O vôlei com conhecimento e independência jornalística

O conhecimento só se torna aprendizado quando ele é colocado em prática.

Essa frase seria suficiente para resumir o trabalho de Julio Velasco, técnico da Itália, no Mundial da Tailândia.

Aos 73 anos, o treinador, um dos maiores e mais consagrados de todos os tempos, fez história.

É o único técnico campeão nos dois naipes: masculino e feminino.

Desde que assumiu a seleção em novembro de 2023, com carta branca, substituindo David Mazzanti, foram duas conquistas de VNL e os inéditos ouro olímpico e mundial.

Velasco, tricampeão do mundo com a seleção masculina, mudou completamente a mentalidade, o ambiente e resgatou a confiança de um grupo talentoso que não aceitava as diretrizes do antecessor.

Ele provou que o equilíbrio é a balança da sabedoria.

Julio Velasco fez as jogadoras entenderem que jogar na seleção deve ser prioridade.

E não está errado.

Mas ninguém é obrigado.

Não custa lembrar que Lubian, Chirichella e Pietrini não aceitaram a convocação. E ele ainda perdeu Alice Degradi, ponta titular, lesionada.

Velasco apostou em Stella Nervini.

Responsabilidade não tem idade e não se transfere. 

O técnico deu uma aula de conhecimento no Mundial. O diferencial está na atitude.

Ninguém na Itália joga com nome, seja Ekaterina Antropova ou
Paola Egonu, que cansaram de dividir quadra e banco. Seja no primeiro ou quinto set.

E a coragem de lançar Gaia Giovannini numa semifinal e final?

E Fersino que entrou para fazer fundo na vaga da imprescindível Myriam Sylla no tie-break contra a Turquia.

Nada como confiar no que em mãos.

Pouca gente ouviu falar em Benedetta Sartori ou Yasmina Akrari, mas tenha a certeza que ambas as centrais estavam prontas para jogar.

Anna Danesi e Sarah não deixaram.

E quantas vezes Cambi entrou e correspondeu na inversão fazendo a dupla de levantadoras com a ótima Alessia Orro. 

Escolhas corretas.

Necessidade.

Leitura de jogo.

Dizem que o raciocínio e a pressa não se dão bem. Mas há controvérsias.

O vôlei é dinâmico e muitas vezes exige imediatismo.

O raciocinar é algo que pertence a todos, mas a lógica é algo à parte de poucos.

Aos 73 anos, é tempo de Julio Velasco.