OK, vocês venceram, batata frita! Não. Leite! Sim, o “Mês da Amamentação”, no Brasil, é, ou deveria ser conhecido como “Agosto Dourado”, período dedicado à conscientização e incentivo da amamentação, do aleitamento materno. A campanha ensina ou lembra a importância do leite materno, "padrão ouro" de nutrição, proteção para o bebê, promovendo ações para apoiar a amamentação e fortalecer o vínculo entre mãe e rebento. OK, vocês venceram de novo.

Já estamos em setembro, mas a amamentação é infinita enquanto dura, ou seja, no mínimo, até os seis meses da criança. Porque a amamentação é muito mais do que alimentar um bebê. É vínculo, proteção e saúde que reverberam ao longo de toda a vida. E insistimos! Embora o saudoso agosto seja o mês oficialmente dedicado à conscientização sobre o tema, falar sobre a importância do aleitamento materno é fundamental em qualquer época do ano. Para entender melhor os benefícios físicos, emocionais e sociais da amamentação; a saudável entrevista de hoje é com a pediatra, educadora parental e professora universitária, Dra. Ana Carolina Bueno, que alia ciência, disciplina positiva e comunicação não violenta em sua prática clínica e acadêmica. Com ela, leite é lei e Amém! Para nós também.

 

Carol, uma pergunta óbvia, mas que merece detalhes: por que a amamentação é considerada tão importante para a saúde do bebê?

O leite materno é um alimento completo, feito sob medida para cada criança. Ele contém nutrientes essenciais, anticorpos e substâncias que fortalecem o sistema imunológico, protegendo contra infecções, alergias e até doenças crônicas no futuro. Além disso, a amamentação favorece o desenvolvimento neurológico, cognitivo e emocional do bebê, criando bases sólidas para uma vida mais saudável.

 

Logicamente, quais os benefícios para a mãe que amamenta?

Amamentar ajuda o corpo da mãe a se recuperar mais rapidamente do parto, reduz o risco de hemorragias, auxilia na perda do peso gestacional e fortalece o vínculo com o bebê. A longo prazo, a amamentação está associada à redução do risco de câncer de mama e de ovário, além de contribuir para a saúde mental da mãe, trazendo sensação de acolhimento e conexão.

 

Há quem diga que amamentar é instintivo e natural, mas na prática muitas mulheres enfrentam dificuldades. Como lidar com isso?

É verdade, amamentar é natural, mas não é necessariamente fácil. Fissuras, dor, pega incorreta e insegurança são desafios comuns. Por isso, informação, acolhimento e apoio são fundamentais. A mulher precisa de orientação adequada desde a gestação e, principalmente, de uma rede de apoio no pós-parto para que não se sinta sozinha diante das dificuldades.

 

A amamentação também tem um papel emocional na relação mãe e bebê?

Sem dúvida. O ato de amamentar proporciona o contato pele a pele, estimula hormônios ligados ao bem-estar, como a ocitocina, e fortalece o vínculo afetivo entre mãe e filho. É um momento de comunicação silenciosa, de olhar e de acolhimento, que tem impacto direto no desenvolvimento socioemocional da criança.

 

E quanto de tempo de aleitamento materno é o ideal?

A Organização Mundial da Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida e sua manutenção, junto com a introdução alimentar adequada, até os dois anos ou mais. Cada família, porém, deve ser respeitada em seu contexto, lembrando sempre que quanto mais tempo a criança tiver acesso ao leite materno, maiores são os benefícios.

Qual é o papel da sociedade nesse processo?

Amamentar não é responsabilidade exclusiva da mãe. Envolve o pai, os familiares, os empregadores e o sistema de saúde. Precisamos de políticas públicas de apoio, como licenças parentais adequadas, ambientes de trabalho preparados para mães que amamentam e campanhas que reforcem a importância do aleitamento. Uma mãe apoiada amamenta mais e melhor.

Para encerrarmos, que mensagem você deixaria para as mães que estão vivendo esse momento único, logo, maravilhoso?

Eu diria que amamentar é um presente que você oferece ao seu filho e a si mesma. Mas também é uma jornada que pode ter altos e baixos. Se houver dificuldades, não se culpe: peça ajuda, busque orientação e lembre-se de que cada gota de leite conta. O mais importante é o vínculo, o amor e o cuidado que você dedica ao seu bebê.