O dia amanheceu ensolarado em Los Angeles, aliás, o sol parece brilhar mais intenso na Califórnia, ainda no mês de novembro, quando por lá estivemos, no ano passado, a convite da Ford América do Sul, para a cobertura de uma série de pautas aceleradas.

Confira o vídeo: 

Entre elas, o lançamento do SUV Mach-E, primeira variante do ícone Mustang, empurrado por um propulsor elétrico e que foi objeto de nossa reportagem na ocasião. 

Mas nossa temporada americana foi muito além do mergulho no universo da eletrificação, tivemos oportunidade de passar um dia inteiro conhecendo e dirigindo uma frota de Mustang, que a companhia colocou à disposição dos jornalistas convidados.

Confesso que foi uma noite longa e ansiosa, aguardando o tão esperado momento para dirigir, em território americano, a verdadeira lenda sobre rodas.

Depois de um rápido café da manhã nos dirigimos para a sala do “briefing”, assinamos o termo para autorização do teste-drive, recebemos as explicações sobre o roteiro que seguiríamos e as muitas atividades que nos aguardavam para aquele, que seria um verdadeiro, “dia de treinamento”, a bordo de um dos mais icônicos modelos já produzido pela indústria automobilística em todo o mundo.

A saída dos bólidos: 

Chegou a hora

Explicações dadas, termo assinado, era chegada a hora de nos dirigimos para o estacionamento do hotel, ponto de partida para nossa jornada. O local mais parecia um parque de diversão e começava nossa difícil missão de escolher um daqueles “brinquedos”, entre tantas as preciosidades.

Como é de praxe, a turma de jornalistas é dividida em duplas para que todos tenham o mesmo tempo e oportunidade para dirigir. Nesta empreitada tive a honra e o privilegio de ter ao meu lado um dos mais experientes, carismáticos e respeitados profissionais do setor, o jornalista e engenheiro Fernando Calmon, ao seu lado, dividiria o volante de nosso “bólido”.

Como se fosse um “menu” sobre rodas, à nossa disposição, escolhemos para nos acompanhar, pelas ruas de Los Angeles, o lendário Mustang Shelby GT 350, um “foguete” sobre rodas, com motor V8 de 5.2 litros e 535 cv e torque de 59,1 kgfm.

Tanta potência precisa de freios eficientes, os do nosso “torpedo” são da marca italiana Brembo, com discos ventilados de 394 mm na frente e 380 mm atrás e pinças de múltiplos pistões, feitas em alumínio.

A suspensão tem amortecedores magnéticos e a cereja do bolo é o clássico câmbio manual de seis marchas. Segundo a Ford este é o motor aspirado mais potente da história da marca do oval azul.

No volante, de Shelby

E lá fomos nós. Depois de acomodarmos no confortável banco, que parece querer te abraçar, apertamos o botão de start e ouvimos ecoar o som do motor V8 de 5.0 litros. Volante ajustado e posicionamento correto dos espelhos retrovisores, tudo pronto para partida.

Mas não sem antes atentarmos para o nível superior de acabamento do “muscle car” da Ford, que surpreende pelos materiais macios ao toque, com bons arremates e molduras de metal que passam a boa impressão do cuidado no requinte do esportivo que tem preço nos Estados Unidos em cerca de US$ 60 mil.

O painel de instrumentos digital sua ampla tela apresenta informações de maneira intuitiva e rapidamente é possível se familiarizar.

Tudo à mão

Informações sobre o motor do “indomável” também em detalhes, tais como pressão do turbo e temperatura do óleo. Mesmo com o imponente “ronco” que também pode ser controlado, o Mustang começa seu deslocamento dócil, sem o ímpeto da força dos 59,1 kgfm de torque máximo.

Assim que pegamos a “free way”, passamos ser uma atração à parte no cenário, como saímos quase que simultaneamente, alguns colegas estavam próximos e um comboio de Mustang, dos mais variados modelo e cores, não é toda hora que se vê por aí.

Poucos minutos depois cada um segue seu ritmo e a turma se despereça e ai que podemos pisar mais findo no pedal direito. São seis modos de condução pré-definidos: Normal, Esportivo, Esportivo+, Pista, Drag e Molhado, que alteram o comportamento do câmbio, da direção, do painel, do acelerador eletrônico, da suspensão, do ABS, do controle de estabilidade e ainda do ruído do escape, que pode ser escolhido ao gosto do feliz proprietário.

Deixamos para experimentar o modo de condução mais esportiva na subida da serra que nos levaria ao nosso destino, em um restaurante, nas montanhas literalmente, cinematográficas, próximo a Hollywood.

Comportado

Quando exigido, devora curvas com aptidão, mas para com a mesma precisão, para muito rápido graças aos modernos freios Brembo. A eletrônica embarcada é destaque no esportivo. Domar os 535cavalos não é tarefa para nenhum neófito.

Até a chegada ao nosso destino passamos por situações curiosas e mesmo respeitando os limites de velocidade sugeridos, em muitas vezes foi possível acelerar mais e o “tiro” que o faz disparar, só permite que os carros que estão atrás vejam de “binóculos” o emblema do cavalo que marca a vida da lenda, há mais de 50 anos.

Uma experiência segura ao volante de um esportivo cujo motor parece emitir o som de uma orquestra, mas ao mesmo tempo confortável, equipado, exclusivo e cheio de história para contar. (RC)

Tradição em esportivos

É preciso reconhecer que a Ford sabe bem criar carros esportivos. Desde sua fundação, em 1903, verdadeiros ícones dessa marca chegaram ao mercado, como o Thunderbird, o Mustang e o GT - sem contar, claro, de todos os outros que foram concebidos pelas colaborações que teve com Cosworth, Lola, Shelby e também McLaren.

O Mustang Shelby GT350 tem rodas de alumínio forjado com aro 19 polegadas e acabamento em preto brilhante, montadas com pneus Michelin Pilot Sport Cup 2. Fora isso tem ainda sistema de escape duplo com válvulas de equalização sonora eletrônicas, a fim de não só produzir um som melhor, mas também para ajustar as respostas do V8 5.2.

Do pacote faz parte a estrutura aerodinâmica com difusor de ar, spoilers pronunciados e aerofólio traseiro proeminente. Isso sem contar as faixas decorativas, alusivas ao modelo clássico. Completa a oferta de equipamentos, o sistema FordPass Connect, que permite usar um aplicativo de telefone para encontrar o veículo, travar ou destravar as portas, monitorar os níveis de combustível e óleo e seguir alertas de manutenção.

Da vida para as telas

Campeão de bilheteria e ganhador de duas estatuetas do Oscar, como melhor edição de som e montagem, o filme que retrata a história entre Henry Ford e Enzo Ferrari, para assumir o protagonismo das 24 Horas de Le Mans, tem na dupla Carroll Shelby, um construtor de carros esportivos do Texas e do mecânico e piloto, o genioso Ken Miles, como personagens centrais.

A partir da sofrida, conturbada, mas vitoriosa parceria entre Shelby e Ford, surgiu a customização do modelo mais icônico da Ford, o Mustang, que passou a usar, em verões especiais, a assinatura de Carroll. Construído inicialmente pela Shelby American, a marca ligada às pistas retornou 35 anos depois por conta da própria Ford.

Nascido em Ionia, Michigan, o Ford Mustang Shelby hoje em dia é feito em Flat Rock, fábrica da Ford também em Michigan, mas com supervisão da Shelby American. São duas variantes feitas a partir do lendário esportivo da Ford, o GT350, que dirigimos e seu irmão mais potente, o GT500.