Desta apenas os veteranos se lembrarão. No final dos anos 70, tempos do Programa Nacional do Álcool, popularmente conhecido como Pró-Álcool, uma campanha do governo ficou famosa pelo slogan que dizia: “Carro a álcool, você ainda vai ter um”.
Passados mais de 40 anos, não seria uma utopia plagiar a frase, trocando apenas a palavra álcool por eletrificado. Híbridos, aqueles que combinam motor a combustão ou apenas 100% elétricos, esses modelos chegaram para ficar e já são o assunto preferido nas rodas de conversa dos que gostam e curtem o segmento automotivo.
Ainda não se pode dizer que a utilização destes modelos está sendo democratizada, mas a chegada do BYD Dolphin mexeu com todas as peças do tabuleiro. A partir de então, os concorrentes passaram a remanejar preços e até antecipar lançamentos.
Se por um lado é cedo para afirmar que os elétricos estão ficando mais próximos do consumidor, por outro, o “chinesinho” nos contradiz. O Dolphin chegou em julho de 2023 vendendo mais de 3.000 unidades no primeiro mês. Em agosto, o hatch da BYD foi o carro elétrico mais vendido do Brasil.
O primeiro contato do Autotempo com o Dolphin foi em seu lançamento que, mesmo sendo “corrido”, conforme praxe no jornalismo automotivo, o Dolphin nos impressionou muito positivamente. Desta feita, avaliamos o "golfinho" da BYD por 7 dias.
Sem grandes arroubos, o visual do Dolphin agrada por suas linhas modernas e com a carroceria sem recorte ou vincos destacados, na frente, o conjunto de faróis e as luzes de condução diurna (DRL) em full LED chama atenção a grade frontal fechada.
A parte lateral segue no mesmo estilo e na traseira o destaque fica para a ligação das lanternas, de um extremo ao outro, na tampa do porta-malas, que comporta 345 L.
Atrás, o piso é 100% plano com teto alto e reto. Apesar de ser um hatch compacto, de tamanho similar ao Chevrolet Onix, a distância entre-eixos, medida que determina o conforto para os passageiros do banco traseiro, é a mesma vista no sedã Toyota Corolla.
O BYD Dolphin é um modelo da série Ocean e apresenta um design inspirada nos animais marinhos e nas ondas do mar, segundo a marca chinesa.
Salta aos olhos o esmero de seu acabamento, com materiais de boa qualidade e textura, tal como o couro ecológico presente em muitas partes do painel e dos bancos.
O volante do Dolphin tem base achatada. Os botões para acionar o câmbio e os demais controles são em aço escovado. Mas a grande atração mesmo é a tela de 12,8 polegadas da central multimídia do hatch, com rotação elétrica para posição vertical ou horizontal.
Apesar de não oferecer o carregamento de celular por indução, o Dolphin tem sistema de Wi-Fi nativo e a conexão sem fio para Apple Carplay e Android Auto. Pelo app da BYD no celular é possível abrir ou trancar o carro, além de programar o ar-condicionado e até verificar o nível de carga da bateria.
O hatch chinês pode ser conectado a uma tomada doméstica (de três pinos) aterrada de 220V. Segundo a BYD, em 6 horas e 40 minutos a bateria é 100% recarregada. Em carregadores rápidos com corrente DC, a promessa é de recuperar a bateria de 20% a 80% em apenas 25 minutos. Com a bateria cheia, a autonomia do Dolphin é de 291 km, conforme o Inmetro.
O Nissan Leaf foi lançado em 2010 como o primeiro carro elétrico de produção em massa da marca japonesa. Desde então, ele se tornou um dos modelos mais vendidos do mundo e ajudou a popularizar os carros elétricos.
Em 2022, o Leaf recebeu uma atualização significativa, que trouxe melhorias em design, dirigibilidade, conforto e tecnologia. Mas será que essas mudanças foram suficientes para manter o modelo competitivo no mercado brasileiro?
No design, o Leaf 2023 adota um estilo mais moderno e esportivo, com faróis de LED afilados, lanternas traseiras com estilo bumerangue e rodas de liga leve de 17 polegadas. O interior também foi renovado, com acabamento mais requintado e tecnologia de ponta.
Uma característica notável é o conforto dos bancos e o espaço para as pernas, tornando-o um dos carros mais macios disponíveis no mercado. A altura em relação ao solo é adequada, eliminando preocupações com a raspagem em obstáculos.
Os bancos aquecidos em dois níveis são um destaque, proporcionando conforto tanto para motorista quanto passageiros. Na fileira traseira, apenas a elevação do túnel central pode ser vista como um inconveniente para o passageiro central.
Em termos de dirigibilidade, o Leaf 2023 é confortável e ágil. O motor elétrico de 149 cv e 32,6 kgfm de torque garante um desempenho satisfatório, com aceleração de 0 a 100 km/h em 7,9 segundos. O volante não possui ajuste de profundidade, mas ainda é possível encontrar uma posição de direção confortável. No lugar do tradicional espelho, o retrovisor interno é uma câmera de alta resolução.
O Leaf 2023 também é equipado com uma série de tecnologias de segurança, como frenagem automática de emergência com detecção de pedestres, alerta de mudança de faixa e controle de cruzeiro adaptativo. Todos, itens que o BYD Dolphin não dispõe. O que explica a larga diferença de preço entre os dois modelos elétricos.
O Nissan Leaf 2023 é um carro elétrico completo e bem equipado. Ele é confortável, ágil e seguro, e traz uma série de tecnologias de ponta.
No entanto, sua autonomia ainda é um ponto negativo. O Leaf 2023 tem autonomia de apenas 192 km (conforme homologado pelo Inmetro), o que pode ser um problema para quem precisa viajar longas distâncias. Apesar disso, o Leaf 2023 é uma boa opção para quem busca um carro elétrico confortável e seguro.