barcas, um antigo entreposto de exportação de charque, às margens do rio Igaraçu, um dos afluentes do rio Parnaíba. Os armazéns do porto, hoje casinhas coloridas, foram transformados em restaurantes, galerias de arte e lojas de artesanato. No complexo, foi instalado também o Museu do Mar (@museudomarphb).

No porto das Barcas, uma dica é jantar no Catamaré Food Boat (@catamarephb), barco que percorre um pequeno trecho do rio enquanto serve comida regional. Experimente a concha do mar ou um camarão empanado como entrada, uma moqueca de camarão ou uma lagosta na brasa com risoto de vinagreira como prato principal. “O cardápio não é fixo, quem manda é a maré. Tem períodos que não se encontra polvo, lagosta”, explica a sócia-proprietária do espaço, Milana Barreto.

O restaurante-barco segue um calendário próprio: navegará nas noites de lua cheia em dezembro e nos finais das tardes de domingo para contemplar o pôr do sol. O sócio carioca, Daniel Feydit, 46, que encontriou refúgio em terras piauienses, montou a Pousada e Restaurante Casa do Caboclo na ilha das Canárias, no delta, um local de difícil acesso que oferece sossego, passeios e culinária regional.

Serviço:

Casa Santo Antônio Hotel Boutique: Diárias a partir de R$ 720 o casal. Clique aqui. Instagram / @hotelboutiquecasasantoantonio

Catamare Food Boat: Oferece a cozinha regional com produtos naturais. Expeirmente a concha do mar (R$ 30), o camarão empanado (R$ 38), a lagosta na brasa com risoto de vinagreira (R$ 120) ou a moqueca de camarão (R$ 59). Acompanhe a programação pelo Instagram @catamarephb

Pousada e Restaurante Casa do Caboclo: Diárias a partir de R$ 435 o casal. Clique aqui.

Piauí na Rota

Segundo Carina Câmara, diretora da Natur Turismo, receptivo com sede em Parnaíba, a Rota das Emoções mudou quase 100% desde sua criação aos dias atuais. “No início, em 2005, ela era composta por três destinos (Jeri, Delta e Lençóis) e uma mão de obra inciante, tentando aprimorar seu trabalho e com uma pequena quantidade de oferta de serviços e hospedagem. Hoje, já temos meios de hospedagens e receptivos que atendem todos os perfis, desde luxo até econômicos, mas todos com qualidade de serviços. Também aumentou o número de dias dos turistas na Rota das Emoções para conseguir conhecer tudo aqui”, afirma.

Carina, que também é secretária de Turismo do Piauí, reconhece que o Estado foi muito beneficiado pela roteiro. “Estamos bem no coração da rota, o que faz com quer todos obrigatoriamente passem por aqui”, pontua. O Piauí, segundo ela, deixou de ser um destino de passagem e se tornou um ponto de parada dos turistas amantes da natureza, de esportes off-road e do kitesurfe. Hoje, o Estado está conseguindo viabilizar voos diários para o aeroporto de Parnaíba, cidade que está no centro exato da rota. 

Luís Correia

Coladinha a Parnaíba está a cidade de Luís Correia e sua movimentada praia de Atalaia. Um dos programas interessantes no destino é o passeio de quadriciclo pelos Lençóis Piauisenses, que se encerra com banho na lagoa do Portinho, com direito a redes dentro d'água. O encantamento é o mesmo dos Lençóis Maranhenses. A diferença, segundo Alessandro Schwonka, proprietário da Quadri&Aventuras, é que os Lençóis do Piauí têm personalidade própria.

Localizados entre a praia do Coqueiro e a lagoa do Portinho, os Lençóis Piauienses têm 37 km de comprimento e 4 km de largura. O passeio de quadriciclo dura cerca de três horas, e, entre as atrações, está a duna Bolo de Noiva, com cerca de 60 metros de altura. Se der sorte e dependendo da época do ano, o turista poderá deparar com lagoas. As saídas são regulares, mas é necessário agendamento prévio na Quadri&Aventuras.

