A febre global por SUVs continua a crescer, mas à medida que esses veículos conquistam cada vez mais o mercado, sua expansão física também gera preocupações.
Enquanto em mercados da América do Norte, o aumento de tamanho dos modelos pode passar despercebido, na Europa, com suas ruas estreitas e espaços limitados, a questão se torna mais delicada.
Cidades europeias e o desafio dos SUVs
Em cidades europeias densamente povoadas, onde estacionar o veículo pode ser tão difícil como encaixar uma peça de Tetris no lugar certo, o aumento no tamanho dos SUVs já causa atritos e desafios.
Um recente estudo da ONG Transport & Environment (T&E) revelou que, em média, os novos veículos de passageiros na Europa crescem, em média,1 cm em largura a cada dois anos, ocupando espaço crítico nas ruas que poderia ser utilizado por outros usuários.
Marcas se aproveitam de brecha na lei
Especialistas alertam que, sem intervenção regulamentar da União Europeia, essa tendência pode levar a cidades mais congestionadas e perigosas para pedestres e ciclistas.
Atualmente, a largura máxima permitida para todos os veículos na União Europeia é de 2,55 m, uma lei promulgada nos anos 90 para limitar o tamanho de ônibus e caminhões.
No entanto, essa medida se tornou uma brecha para fabricantes de automóveis produzirem SUVs cada vez maiores, causando desafios em vias estreitas e vagas de estacionamento.
SUVs do tamanho de caminhões?
O estudo da T&E destaca ainda que, em 2023, a largura média dos novos carros na Europa ultrapassou 1,80 m com um crescimento anual médio de 50 mm desde 2001. A maior preocupação é que, sem reformas, SUVs e picapes de luxo podem se tornar tão imensos quanto alguns caminhões e microônibus.
Modelos como o Hummer EV comprado pelo atacante Hulk, do Atlético, chamam atenção justamente pelo tamanho. O SUV comprado pelo camisa 7 do Galo, por exemplo, tem 2,38 m de largura e excepcionais 2,05 m de altura.
Assim como em cidades históricas do Brasil, as vias estreitas na Europa tornam o estacionamento na rua uma tarefa desafiadora. Muitas vagas foram projetadas para veículos com largura máxima de 1,80 m, excluindo quase metade dos carros novos no mercado. No Brasil, modelos como o Volkswagen Taos (foto abaixo), por exemplo, têm largura acima disso (1,82 m).
O estudo da T&E inclui gráficos ilustrando o impacto desses grandes SUVs nas ruas e destaca a necessidade de reavaliação das regulamentações.
Alguns dos SUVs grandes atualmente à venda no mundo têm mais de 2 m de largura. Isso inclui modelos vendidos no Brasil inclusive como o BMW X5 e BMW X6 (foto abaixo), Range Rover Sport, Defender, além do Porsche Cayenne e do Audi Q8.
Embora não sejam tão largos quanto um caminhão compacto, eles já não mais compatíveis com muitas vias em cidades europeias como Paris, Londres e Berlim.
Altura dos veículos também preocupa
O relatório por fim também sugere que os legisladores devam rever o tamanho máximo dos veículos de passageiros para proteger o espaço público de “maiores invasões”.
De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Vias, na Bélgica, entre 2017 e 2021, levantar o capô de um veículo em 10 cm aumenta o risco de fatalidade em colisões com pedestres e ciclistas em impressionantes 30%.
O Parlamento Europeu planeja abordar essas questões no próximo dia 12 de fevereiro, enquanto a França, no dia 4, inicia um referendo popular para implementar medidas para desencorajar o uso de veículos maiores, incluindo a possibilidade de taxas de estacionamento três vezes mais caras para SUVs grandes.