Protocolos

Segurança dos viajantes é a palavra de ordem do turismo

Cerca de 15 segmentos criaram procedimentos para ganhar a confiança do turista, mas será que eles são suficientes e funcionam?

Por Paulo Campos
Publicado em 15 de julho de 2020 | 14:59
 
 
 
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Desinfetar, espaçar, digitalizar, higienizar e não relaxar. Esta é a nova regra daqui para a frente por conta da pandemia da Covid-19. A palavra-chave agora no turismo é protocolo. Destinos, prestadores de serviços e empreendimentos no mundo precisam ganhar de novo a confiança de seus clientes.

A partir de então, 15 segmentos de turismo já elaboraram e divulgaram seus procedimentos de higiene e segurança: destinos, meios de hospedagem, companhias aéreas, parques temáticos, bares/restaurantes, agências de viagens, transportadoras, locadoras de veículos etc.

“Os protocolos servem para reduzir o risco de uma pessoa ser infectada pelo coronavírus”, afirma Inbal Blanc, consultor em segurança e diretor da SegurHotel, empresa especializada em gestão de riscos de segurança, que participou dos procedimentos para a organização da Copa do Mundo de 2014.

De modo geral, a regra básica é a mesma para todos os segmentos: distanciamento de 1,5 m a 2 m, uso obrigatório de máscara, higienização de espaços, utilização de água e sabão ou álcool em gel para limpeza das mãos. “Cada setor tende a desenvolver seu protocolo específico a partir dessas regras genéricas”, explica.

Plataforma. Para facilitar a vida dos viajantes, a SegurHotel desenvolveu uma plataforma aberta ao público para orientar turistas e donos de empreendimentos. No site, são disponibilizados dados atualizados sobre a reabertura de destinos turísticos no Brasil, a situação da Covid-19 em 15 cidades e um checklist de preparação para uma viagem.
Viajar ficou algo complexo, reconhece Blanc. “Cada empreendimento, destino, prestador de serviço vai ter de criar seu protocolo particular a partir de uma norma geral de seu segmento e de acordo com sua realidade. Por esse motivo, é preciso partir um procedimento básico”, salienta.

“Mais importante do que o protocolo é o treinamento da equipe. É treinar, simular e auditar para ver se está funcionando”, destaca Blanc. Um funcionário de hotel, por exemplo, precisa saber identificar pessoas suspeitas de Covid-19 e como agir de maneira correta para garantir a segurança de outros hóspedes.

Inbal Blanc esclarece ainda que não adianta certificar o prestador de serviço se não há fiscalização. Portugal, o primeiro país a criar um selo de segurança, o Clean & Safe, adotou auditorias aleatórias nos parceiros que aderiram à iniciativa. Em Israel, a fiscalização é realizada por amostragem.

Turismo responsável

No início de junho, o Ministério do Turismo (MTur) lançou o selo Turismo Responsável – Limpo e Seguro, um certificado que será conferido a estabelecimentos que se adequarem aos padrões de biossegurança criados pelo ministério e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Até agora, o MTur já recebeu 8.010 solicitações do selo.
É o caso do My Place Savassi, um dos primeiros a implantar protocolos em Belo Horizonte. Além de procedimentos-padrão, o hotel mudou as regras do café da manhã, agora servido ao hóspede no quarto, e criou comunicação por WhatsApp para evitar contato físico com os colaboradores.

O My Place se manteve aberto desde o início da pandemia por conta da cota de mensalistas e por hospedar pessoas em quarentena e profissionais de saúde. Para otimizar a ocupação, o hotel ainda fez parcerias com empresas e criou andares de acesso exclusivo, isolando os funcionários e mantendo sua privacidade.

“É quase co-working (sistema de compartilhamento de espaços) adaptado à hotelaria”, afirma o gerente Alexandre Moura Evangelista. A nova estrutura exigiu a aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e um treinamento rigoroso da equipe.

Beto Carrero World - apenas 30% da capacidade

No setor de parques, a Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil (Adibra), que reúne mais de cem parques e serviços de entretenimento no país, segue as recomendações da Associação Internacional de Parques e Atrações diversões (Iaapa). “Faz parte de nosso DNA antes mesmo da Covid-19 seguir protocolos”, afirma Vanessa Costa, presidente da Adibra.

Dos parques associados, apenas quatro abriram as portas. O Beto Carrero World, em Balneário Camboriú (SC), é um deles. O parque voltou a funcionar em 13 de junho com 30% da capacidade de público, mas é preciso agendamento pelo site. Outra medida foi suspender shows e atrações em espaços fechados, como o da Escuridão e o Betinho Carrero 4D.

O parque também lançou um aplicativo gratuito de “fila virtual” para permitir agendar as atrações e que faz aferição de temperatura nos visitantes. As medidas incluem ainda nebulizador de higienização com água ozonizada na entrada, fumigação de todo o parque e leitor biométrico substituindo o código de barras do passaporte. Os brinquedos também são higienizados a cada rodada de uso.

No setor aéreo, a Azul, por exemplo, implantou em aeroportos, entre eles o de Belo Horizonte, tecnologia que indica para cada passageiro o seu momento de embarcar no avião, organizando de forma prática a fila de acesso à aeronave.

Na hotelaria, o Club Med preparou protocolos específicos. As medidas compõem o programa global Safe Together (Seguros Juntos), que está sendo incorporado a todos os resorts, que inclui, além das regras básicas, médico ou enfermeiro disponível 24 horas e presença de um higienista para cumprimento das ações de limpeza.

Os Protocolos

Hotelaria - No caso dos hotéis, procedimentos vão desde modificar serviços de alimentação, com agendamento de refeições e proibição de bufê, até o fechamento de áreas comuns, como piscinas, e controle de qualidade da água e da climatização. Os hóspedes cuidam da bagagem e das chaves.

Parques - A Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil (Adibra) recomenda aferição de temperatura dos usuários, desinfecção completa após o uso de brinquedos, diminuição de 50% da capacidade de público, vendas de ingressos online e aumento da comunicação no parque para conscientização das pessoas. 

Aéreo - Há procedimentos rigorosos para passageiros, tripulantes e companhias aéreas. Entre os principais estão a suspensão dos serviços de salão de beleza e massagens, lojas duty-free e salas VIP dos aeroportos, embarque e desembarque em etapas e o cancelamento de serviço de bordo em viagens curtas.

Cruzeiros - Do segmento turístico, apenas o de cruzeiros ainda não divulgou seus protocolos.

Eventos - O setor segue referências internacionais, como redução de 40% da capacidade dos espaços, substituição de coffee break por lanche box e utilização de ambientes ao ar livre.

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