Encontrada morta aos 32 anos, na última terça (28), no Amazonas, a empresária Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, estava envolvida com uma seita que pode ter praticado os crimes de cárcere privado e estupro, de acordo com uma investigação da Polícia Civil do Estado.

Ela era um dos alvos da operação que investiga a seita "Pai, Mãe, Vida", fundada pela mãe e pelo irmão de Djidja, Cleusimar Cardoso e Ademar Cardoso, que tiveram as prisões decretadas preventivamente pela Polícia Civil. 

De acordo com as investigações, a seita é suspeita de fornecer e distribuir a substância ketamina, usada na medicina veterinária como sedativo. Os investigadores também suspeitam que a família induziu funcionários de uma rede de salão de beleza da qual eram donos a utilizar a substância. 

Eles acreditam que o grupo administrava a droga nos empregados em uma espécie de ritual. Antes de seu falecimento, Djidja era uma das investigadas da operação que foi deflagrada há 40 dias.

O delegado Cícero Túlio declarou em entrevista ao programa 'Balanço Geral' da RecordTV, que há "forte suspeita" de que a morte de Djidja foi causada por uma overdose de ketamina durante um desses rituais, em que, de acordo com as investigações preliminares, Ademar assumia a reencarnação de Jesus, enquanto Cleusimar se transformava em Maria e Djidja em Maria Madalena. 

Além da família, funcionários do salão de beleza do qual Djidja Cardoso era sócia também eram integrantes da seita. Foram presas Verônica da Costa Seixas, 30, Claudiele Santos da Silva, 33, e Marlisson Vasconcelos Dantas, funcionários do estabelecimento. Eles eram, segundo as investigações, responsáveis por induzir outros colaboradores e pessoas próximas à família a se associar à seita. 

Possíveis vítimas da seite já foram ouvidas pela polícia e relataram que eram obrigadas a permanecerem nuas durante vários dias, sendo proibidas de se alimentar ou tomar banho. Elas também informaram que sofreram violência física e presenciaram estupro de vulnerável. Uma das vítimas declarou ter sofrido um aborto. 

A morte da matriarca da família, avó da Djidja, também está sendo investigada pela Polícia Civil. Familiares de Djidja acreditam, segundo a polícia, que Ademar Cardoso injetou ketamina na avó, após a idosa de 83 anos ter caído e reclamar de dores. A Polícia Civil apura ainda a utilização de animais domésticos em rituais da seita. 

A polícia busca saber se outras clínicas e veterinários forneceram à seita as substâncias de forma ilegal. A DEHS (Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros) também apura se alguém medicou Djidja antes de ela morrer. 

Outros crimes, como falsificação, corrupção, aborto provocado sem o consentimento da gestante, estupro de vulnerável, sequestro, cárcere privado e charlatanismo estão no escopo das investigações.