Infelizmente, chegou aquele momento que o torcedor do Cruzeiro não queria enfrentar: lidar com uma derrota. Foram 16 jogos de invencibilidade, e é natural que o nível de exigência aumente diante de uma sequência tão impressionante. Mas é preciso manter a calma. As análises não podem ser feitas no calor do tropeço, pois, do contrário, é muito fácil cair no erro do "analista de resultado": venceu, é o melhor; perdeu, já não presta.

Torcedores, calma!

A derrota para o Ceará é um lembrete de que o Cruzeiro não pode olhar para a tabela e imaginar que, pelo momento do adversário, o resultado positivo virá automaticamente. É necessário manter a mesma intensidade e o comprometimento demonstrados nos duelos contra o Fluminense — o quarto melhor time do mundo —, Flamengo ou Palmeiras. O Brasileirão é traiçoeiro, e qualquer adversário — literalmente qualquer um — pode surpreender.

O time demonstrou certo cansaço? Sim. É difícil atuar sempre no limite. Mas esse é o estilo de jogo ao qual o Cruzeiro se propôs: construir o placar e, a partir daí, se concentrar na defesa, explorando os contra-ataques para definir o jogo.

No entanto, a defesa falhou feio diante do Vovô. Permitiu que Galeano, um jogador de 1,70 m, marcasse dois gols de cabeça — sendo o segundo com total liberdade na área. Isso é inaceitável. O próprio Galeano revelou após a partida que nunca havia feito dois gols de cabeça em um mesmo jogo na carreira.

Atrás no placar, o Cruzeiro lançou mão de tudo o que pôde: Gabigol, Bolasie, Marquinhos e Matheus Henrique foram a campo. O time até criou chances, mas não teve competência para superar o goleiro Bruno Ferreira — que, ironicamente, falhou no lance do primeiro gol, ao vacilar diante de Kaio Jorge.

O jogo também escancarou um problema já citado neste espaço: a qualidade dos pontas do Cruzeiro. Se o objetivo é a classificação para a Libertadores de 2025, o clube precisa contratar. Começando por um zagueiro e passando pelas extremas do campo. Não dá para depender apenas de Wanderson e Marquinhos para abastecer o ataque, que tem em Kaio Jorge sua principal referência. É necessário mais qualidade nas pontas, pois um time que cria e converte mais chances está mais próximo da vitória.

A questão, hoje, não é quantidade de contratações, mas sim pontualidade e qualidade. O Cruzeiro precisa de reforços que realmente façam a diferença, elevando o nível técnico da equipe. Assim, a Libertadores deixará de ser sonho e se tornará um objetivo ainda mais palpável.

E, como disse no início, é preciso manter a calma. O Cruzeiro, assim como qualquer time do futebol brasileiro, não está imune a tropeços. Eles vão acontecer. Mas isso não significa que o time está no caminho errado. Muitas vezes, uma derrota serve para alinhar expectativas e trazer ao elenco um entendimento mais claro do que precisa ser feito para seguir no topo.