Depois da adrenalina, a dica é almoçar na Pousada e Restaurante Coqueiro Beach, na praia do Coqueiro, a mais bonita da área urbana. “O efeito de Barra Grande na mídia está respingando em Luís Correia”, afirma Júnior Bezerra, proprietário do espaço, que fica a cerca de um quilômetro dos Lençóis Piauienses. Experimente o camarão na moranga, pratos com peixes como amarela e cavala e a peixada.

Se seu negócio é correr atrás do inusitado e tirar uma selfie, na PI–116, entre as praias do Coqueiro e de Macapá, a Árvore Penteada – alvo de vandalismo neste ano ao ter suas raízes cortadas – é um tamarindo cujos galhos curvam pela força dos ventos, sugerindo uma cabeleira penteada. O capricho da natureza fez a árvore virar um ponto turístico e ganhar estrutura, ainda em execução, com pracinha, iluminação e segurança.

Serviço:

Natur Turismo: Piquenique de luxo nos Lençóis Maranhenses, com degustação de champanhe, frutas, sucos e castanhas (R$ 2.000 para duas pessoas), Revoada dos Guarás, com passagem por Camocim,Tatajuba, lago Grande, Guriú, praia de Mangue Seco e Jericoacoara em veículo privativo (R$ 825 para duas pessoas). Clique aqui e confira os passeios oferecidos pela agência. Instagram / @naturturismo

Quadri&Aventuras: Passeio a R$ 310 por quadriciclo para até duas pessoas. Clique aqui. instagram / @quadriaventuras

Pousada e Restaurante Coqueiro Beach: Diárias a partir de R$ 380 o casal na baixa estação. Experimente o camarão na moranga. Clique aqui. Instagram / @pousadacoqueirobeach

Barra Grande

O kitesurfe tem moldado o turismo e aproveitado os fortes ventos do Nordeste. Desde as primeiras horas da manhã até o pôr do sol, lá estão elas, coloridas e vibrantes. As velas do kitesurfe, assim como as torres eólicas, já fazem parte da paisagem em destinos como praia de Macapá e Barra Grande, hoje uma das referências na prática do esporte.

Os estrangeiros são a maioria dos turistas, e alguns já estão criando raízes por lá. De 2016, quando visitei o destino pela primeira vez, eram duas ou quatro pousadas e poucos restaurantes. Cinco anos depois, Barra Grande duplicou de tamanho e de população, em torno de 4.000 habitantes. As ruas ainda são de areia, e não há rede de água nem saneamento básico.

A história de Barra Grande se entrelaça com a de Jericoacoara, a ponto de a chamarem de “Nova Jeri”. Ex-moradores de Jeri ajudaram a construir o turismo em Barra Grande. A Pousada BGK é a pioneira. A antiga Kite House, construída para ser uma casa de veraneio do casal Ariosto e Tereza Ibiapinia para receber os amigos, logo mudou de nome e agregou uma escola de kitesurfe, para formar e servir como base para os adeptos do esporte.

A pousada é um oásis no centro do vilarejo, incorporando as características naturais às construções rústicas, areia, coqueirais, plantas nativas e passarelas de madeira. A estrutura foi feita com base nos riachos, em que a água passa por diferentes ângulos do terreno. Há, ainda, o bar de praia 7 Mares, o restaurante Pé de Vento e a BGKite School com instrutores credenciados na Associação Brasileira de Kitesurfe (ABK).

É o caso de Camila da Silva Veras, 31, que ministra aulas e dá apoio ao kitesurfista. É possível alugar equipamentos de kite, wind, foil e wing foil, nas várias modalidades do esporte, ou apenas guardá-los. Qualquer pessoa a partir de 12 anos pode praticar o esporte, mas cabe aos um instrutores avaliar quem pode alugar ou deve fazer aula antes.

No vilarejo, empreendimentos como restaurantes e pousadas surgiram na onda do kitesurfe, como a Pousada Titas. Até vilarejos vizinhos como Barrinha se beneficiaram da onda.O BoZ Boutique Resort, do empresário Bob Ziegert, é a referência em turismo de luxo na região e é o queridinho de celebridades globais e turistas estrangeiros. As diárias custam a partir de R$ 1.040 para o casal na acomodação mais barata.

