A combustão móvel, processo de queima de combustível em veículos, é a principal responsável pela emissão de gases de efeito estufa (GEE), que colaboram para o aquecimento global, no setor da mineração no Brasil. Em 2022, foram 7,5 milhões de toneladas de gás carbônico (CO²) , o que corresponde a 59% dos mais de 12 milhões de toneladas emitidas pelo setor. A mudança do uso do solo, com a supressão de vegetação para extração do mineral, é a segunda principal causa, com 1,7 mi de toneladas (14%). Os dados fazem parte do Inventário de emissões de Gases de Efeito Estufa do setor mineral brasileiro, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), nesta terça-feira (28 de maio).
"São veículos, como caminhões, que por serem muito utilizados, com uma movimentação intensa e sempre com muito peso, emitem mais gases de efeito estufa (GEE). São equipamentos que precisam de manutenção constante. Outro ponto é que alguns podem estar obsoletos, sendo necessário a troca por veículos mais modernos. Porém, tem o desafio do custo muito alto e que a tecnologia não está disponível em todo o país", aponta Eloisa Casadei, coordenadora na WayCarbon, empresa responsável pela produção do inventário.
O estudo apontou que a fonte de energia é a terceira principal causa de emissão de gases de efeito estufa na mineração, o que corresponde a 12% do total. O ranking segue com a combustão estacionária, ocorrida em equipamentos industrias, (9%), fugitivas, referentes a vazamentos, (3%) e o processo industrial (2%). "O Brasil tem uma matriz energética muito boa, mas isso não é o bastante para conter o aquecimento global. O mundo deve acelerar o processo de utilização de tecnologias de descarbonização. Se a gente não seguir esse passo, vamos perder esse posto de privilégio e ficar para trás", acrescenta Casadei.
O relatório analisou dados de empresas mineradoras associadas ao IBRAM, além de três associações, como a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), o Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais (Sindirochas) e a Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM). O estudo também verificou 27 bens minerais (tipologias), considerando o potencial de emissão de gases de efeito estufa de cada um deles. O cálculo foi feito com base na quantidade utilizada no processo produtivo.
"É com base nesse levantamento que vamos definir as metas que iremos alcançar de forma gradativa para eliminar a emissão de carbono no setor. Esse é um compromisso que estamos assumindo diante da emergência climática que vivenciamos", garante Raul Jungmann, diretor-presidente do IBRAM. O estudo, porém, não identificou em quais Estados a atividade minerária é responsável pela maior emissão de gases de efeito estufa. Também não foi realizado um comparativo aos outros dois levantamentos feitos em 2008 e 2011. "Nesses dois estudos, os dados foram escassos, poucas empresas participaram do processo. Então a análise não seria completa", justifica.
O Sistema de Estimativa de Emissão de Gases (SEEG) indica que, em 2022, foram mais de 2 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa emitidos no Brasil. Deste total, o setor de energia e os processos industriais, aos quais a mineração está inserida, foram responsáveis por 78 mi (3%) e 412 mi (18%), respectivamente. A mudança de uso da terra e floresta foi a principal causa, com mais de 1 bi (48%), seguida pela agropecuária, com 617 mi (27%).