A Prefeitura de Cascavel já se mobiliza para receber os corpos das 18 vítimas da queda de um avião em Vinhedo, a 83 quilômetros de São Paulo, que viviam na cidade. Em entrevista a O TEMPO neste sábado (10/8), o secretário de Saúde de Cascavel, Miroslau Bailak, afirmou que, mesmo sem previsão para a liberação dos corpos pelo Instituto Médico Legal (IML), o Município mantém contato com a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros, o Exército e a Aeronáutica para a operação.
De acordo com Bailak, a Força Aérea Brasileira (FAB) já foi acionada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para fazer o traslado caso os corpos sejam liberados conjuntamente. “Não entendemos que deverão chegar muito em breve aqui. Temos que aguardar realmente essa questão da Polícia Científica para definir e liberar os corpos destes passageiros que ali faleceram”, pondera o secretário de Saúde.
O ex-diretor do IML de São Paulo Mário Tsuchiya explicou a Bailak que a identificação de corpos carbonizados, como estão as vítimas, é mais complexa. “A grande maioria deles está nessa situação”, afirma o secretário de Saúde. “Então, (o reconhecimento) deverá ser feito através de arcadas dentárias. Precisa recolher primeiro os dados destas arcadas e, em um segundo passo, eventualmente, os exames de DNA, que nós sabemos que são demorados por si só pelo prazo do laboratório”, aponta ele.
Bailak ainda confirma que a Polícia Científica recolheu o material genético dos familiares das vítimas que eram do Paraná nessa sexta (9/8), quando eles foram levados para um hotel pela Voepass, empresa responsável pelo voo. Durante este sábado, os parentes foram levados para São Paulo em duas viagens, uma da Gol e outra da própria Voepass. Eles estão em dois hoteis na capital paulista, um no Tatuapé, Zona Leste, e outro no centro, no auditório do Instituto Oscar Freire.
Mais cedo, o diretor do Instituto Nacional de Criminalística, Carlos Palhares, projetou que os 62 corpos das vítimas devem ser retirados até o fim deste sábado. De acordo com o último balanço, 31 já foram recolhidos, sendo que 24 estão no IML de São Paulo. Cerca de 200 profissionais estão envolvidos nos esforços de busca e reconhecimento entre bombeiros, policiais rodoviários e militares e criminalistas do IML.
Entre as 18 vítimas que moravam em Cascavel, quatro são médicas. Mariana Comiran Belin e Arianne Albuquerque Estevan Risso eram residentes de oncologia clínica do Hospital do Câncer Uopeccan. Sarah Sella Langer, por sua vez, era intensivista da UTI Pediátrica do Hospital Universitário do Oeste do Paraná e membro da Câmara Técnica de Alergia e Imunologia do Conselho Regional de Medicina do Estado. Já o radiologista José Roberto Leonel Ferreira era proprietário de um centro de imagens em Cascavel.
Além dos médicos, Bailak detalha quem são as demais vítimas. “Entre essas 18 pessoas, nós temos comerciantes, industriais, um farmacêutico, pessoas que estavam viajando para visitar os seus pais. (...) E as outras pessoas da região. Como é um aeroporto regional, ele recebe passageiros das cidades de Toledo, Corbélia e Ubiratã. Tinha um casal de Ubiratã, inclusive uma senhora que pratica fisiculturismo, que estava indo para um concurso nos Estados Unidos”, lembra o secretário.
Bailak ainda desabafa e diz que todos estão consternados. “É um momento bastante difícil, já que a aviação é muito segura e não tem ocorrido acidentes de grande porte. O último foi há 17 anos atrás. Agora, vem nessa sequência com essas 62 vidas perdidas. Infelizmente acontece. É uma máquina, ela pode ter alguma falha. São inúmeras variáveis e o que nos resta agora é manter os nossos corações unidos com as famílias e dar uma atenção especial para o enterro desses corpos”, conclui ele.