No BobZ, um dos lugares para experimentar a culinária local com requinte, deguste o ceviche de camarão, o filé de pescado com batata e farofa de bacon com castanha, criação da chef paranaense Adriana Ziegert, acompanhada da carta de vinhos portugueses, franceses e chilenos. Pet friendly, o hotel de luxo oferece day use a partir de R$ 350 por pessoa.

Barra Grande é hoje um lugar mais barato do que Jeri para se praticar o kitesurfe, por isso muita gente migrou para o vilarejo piauiense. O esporte também fincou bases na vizinha praia de Macapá, separada de Barra Grande pelo rio Camurupim. O cenário é de um enorme banco de areia, a 200 metros da praia, proporcionando águas rasas e morninhas para banhos.

Serviço:

BGKite Hotel: Diárias a partir de R$ 400 o chalé standard (baixa temporada) e a partir de R$ 500 o chalé standard (alta estação) para até três pessoas. Clique aqui. Instagram / @pousadabhg 

BKG School: Aula avulsa a R$ 300 uma hora, R$ 725 duas horas e meia e R$ 1.400 cinco horas. O curso básico sai a R$ 2.500 dez horas e acompanhento a R$ 200. Aluguel de equipamento a R$ 50 a diária. Clique aqui. Instagram / @bgkiteschool

Pousada Titas: Diárias a R$ 350 o casal. Experimente o arroz de capote com ovo frito e salada a R$ 85. Clique aqui. Instagram / @pousadatitas

BobZ Boutique Resort: Diárias a partir de R$ 1.040 por casal. Experimente o ceviche de camarão, o filé de peixe com farofa de bacon e castanha e cocada de forno a R$ 175 por pessoa. Clique aqui. Instagram / @bobzresort

Cajueiro Rei

Nossa viagem no Piauí finaliza-se com uma passagem por Cajueiro da Praia para visitar um famoso atrativo. O Cajueiro Rei, de cerca de 200 anos, disputa com um similar em Pirangi, no Rio Grande do Norte, o título de maior cajueiro do mundo. Quem nos recebe é o guia Daniel Monteiro, que conta a história da árvore plantada pelos índios Tremembé e mostra um tronco em formato de elefante. “O governo do Piauí quer transformá-lo em um parque com passarelas e mirante”, destaca.

Uma trilha de cinco minutos, passando pelo mangue de botão, leva à praia da Itam, de onde se avista do outro lado o Ceará. Monteiro conta que toda a região é preservada por conta do peixe-boi. Para Monteiro, nessa disputa pelo Livro dos Recordes, Cajueiro da Praia já ganhou porque a árvore potiguar não tem mais espaço para crescer, ao contrário da piauiense, que continua se expandindo.

Na sexta-feira (10/12), a Secretaria de Turismo de Cajueiro da Praia realizou uma solenidade para tentar quebrar o recorde de “maior cajueiro do mundo” e colocar a árvore localizada no município no “Guiness Book”, o Livro dos Recordes. O título hoje é do cajueiro localizado em Pirangi do Norte (RN), que cobre 8.500 m². Estudos feitos recentemente mostram que o cajueiro piauiense tem uma área aproximada de 8.880 m².

Contrate um seguro-viagem

Você nunca deve abrir mão de um seguro-viagem em viagens nacionais e internacionais. Em muitos planos médicos, quando a pessoa sai de seu Estado, o plano de saúde pode não ser nacional. Com o seguro-saúde, além das coberturas médico-hospitalares, ele inclui plano odontólogico, compra de medicamentos e repatriações.

Fundada em 2001, a Vital Card (@vitalcard_seguroviagem) já assegurou mais de 7 milhões de pessoas e cobre viagens em todas as formas de transporte. Todos os planos são completos; você só precisa escolher o limite da cobertura para despesas médico-hospitalares, que contempla até R$ 160 mil para viagens nacionais.

Vital Card também já dispõe de um seguro-viagem com cobertura para Covid em viagens internacionais, uma segurança a mais neste momento de pandemia. Para os Estados Unidos e Europa, o seguro adicional contra a Covid é de US$ 20 mil ou 20 mil euros. Antes de sua viagem, consulte os planos da Vital Card: 0800 0600 5058 ou suporte@vitalcard.com.br. E lembre-se: nos Estados Unidos e na Europa, principalmente, os custos hospitalares são muito caros.

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