O Cruzeiro termina o ano prejudicado. E será preciso rever conceitos para 2025. Além dos milhões destinados às contratações, que precisam ser feitas com critérios técnicos apurados e não apenas por um simples despejar de investimentos sem direcionamento ou plano de conquistas, a Raposa precisa mostrar força no campo administrativo, brigar por seus direitos de forma convicta e, se preciso for, bater na porta do presidente da CBF Ednaldo Rodrigues todos os dias.
Ednaldo que, inclusive, estará em plena campanha para um próximo mandato na entidade que rege o futebol nacional.
Não só na porta de Ednaldo, mas também marcar ponto na Cidade Administrativa, pleiteando situações diversas, dentre elas o Mineirão, e também buscando meios de se aproximar das forças de segurança para entender qual tipo de ruído existe no tratamento destinado ao Cruzeiro nos últimos tempos. Não pode dois pesos e duas medidas. Se vale para um, tem que valer para o outro também.
Um clube de futebol, além de resultados, se faz de influência. E este episódio do jogo contra o Palmeiras me preocupou bastante. A diretoria passou a impressão de que abriu mão muito fácil dos seus direitos e deixou que a situação escalasse. Não basta apenas soltar nota. Tem que querer ter a torcida presente no estádio e utilizar-se de todos os meios para que isso aconteça. Para mim, faltou ação nesta causa. O CEO Mattos precisa elucidar o que aconteceu que não funcionou nas conversas entre Cruzeiro, Palmeiras, CBF e forças de segurança.
O Governo de Minas e a Polícia abriram a temporada do futebol brasileiro se vangloriando do Mineirão como sede da Supercopa do Brasil, recebendo no Gigante da Pampulha um clássico dividido entre são-paulinos e palmeirenses, algo que não existe no estado de São Paulo, e terminam o ano de 2024 não sendo capazes de garantir a ordem para a realização de um jogo importantíssimo na tabela do Brasileirão, prejudicando o Cruzeiro, os torcedores, que também são contribuintes, e passando um atestado de incompetência completa.
Para uma cidade como Belo Horizonte, que sediou eventos importantíssimos nos últimos anos, esta é uma derrota retumbante. E não só para o Cruzeiro. É impossível não lembrar do mundo mágico e utópico apresentado pelo vice-governador Mateus Simões antes da final da Copa do Brasil entre Atlético-MG e Flamengo, na Arena MRV, mostrando a eficiência do estado na segurança de grandes eventos, e as cenas lamentáveis protagonizadas no confronto, inclusive com um fotógrafo sendo atingido por uma bomba.
Na última hora, a CBF acatou a decisão de duas torcidas no duelo entre Cruzeiro e Palmeiras. A entidade tirou o dela da reta, sabendo também que o poder público tornou-se o responsável imediato pelo descalabro que acontecerá no Mineirão na noite desta quarta-feira.
E outra, o Ministério Público possui outras atribuições mais importantes do que agora julgar-se capaz de determinar qual torcida - e não digo organizada - precisa estar em um estádio. Já imaginou se cada promotor resolver entrar com uma ação deste tipo em um país com rivalidades conhecidas no futebol? É um precedente perigoso. Mas ainda bem que a Justiça de Minas Gerais julgou o mérito da causa apontando que a CBF tem autonomia para tomar suas decisões, conforme previsto na Constituição Federal e na Lei Geral do Esporte.
Para completar a lambança, a PM garantiu horas antes de a bola rolar o cumprimento da determinação da CBF de duas torcidas no Mineirão. Por que não fez isso antes? Qual era o impedimento?
Um espetáculo de incompetência de todos os lados. Uma punição indevida aos verdadeiros torcedores, e não aos criminosos que mancham o futebol.