O Cruzeiro completou o terceiro jogo sem vitórias, empatando sem gols com o CRB e frustrando, mais uma vez, a torcida no Mineirão. Apesar da insatisfação geral — uma frustração que, ao meu ver, é legítima — o resultado traz o torcedor de volta à realidade, especialmente no entendimento de que este elenco, como já havia sido dito no início da temporada, ainda é desequilibrado e curto.
Diferentemente do que muito se tem dito, tentando criar um ambiente de terra arrasada em uma equipe que, até pouco tempo, era tratada como a melhor do Brasil, creio que o Cruzeiro não necessita de muito para alcançar o objetivo traçado para esta temporada: a volta à Libertadores.
Mas volto a usar este espaço para cobrar reforços. O time "abriu o bico", sentiu o ritmo intenso, está notoriamente sem fôlego e, dessa maneira, torna-se previsível. O Cruzeiro carece de, ao menos, dois jogadores de beirada, capazes de vencer o duelo no um contra um e abrir espaços no drible. Se não vierem um novo zagueiro ou um lateral-esquerdo, por exemplo, que ao menos a prioridade seja reforçar o ataque celeste. De fato, Wanderson e Marquinhos, apesar de serem contratações aprovadas por Jardim, não possuem essa característica e estão comprometendo a engrenagem atual.
Jardim deixou isso claro na coletiva pós-jogo: está à procura de seu "Everton Ribeiro" ou "Arrascaeta", mas ainda não o encontrou. Só que o relógio está correndo de forma acelerada — ainda mais em um futebol brasileiro cada vez mais competitivo. Concordo que não se deve contratar apenas por contratar. É preciso ter foco, ser cirúrgico, buscar o que falta. Mas o Cruzeiro precisa ser mais incisivo nessa busca, não deixando escapar oportunidades como a do argentino Montoro, por exemplo, hoje no Botafogo.
É preciso mais agilidade do departamento de futebol. Não é de hoje que o "cobertor curto" deste elenco cobra seu preço, e há de se valorizar o trabalho do técnico, que, mesmo com um grupo que não foi montado por ele, conseguiu encontrar um jeito de fazer este time performar com qualidade. Só que agora, com a dinâmica do Mister estabelecida, é nítido que o que Jardim possui atualmente à disposição não suporta o ritmo.
Será que o Cruzeiro, mais uma vez, vai esperar as coisas acontecerem — como foi na eliminação da Sul-Americana — para reajustar o planejamento? A demanda é urgente. E o novo scout precisa entregar uma planilha de nomes que supram essas necessidades evidentes. Porque, com todo respeito ao Mister, é impossível que, em meio a tantos mercados, não existam opções que se adequem à atual procura do Cruzeiro.