Teve jogador tentando rescisão na Justiça. Outros enviaram notificações extrajudiciais pra receber o que já deveria ter sido pago. O time não tem um volante à disposição. Teve troca de indiretas (ao que tudo indica) entre titulares pelas redes sociais. Na véspera de um mata-mata, o acionista majoritário teve que se reunir com os atletas pra prometer que, até o fim da próxima semana, o clube vai pagar o que deve a eles. E, no meio disso tudo, teve dirigente vindo a público dizer que “está tudo tranquilo”.

Essa coluna não é uma crítica direta a Paulo Bracks (o autor da inacreditável frase, dita em entrevistas concedidas por ele nas últimas horas). Bracks cumpre ordens. É um executivo (bem preparado pra ocupar o cargo, inclusive). E tenho certeza absoluta: inteligente como é, sabe muito bem que não está tudo tranquilo. Pelo contrário. Mas, já que foi ele quem disse, não posso deixar passar batido.

O Galo vive (mais uma) crise por razões que, considerando as projeções e promessas da SAF, ficariam no passado. As fotos dos atletas treinando (no dia 7/7) com os bolsos pra fora, em protesto pelos atrasos, é de deixar qualquer atleticano envergonhado. Isso mancha a reputação do clube, que, cá entre nós, já está bem manchada pelas manchetes recentes de compromissos não cumpridos.

Não consigo culpar Rony, Scarpa ou quem quer que seja pelo caos das últimas horas, apesar de o camisa 10 ter tido postura extremamente infantil nessa terça-feira. Eles até podem ter errado, o que é outra discussão, mas os verdadeiros responsáveis não estão no “chão de fábrica”. São aqueles que deveriam honrar seus compromissos com o clube que compraram. Infelizmente, ao contrário do que dizem, não cumprem. Não todos.

O Atlético, hoje, é um clube bagunçado. Dentro de campo e fora dele. E qualquer sintoma dessa bagunça tem como explicação lógica uma falta de organização, de planejamento ou de postura. Ou seja: o problema vem de cima pra baixo, sempre. Nunca o contrário. Aí fica difícil.

Espero, de coração, que esse dia 22/7 seja um marco de uma transformação no Galo. Que tenha sido o “Afogados” dos tempos modernos. Que, a partir de agora, algo mude de verdade. Que acordem pra vida. Que passem a respeitar o torcedor, a falar a verdade, a parar de tentar enganar com palavras bonitas e promessas vazias.

Nosso horizonte, hoje, não é nada agradável, mas sempre dá pra mudar a rota. Vamos acreditar que ela seja, de fato, recalculada. É o que precisamos com urgência.

Saudações.