O Corpo de Bombeiros de São Paulo atualizou, neste sábado (10), o número de corpos resgatados no local do acidente aéreo em Vinhedo, no interior do Estado. Até a atualização mais recente dessa reportagem, às 16h10, 42 vítimas haviam sido retiradas. O acidente, que ocorreu na tarde de sexta-feira (9) no interior do Estado, resultou na morte de 62 pessoas. Até as 18h. já eram 50 os corpos retirados dos escombros.

Ainda segundo a corporação, os corpos estão sendo encaminhados, em grupos de 12 pessoas, para a unidade central do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo, onde passarão por identificação antes de serem liberados para as famílias. De acordo com o governo de São Paulo, dentre essas vítimas, duas foram identificadas por meio de exame datiloscópico (impressões digitais). 

A unidade do IML está temporariamente fechada para atendimento exclusivo às vítimas do acidente aéreo em Vinhedo. Segundo a Defesa Civil, as famílias das vítimas foram acomodadas pelo governo em um hotel na capital paulista. As informações sobre o acidente estão sendo repassadas aos familiares no auditório do Instituto Oscar Freire, na região central, próximo ao IML.

No local, os parentes podem apresentar documentos médicos, odontológicos e radiológicos das vítimas para ajudar na identificação dos corpos. Além disso, equipes de assistentes sociais e psicólogos estão no local oferecendo apoio aos familiares.

O acidente

A aeronave decolou do Aeroporto de Cascavel (PR) às 11h50 com destino ao Aeroporto de Guarulhos (SP), com 62 pessoas a bordo - 58 passageiros e quatro tripulantes. A chegada ao aeroporto na região metropolitana de São Paulo estava prevista para as 13h40. No entanto, por volta das 13h21, a aeronave perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto.

Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), foi nesse momento que o avião deixou de responder ao Controle de Aproximação de São Paulo. A aeronave caiu em uma área residencial do condomínio Recanto Florido, no bairro Capela, em Vinhedo. Vários moradores capturaram em vídeo o momento em que a aeronave rodopiava no ar antes do impacto e da fumaça da explosão. 

A Voepass diz que ainda não é possível precisar o que aconteceu com a aeronave. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão ligado à FAB, iniciou na sexta-feira uma investigação para apurar as causas da queda do avião. A Polícia Federal (PF) também vai auxiliar na apuração. 

Os investigadores já estão em posse dos gravadores de voz da cabine do avião e de dados instalados na caixa preta. Os equipamentos serão enviados em Brasília, onde serão aproveitados. Porém, ainda não há prazo definido para a conclusão das apurações.

Segundo o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, as informações e hipóteses sobre o ocorrido ainda são preliminares e poucas conclusões podem ser tiradas. Uma das poucas certezas que já se tem é que, durante o voo, não houve, por parte da tripulação da aeronave, a comunicação de que havia uma situação de emergência.

Situação da aeronave

De acordo com o diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Luís Ricardo, a aeronave estava regularizada junto ao órgão e se encontrava com suas funções normais de aeronavegabilidade. Construída em 2010, ela deu entrada no Brasil em 2022, quando foi comprada pela Voepass, e estaria de acordo com a regulamentação.

“Ela cumpre qualquer requisito de desempenho como de emergência também. [...] Essa aeronave, como qualquer outra aeronave certificada, atende aos mesmos requisitos e cumpre os mínimos de segurança do que qualquer outra aeronave dessa categoria no mundo”, reforçou o chefe da Divisão de Investigação do Cenipa, Coronel Baldin.

Possível acúmulo de gelo

Ao longo da tarde de sexta-feira, uma das hipóteses mais difundidas por alguns especialistas foi de que a queda do avião teria sido causada pelo acúmulo de gelo na superfície da aeronave, o que teria provocado, por exemplo, o desligamento dos motores. Segundo o Cenipa, ainda não é possível fazer tal afirmação, já que as informações ainda são “prematuras”. 

“Essa aeronave é certificada para voar nessas condições. Ela tem sistemas de proteção para evitar a formação de gelo na superfície. Mas também caso haja essa formação de gelo, ela tem dispositivos para eliminar. Em vários países é certificada para voar em condições severas de gelo”, disse Coronel Baldin.