Stellantis anuncia modelos híbridos flex com tecnologia Bio-Hybrid para 2024

A Stellantis confirmou o lançamento dos primeros modelos que conciliarão etanol, gasolina e eletricidade no mercado em 2024. Batizada de Bio-Hybrid, a tecnologia estará disponível nas novas versões dos modelos já existentes das marcas Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot, e promete eletrificar os veículos em diferentes níveis.

A aposta inicial será nos modelos híbridos leves, nos quais a eletricidade contribuirá para reduzir o consumo de combustível nas partidas e fornecer torque extra nas arrancadas, entre outros recursos.

"80% das emissões ocorrem entre o momento em que o motor é ligado e os dois primeiros minutos de uso do carro", explica João Irineu Medeiros, vice-presidente de assuntos regulatórios da Stellantis para América do Sul.

Por isso, a tecnologia híbrida leve visa mitigar essas emissões, proporcionando uma solução mais acessível para modelos compactos, como o Peugeot 208 e o Fiat Argo.

Além disso, a Stellantis oferecerá o sistema Bio-Hybrid e-DCT, que é mais complexo e sempre acompanhado de um câmbio automático de dupla embreagem (DCT). Esse sistema inclui um motor elétrico junto à caixa de marchas, gerenciado por um "cérebro eletrônico", e uma bateria que armazena energia para rodar alguns quilômetros sem queimar combustível. Durante desacelerações e descidas, ocorre a recarga da bateria.

No trânsito pesado, estima-se um consumo próximo a 20 km/L quando o carro estiver abastecido com etanol. Essa tecnologia estará presente em futuras versões de modelos como o Jeep Renegade e a Fiat Toro, entre outros.

A versão mais avançada do sistema, conhecida como Bio-Hybrid Plug-in, possui características semelhantes ao e-DCT, mas oferece a possibilidade de recarregar o carro na tomada. As baterias possuem maior capacidade, permitindo percorrer trechos maiores no modo 100% elétrico.

Atualmente, o único modelo desse tipo oferecido pela Stellantis é o Jeep Compass 4Xe, capaz de percorrer aproximadamente 40 km sem consumir gasolina. A nova geração de veículos promete um ganho ainda maior de autonomia utilizando eletricidade, além do etanol.

As expectativas são otimistas, e a Stellantis planeja investir cerca de R$ 16 bilhões até 2025 para impulsionar a produção nacional desses modelos híbridos flex no Brasil. Segundo Antonio Filosa, presidente do grupo Stellantis na América do Sul, o mercado já apresenta sinais positivos, com vendas de 411 mil unidades no primeiro semestre e 23,7% de participação no mercado regional.

O objetivo ambicioso da Stellantis é que, até 2030, 60% dos modelos comercializados no Brasil sejam dotados de alguma tecnologia híbrida flex. A meta global da empresa é zerar as emissões de carbono de seus carros novos até 2038, demonstrando um comprometimento sólido com a sustentabilidade.

Para que essa estratégia seja bem-sucedida no Brasil, é fundamental que os carros híbridos flex sejam abastecidos com etanol. João Irineu destaca que cerca de 85% da frota em circulação no país é flex e pode rodar com etanol, sendo necessário o estabelecimento de incentivos para impulsionar ainda mais o uso desse combustível renovável.

A Stellantis também exibiu uma plataforma compacta 100% elétrica, similar à utilizada no Peugeot e-208 GT. No entanto, a empresa concentra seus esforços nos modelos híbridos, reforçando seu compromisso com a eletrificação dos automóveis no país e no mundo.