O amor do torcedor cruzeirense foi testado nos últimos anos. As provações foram muitas. Falaram que o sentimento se esfriaria. Que o Mineirão se esvaziaria. Que as glórias se extinguiriam. Que as portas da Toca da Raposa se fechariam. Mas quem ama, suporta tudo. Está nas boas e nas más horas. Não arreda o pé. Confia. Tem fé. Persiste. Vai ao chão, mas se levanta. Chora, mas também sorri. O teste do tempo pode ser cruel. Ainda mais quando ele se estende por um, por dois, por três anos. Parece que aquela ferida nunca vai se estancar. Mas acredite, ela se estaca. 

Por vezes, é preciso saber se contentar com o pouco. Tão pouco, como uma vitória em uma tarde de domingo sobre o Brasil de Pelotas, tudo para se livrar do risco da zona de rebaixamento da Série B. Até pouco tempo atrás, o que rondava a mente do torcedor cruzeirense era o fantasma de uma terceira divisão, e mesmo quando tudo parecia adverso, o torcedor não se abateu. 

Foi um duro teste. Daqueles que todos saem mais fortes. Mais unidos. Verdadeiramente apaixonados. É uma ressignificação do que é torcer. Que vai muito além do momento. É um compromisso para a vida. E por que não para além dela? Salomé, Paiblito, eles serão lembrados. Eles sempre estarão juntos. Passo a passo. Jogo a jogo. 

Hoje o Cruzeiro deixou Belo Horizonte em busca da grande conquista, como diz o slogan da Copa Sul-Americana. Mas a bem da verdade, a grande conquista já existe. Mais de oito milhões de torcedores.

Jogadores, comissão técnica, direção, todo o staff, sentiu o carinho e a paixão da torcida celeste. Há muito simbolismo neste momento da Raposa. 

Uma registro fotográfico de Felipe Vilaça na mobilização desta terça-feira expressa bem o que sempre foi dito, que o Cruzeiro é um time do povo. Feito para o povo. Crianças, a bandeira, adultos, jovens, um coletivo ao fundo. Gerações e momentos que se unem em torno do futebol. Em torno do Cruzeiro. 

Para aqueles que cravaram um fim trágico nesta história, é com prazer que lhes digo que o amor e o orgulho do cruzeirense continuam. Intactos. E ainda mais vívidos, palpáveis. E não são pelos resultados ou pelo dinheiro que Pedro Lourenço está pronto para investir em algo que é sua paixão. Mas, sim, porque o Cruzeiro é imaterial, é um sentir que extrapola por muitas vezes a razão de quem o tem como parte de si. 

Que os jogadores que vestem esta camisa, guardem na mente os olhares dos torcedores cruzeirenses que os acompanharem até Confins. Para estes, não é apenas um jogo de futebol, não é apenas uma temporada ou contratos milionários que podem ser fechados. Para eles, o que importa, o que existe e o que os motiva se chama Cruzeiro Esporte Clube. E é por eles que cada um deve entrar em campo. Sabendo que representam algo que está além da compreensão deles mesmos. 

Para cima, Cruzeiro!