A programação ainda não está fechada, mas a Mostra de Cinema de Tiradentes já está na mira de turistas e cinéfilos de todo o país. Em sua 23ª edição, o evento está agendado para ocorrer de 24 de janeiro a 1º de fevereiro e abre oficialmente o calendário audiovisual brasileiro, exibindo tendências e estéticas do cinema nacional para 2020. “O festival foi precursor da vocação turística da cidade”, afirma Raquel Hallak, da Universo Produções, organizadora do evento.

“Quando inauguramos a mostra há 23 anos, a cidade tinha 450 leitos, e hoje tem 5.000”, recorda Raquel. Na esteira do cinema – hoje são cerca de 17 eventos – vieram os festivais dedicados à fotografia, à gastronomia, ao vinho, ao jazz e à cerveja, entre outros, que levam à cidade entre 5.000 e 20 mil turistas. “A mostra também trabalha o fluxo turístico nas cidades vizinhas, isso numa época em que o mineiro costuma procurar praia”, acrescenta.

A mostra deste ano deve reunir cerca de cem filmes nacionais e internacionais, entre longas e curtas-metragens, mais de 500 convidados, debates, mesas temáticas, oficinais, shows, exposições e cortejos, numa programação gratuita em diversos pontos da cidade. “Esse é um evento democrático, para toda a família”, enfatiza Raquel. 

Iluminada

Até 25 de dezembro, a cidade promove o Natal Iluminado, iniciativa de cinco empresários para movimentar a economia local na baixa estação. Entre os espetáculos estão projeções na capela do Senhor Bom Jesus da Pobreza, apresentações circenses, shows e concertos. De acordo com a organização, cerca de 28 mil pessoas passaram por Tiradentes desde o início do evento, em 1º novembro. O movimento representa 45% do público esperado.

Entre as atividades estão programados três concertos de música erudita da Sociedade de Cultural Musical de Barbacena e Sociedade Orquestra e Banda Ramalho, de Tiradentes, apresentações do grupo Pastorinhas, mostras de arte da Escola Estadual Basílio da Gama e “Antônio Gomes – O Artista de Tiradentes”, exposição de três presépios e exibição dos filmes “Feliz Natal”, de Christian Carion, e “Lembra-se Daquela Noite?”, de Mitchell Leisen.

Ao visitar a cidade histórica – que está na rota da Estrada Real –, o turista tem a oportunidade de conhecer os ícones locais – a igreja Matriz de Santo Antônio, o chafariz de São José e os museus da Liturgia e de Sant’Ana –, de descobrir os arredores – o distrito de Bichinho e a serra de São José – e empreender uma volta ao passado em uma autêntica maria-fumaça, num trajeto de 12 km até São João del Rei. 

Pode-se descobrir a cidade através de suas obras de artes

O desenho de Tiradentes feito pela artista Tarsila do Amaral, nos anos 20, mostra que essa era uma cidade destinada aos artistas. Além de observar os casarões coloniais e perambular pelas ruas de calçamento de pedra, há muitas outras maneiras de se descobrir o destino mineiro. 

Uma delas é visitando os ateliês da cidade. A Rota dos Ateliês não existe mais desde julho, mas é possível visitar os espaços da cidade por conta própria e descobrir a arte de ourives, ceramistas, pintores e escultores. São mais de 15 ateliês para visitação permanente.

As visitas precisam ser agendadas com antecedência. Ceramistas como Beth Cavalcanti trabalham com diferentes tipos de suporte e também materiais reciclados. Outros, como Paulo Henrique, o PH, fabricam joias inspiradas nas belezas da cidade e na serra de São José.

Marco Ajeje cria móveis, esculturas e painéis a partir de materiais reciclados e antigos artefatos de madeira e ferro. “Posso transformar um cocho em um banco, um rack ou uma poltrona”, comenta o artista, proprietário da loja Divinas Gerais.

“Tiradentes é um caso único de cidade no Brasil aonde você pode vir com o projeto de sua casa e comprar tudo – portas, janelas, mobiliário e decoração”, afirma Ajeje orgulhoso.

Também é possível descobrir o passado da cidade através dos detalhes de suas portas e fechaduras. Curiosas, elas evocam o passado através de um ofício importante no século XVIII: o de ferreiro. Eles produziam o que se chamava na época de “ferragem colonial”, verdadeiras obras de arte. O mais conhecido era Luiz Gonzaga França, o“Mestre Zinho”. 

Serviço

Como chegar

Para quem vai para Tiradentes de carro, saindo de Belo Horizonte, pegue a BR–040 até o encontro com a BR–383, após Congonhas. O trajeto tem 190 km e dura cerca de três horas. De ônibus é preciso ir até São João del Rei, comprando passagem pela Viação Sandra, ao custo de R$ 60. De São João del Rei até Tiradentes, o turista pode pegar um táxi, ônibus comum ou maria-fumaça.

Onde se hospedar

Pequena Tiradentes. Pacotes a partir de R$ 1.440 para duas noites e duas pessoas em acomodação standard no finais de semana de dezembro. (32) 3355-1262 ou pequenatiradentes.com.br.

Aromas da Montanha. Diárias a partir de R$ 542. (32) 3355-1406 ou aromasdamontanha.com.br.

Encantos da Serra. Diárias a partir de R$ 380 (standard). (32) 3355-1591 ou encantodaserra.com.br

Site. tiradentes.mg.gov.br e tiradentesmais.com.br